Só sairemos mais fortes se conseguirmos dar uma resposta a nós mesmos e às vítimas da pandemia, dos abusos e da barbárie, escreve Kakay.
“Sem medo de ser feliz!” –Música da 1ª campanha de Lula.
Correndo o risco de perder meus 3 leitores fiéis, vou contar, pela 3ª vez, a história dos mendigos bêbados da minha Patos de Minas. Quando li nos jornais a notícia a respeito da busca e apreensão em endereços de Carlos Bolsonaro e a informação do TRE do Paraná sobre o julgamento de Moro, inicialmente marcado para 8 de fevereiro, foi impossível não me lembrar daquele episódio.
A cassação do mandato do Deltan foi uma 1ª resposta. Agora, o mandato do senador Moro está por um fio. Por ironia do destino, ele deverá ser cassado na linha da jurisprudência que cassou a senadora do Mato Grosso que se intitulava o “Moro de saia”. Os 2 estão nus em face dos abusos que cometeram. Hoje, o que interessa além de fazer justiça aos que corromperam o sistema de Justiça? É a possibilidade de investigação real contra a família de ultradireita que comandou o país. O Brasil precisa enfrentar seus fantasmas. Nós somos as nossas sombras. Não é mais possível viver com nossos assombros, sustos e medos.
Ou fazemos um embate simples e direto ou não avançaremos. Ou o Brasil confronta de vez esse fantasma que nos assola, ou ficaremos reféns permanentes desses ridículos donos de um quadro macabro. Ao que tudo indica, o cenário na área penal para a família Bolsonaro é grave. Será preciso fazer, sem revanchismo, uma análise independente de tudo o que se deu na pandemia. Mais de 700 mil mortos ainda vagam à procura de justiça. O país está maduro e o enfrentamento da tentativa de golpe nos deu um rumo e uma esperança na democracia. Só sairemos mais fortes se conseguirmos dar uma resposta a nós mesmos e às vítimas da pandemia, dos abusos e da barbárie. Merecemos isso. Sem perseguição e respeitando os direitos e garantias constitucionais. Mas sem medo. E sem, mais uma vez, jogar nossos fantasmas para um fosso que sempre nos impede do necessário encontro do país a que fazemos jus. Depende de nós.
“Sou água que corre entre pedras – liberdade caça jeito.” –Manoel de Barros.
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