Maior campeão estadual do país, o ABC incluiu mais uma taça do Campeonato Potiguar na coleção. Nesta segunda-feira (7), o Alvinegro segurou o empate por 1 a 1 com o arquirrival América, no Frasqueirão, em Natal, e chegou ao 56º título da competição. A conquista veio de forma invicta, com 13 vitórias e três empates em 16 jogos.
Por ter a melhor campanha, o ABC foi a campo com a vantagem da igualdade após os 90 minutos. O resultado garantiu o título da Copa Rio Grande do Norte, que é o segundo turno do Estadual. Como também foi campeão do primeiro turno (Copa Cidade de Natal), contra o mesmo América, o Alvinegro assegurou a taça potiguar sem a necessidade de uma finalíssima.
Na partida que marcou a estreia do técnico Paulinho Kobayashi pelo Mecão, o Alvirrubro dominou o primeiro tempo e chegou ao gol aos 35 minutos, após um pênalti cometido no meia Rondinelly pelo zagueiro Vinícius Paulista. O atacante Zé Eduardo bateu no canto direito, com força, para abrir o placar.
O ABC voltou para o intervalo mais ligado e chegou o empate aos 10 minutos, com Paulo Sérgio. O atacante cobrou falta com precisão, fazendo a bola cair no canto esquerdo do goleiro Ewerton.
Precisando recuperar a vantagem, o América manteve o ímpeto ofensivo. A oportunidade do empate, porém, veio novamente em uma penalidade. Aos 42 minutos, o zagueiro Alisson Brand desviou de cabeça e a bola pegou no braço de Paulo Sérgio. O meia Romarinho, porém, mandou para fora a bola e as chances americanas de levar o segundo turno do Estadual.
Wallyson de saída?
Após o apito final e um princípio de confusão entre jogadores das duas equipes, o elenco do ABC e o técnico Francisco Diá abraçaram Wallyson, que entrou em campo nos acréscimos da etapa final. Foi o primeiro jogo dele após se recuperar de uma lesão na tíbia que o afastou dos gramados por sete meses. Revelado pelo Alvinegro, onde vive a terceira passagem, o atacante anunciou, no gramado, que pode estar de saída. O vínculo com o clube de Natal termina na quinta-feira (10).
Artilheiro da Libertadores de 2007 pelo Cruzeiro, Wallyson rendeu cerca de R$ 1 milhão aos cofres do ABC em 2008, quando foi vendido ao Athletico-PR. Do montante, R$ 600 mil foram utilizados para construção de um dos módulos de arquibancada do Frasqueirão, que recebeu o nome do atacante.
Ipanguaçu, no semiárido nordestino, é uma dessas cidades em que os sepultamentos são anunciados com carro de som na principal via da cidade, dando o nome da pessoa que morreu, o apelido carinhoso com que era conhecido e o horário exato em que o corpo será enterrado no cemitério municipal.
Na simpática cidade da região do Vale do Assú, no Rio Grande do Norte, sob sol escaldante e temperatura acima de 35 graus (destoando totalmente do momento atual no restante do país), muitos agricultores vão para o centrinho vender sua produção. É o caso de Gideão Bezerra, que vende coentro. “Aqui é agricultura familiar. Lá na propriedade de meu pai se produz coentro, feijão, milho e manga”.
Mesmo assim, Gideão não esconde que os grãos, frutas e hortaliças são apenas um complemento. Neste momento, o que está trazendo recursos para a família é o auxílio emergencial do governo. “Muita gente daqui tirou, inclusive eu, minha mulher, minha mãe. Foi muito bom”, afirma.
Ipanguaçu receberá hoje (21) a visita do presidente Jair Bolsonaro. A cidade tem 15.464 habitantes, sendo que 5.631 recebem o auxílio emergencial – ou seja, 40% da população. Só neste pequeno município, o governo federal já injetou R$ 10,84 milhões em auxílio, ajudando a economia local. “Ajuda muito, as pessoas precisam. Foi abençoado”, diz a auxiliar de serviços gerais Damiana Oliveira, que trabalha no Mercado Municipal.
