Imagens da câmera de segurança do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio, mostram três homens espancando Moïse Kabagambe, 24, até a morte. O crime aconteceu na noite de 24 de janeiro enquanto o quiosque operava normalmente, com um atendente no balcão.
As imagens enviadas à imprensa pela Polícia Civil mostram ao menos 20 minutos de agressões –foram desferidas 11 pauladas enquanto a vítima estava em luta corporal com os agressores e outras 15 quando ele já estava imóvel no chão.
O vídeo revela três agressores —que batem em Moïse mesmo estando ele imobilizado e em outros momentos imóvel no chão— e ao menos uma testemunha.
O vídeo começa com Moïse —que segura uma cadeira— e um homem não identificado com um pedaço de madeira. Ambos dão voltas dentro do quiosque —ora avançando ora recuando.
Essa dinâmica se mantém por cerca de 2 minutos, quando outros três homens surgem nas imagens. A essa altura, Moïse já tirou a camisa. O que se segue é uma sessão de espancamento.
Os homens cercam e derrubam Moïse ao chão. Eles usam pedaços de madeira para bater no congolês. Um homem de camiseta vermelha prende o pescoço de Moïse com as pernas. Depois disso, outro homem e espanca Moïse com um pedaço de madeira. Ele bate ao menos quatro vezes.
O agressor que deu uma “chave de perna” no pescoço de Moïse tentando amarrá-lo, com ajuda de um outro agressor. Com uma espécie de corda, eles amarram as mãos e os pés do congolês.
Após as agressões, os homens tentam reanimar Moïse, sem sucesso. Com uma garrafa de água tirada do freezer, ele molha os pulsos e o pescoço do congolês. Moïse não reage.
‘A gente não queria tirar a vida de ninguém’
Um homem cuja identidade não foi revelada afirmou hoje ser um dos agressores do congolês. A Polícia Civil, que não confirma a versão dele, o aguarda para depoimento.
“A gente não queria tirar a vida de ninguém, nem porque ele era negro ou de outro país”, afirmou ele ao SBT Rio.
A família de Moïse diz que o que levou ao espancamento foi a cobrança pela vítima de R$ 200 no quiosque de praia —segundo os parentes, o quiosque devia essa quantia a Moïse, que trabalhou no local.
“Ninguém devia nada a ele. Foi um fato que, no impulso, a gente [agiu]. [A gente] viu ele com a cadeira na mão e foi tentar ajudar o senhor”, justificou o homem que admitiu as agressões.
A polícia diz ter identificado ao menos um dos agressores, mas não há informações se se trata do homem que admitiu envolvimento no espancamento.
A Polícia Civil, que ainda não se manifestou sobre as declarações do suspeito, não divulgou os nomes dos funcionários do quiosque envolvidos no crime. A investigação está sob sigilo.
O responsável pelo quiosque prestou depoimento à polícia na tarde de hoje. A identidade dele também não foi revelada.
A Polícia Civil informou que testemunhas foram ouvidas e que continua em busca de informações para identificar os agressores.
Fonte: UOL