O Governo Federal apresentou, na última sexta-feira (19), reajuste de 12,8% para docentes e servidores técnicos-administrativos da Educação. O valor será pago, conforme a proposição, com reajuste de 9% a partir de janeiro de 2025 e de 3,86% em maio de 2026. Para este ano, contudo, não foi apresentada nenhuma concessão. A categoria deve discutir a nova proposta do governo nesta quarta-feira (24). No Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) uma assembleia deverá ser marcada nesta semana para avaliações.
A TRIBUNA DO NORTE esteve no Campus Central da UFRN, no bairro de Lagoa Nova, na manhã desta segunda-feira. No local, somente alguns poucos alunos puderam ser vistos. As amigas e alunas do curso de Direito, Layse Pereira, de 28 anos, e Giovanna Costa, de 21, estavam entre as que foram à universidade assistir aula. “Estou pagando sete matérias e apenas um dos professores aderiu à greve. Acho que a categoria tem pautas muito válidas, mas a mobilização prejudica um pouco. Estou para me formar e, embora justificável, isso gera um atraso no calendário. Estou apreensiva, mas compreendo o movimento”, disse.
Giovanna, que está em situação semelhante, pontua que torce por um desdobramento da situação o quanto antes. “Também estou para me formar, pagando cinco matérias e somente um professor aderiu à greve. Eu entendo o movimento. A apreensão fica porque a gente quer concluir o curso, mas a greve é um direito deles e não há como culpabilizá-los. A gente só torce para que as reivindicações sejam atendidas rapidamente e que tudo possa voltar ao normal o quanto antes”, sublinha.
A estudante Letícia Correia, membro da União Estadual dos Estudantes, participa de uma iniciativa chamada Movimento Juntos, que tem como objetivo pedir a suspensão do calendário acadêmico na UFRN. “O movimento começou no final de semana um abaixo-assinado pela paralisação do calendário universitário e já está com 700 assinaturas. A gente compreende que a adesão ou não à greve é um direito do docente, mas, nos departamentos nós observamos que, em algumas situações, somente dois professores irão continuar dando aulas ao longo da semana”, indica.
“Para muitos estudantes que vêm do interior, isso é complicado porque, pela baixa demanda dos ônibus que as prefeituras disponibilizam, inclusive, há muita dificuldade de acesso à universidade. No final das contas, o professor que está furando a greve acha que está ajudando, mas na verdade está prejudicando, porque cria uma situação de desigualdade. A gente espera, então, uma mobilização, com cerca de 2 mil assinaturas”, completa a estudante.
Procurada, a UFRN manteve a informação anteriormente divulgada de que fará a discussão sobre possíveis alterações no calendário universitário após a finalização da greve, quando os Colegiados Superiores da instituição decidirão sobre o tema. A instituição não informou quantos professores aderiram ao movimento. Atualmente, 52,7 mil alunos estão matriculados na Universidade, em cursos de graduação, pós e ensino técnico.
O Sindicato dos Docentes da UFRN (ADURN-Sindicato) também não divulgou a quantidade de adesões. No IFRN, a proposta anunciada recentemente não agradou aos servidores. “Recebemos a mesma proposição para professores e técnicos-administrativos, mas a defasagem das duas categorias é diferente – a do professores é menor (de 23% e dos técnicos, de 34%)”, afirmou o diretor de Comunicação do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Geraldo Peregrino.
“Outra questão é que a gente pede um percentual já em 2024 e o governo se nega a fazer isso”, complementou Peregrino. No Instituto, a greve começou no último dia 3, com a suspensão gradativa do calendário de aulas tendo iniciado no dia 8 em 10 dos 22 campi do Estado. No dia 15, todas as unidades haviam aderido à suspensão.
Tribuna do Norte