Andando pela Avenida Luiz Gonzaga, a principal da cidade, percebe-se que ninguém mais usa máscaras contra a covid-19. Na última terça-feira (18), a prefeitura liberou os números da doença em Ipanguaçu. Desde março, foram 280 casos, com 12 óbitos. Entre as pessoas que se contaminaram estava a comerciante Ana Lúcia Arruda, mas seu relato só ajuda a aumentar ainda mais o descrédito do potiguar com o vírus. “Eu fui vítima da covid. Eles fizeram o teste e o meu deu positivo, mas não senti nada. Meu esposo teve só uma dor de garganta. Eu fiquei isolada e meu filho veio trabalhar no meu lugar.
Ana Lúcia Arruda comerciante em Ipanguaçu – Gilmar Vaz/TV Brasil
Ainda assim, as 2.200 crianças matriculadas nas 11 escolas da rede municipal de ensino estão sem aulas há cinco meses. A alimentação, porém, é garantida com a doação de kits de frutas da agricultura familiar. “Fazemos essa entrega de kits, com mamão, banana, melão, macaxeira. Os professores mandam atividades impressas para eles e nós mandamos os kits para prestar assistência”, explicou a coordenadora administrativa da Secretaria Municipal de Educação, Odailma Siqueira.
Conhecida com a Capital Nacional da Banana, a produção de frutas é o carro-forte de Ipanguaçu. No entanto, muitas famílias do semiárido convivem com a falta de água para manter suas roças e os animais. Uma notícia, porém, vem chamando a atenção dos moradores: o projeto que fizeram de um poço profundo. “Eu vi nas redes sociais, conta “Galego”, conhecido vendedor de frangos da Avenida Luiz Gonzaga.
Na área rural do município, depois de passar pelas comunidades de Capivara e Língua da Vaca, a pequena Comunidade de Angélica, com 231 habitantes, viu um poço ser perfurado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Com 143 metros de profundidade, ele atinge o lençol freático e consegue dar vazão de 30 a 40 mil litros de água por hora. Isso é 30 vezes mais do que a população da localidade precisa.
“Primeiro fizemos a limpeza do poço, depois fizemos a análise da qualidade da água, se é para uso doméstico, para os animais ou se é potável. Fizemos cinco poços nesta cidade. Esse foi o que teve melhor vazão”, diz o coordenador regional do Dnocs, José Eduardo Vanderlei.
Há várias cisternas nas comunidades rurais. De 15 em 15 dias, um carro-pipa vem enchê-las. Fora isso, só a água da chuva, mas no semiárido as águas pluviais não são tão frequentes assim.
“O poço que existia estava desmantelado, aí era só carro-pipa. Agora não! Vão instalar o encanamento. Temos que agradecer a Deus por ter chegado esse poço. É o que a gente queria muito”, conta o agricultor Francisco de Castro, que planta feijão, melancia e jerimum, e tem oito crianças em casa.
Sua vizinha, Joana Darc, está confiante. Ela cria ovelhas, cabras e, “às vezes, cria galinha também”. Sua preocupação era com os animais. “Seis meses sem água! Os bichos querendo água e não tinha”, lembra.
Feira em Ipanguaçu – Gilmar Vaz/TV Brasil
Feliz porque “vai acabar o sufoco” com o poço perfurado bem em frente à sua casa de pau-a-pique, dona Joana também conseguiu o auxílio emergencial do governo federal. “Ajudou muito. Resolveu muita coisa”, afirmou.
Nesta sexta-feira (21), o poço vai jorrar pela primeira vez. Pergunto se posso beber um copo d´água na casa de adobe. “Amanhã tem água, tem almoço, o que você precisar”, prometeu a esperançosa Joana.
No semiárido nordestino, longe da correria das grandes capitais, ter direito ao auxílio emergencial e acesso à água já são motivos suficientes para que o ano de 2020 – marcado pela pandemia do novo coronavírus – seja um dos melhores dos últimos tempos.