O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, filiou-se nesta quarta-feira (17) ao partido Republicanos e declarou “apoio irrestrito” à reeleição de Bolsonaro.
Durante o mandato, a relação entre Mourão e Bolsonaro foi marcada por críticas do presidente ao vice (veja mais abaixo). Em junho do ano passado, Bolsonaro chegou a dizer que a escolha por Mourão em 2018 foi “a toque de caixa”. O presidente disse que ainda busca seu vice para as próximas eleições.
“Cheguei aqui como vice-presidente do presidente Jair Bolsonaro e ele sabe perfeitamente que tem toda a minha lealdade e apoio irrestrito ao seu projeto de reeleição, que considero fundamental para que continuemos a dar os passos necessários para dar rumo nas soluções para que o Brasil atinja o seu destino manifesto que é sermos a maior e mais prospera democracia liberal ao sul do Equador”, disse Mourão durante o evento de filiação nesta quarta (16).
O vice anunciou que iria disputar uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul, estado em que nasceu, em fevereiro. Antes de escolher o Republicanos, Mourão também foi convidado para se filiar ao Partido Progressista (PP) pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira — dirigente licenciado da agremiação.
O Republicanos é um dos partidos do chamado “Centrão”, agrupamento de deputados que dá apoio ao governo Bolsonaro na Câmara.
Com a filiação, Mourão não deve compor a chapa de Bolsonaro nas eleições de outubro. Está é a primeira vez que um vice-presidente não disputará a reeleição na chapa do presidente da República. Mourão se elegeu vice-presidente pelo PRTB na chapa com Bolsonaro, ele permaneceu na sigla até a escolha pelo Republicanos.
Presidente da República, Jair Bolsonaro, e o Vice-Presidente, Hamilton Mourão — Foto: Marcos Corrêa/PR
Mourão e Bolsonaro
A relação entre Bolsonaro e Mourão é marcada por críticas do presidente ao vice. Em julho do ano passado, Bolsonaro chegou a dizer que Mourão “por vezes atrapalha”, mas que ele tinha “que aturar”. Por outro lado, o presidente confiou ao vice o comando do Conselho Nacional da Amazônia.
Em fevereiro, Bolsonaro desautorizou Mourão por declarações a respeito da invasão da Ucrânia pela Rússia. Na ocasião, o vice disse que o Brasil não era neutro no conflito e que não concordava com a invasão do território ucraniano. Bolsonaro disse que não era competência do vice falar sobre esse assunto.
O presidente ainda não definiu quem será o seu vice na campanha de reeleição. Um dos nomes cotados é o do atual ministro da Defesa, o também general Walter Braga Netto. Há uma articulação para que o presidente opte por um nome político.
Em novembro de 2021, após dois anos sem partido, Jair Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). Desde então, o presidente tem levado seus aliados para a sigla comandada por Valdemar Costa Neto. Antes de migrar para o PL, Bolsonaro foi convidado por outras legendas do centrão, caso do PP e do Republicanos.
Em fevereiro, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), disse que Bolsonaro “só atrapalhou” as articulações da sigla por novos filiados na chamada “janela partidária” — período, que vai de 3 de março a 1º de abril, no qual a Justiça Eleitoral autoriza a troca de siglas sem que os parlamentares percam o mandato.
“[A gente] está trabalhando bem a vinda de novos parlamentares, vai ser bom. A gente vai sair um pouco maior do que é, sem a ajuda do presidente, pelo menos por enquanto. Até agora, ele só atrapalhou”, disse Marcos Pereira na ocasião.
No entanto, apesar da declaração, este mês, o presidente do Republicanos foi convidado e compareceu a um evento realizado por Bolsonaro com lideranças evangélicas.
Em discurso, Pereira disse que “duas bandeiras” uniam os presentes no evento: a bandeira “do Senhor” e a bandeira do “Brasil”, mas não falou sobre as reclamações que fez da atuação do presidente na janela partidária.
Fonte: G1