Os servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RN) iniciaram uma greve em busca de reajuste salarial e realização de um concurso público. A paralisação teve início nesta quarta-feira (22) e está programada para se estender até esta sexta-feira (24), impactando cerca de 2 mil usuários em todo o estado. O atendimento nas diversas unidades do órgão segue estabelecido apenas aos usuários que tenham agendamento de serviços.
O coordenador de comunicação do SINAI, Alexandre Guedes Fernandes, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, destacou que o movimento grevista cobra do Governo do Estado o cumprimento da data-base e reajuste, mas que, de acordo com o sindicalista, não vem sendo cumprida no Rio Grande do Norte. Segundo Alexandre Guedes Fernandes, até o momento, o Governo do estado, não havia apresentado proposta para encerramento da greve. Para pressionar o Governo, a manhã desta quarta-feira (22), os servidores do Detran, em ato coletivo, com os trabalhadores da Emater, Emparn, Fundase, Ceasa e a Fundação José Augusto, realizaram um protesto em frente à Governadoria, no bairro de Lagoa Nova, em Natal.
“Parte das nossas reivindicações não é para conquistar novos direitos, mas sim, para que se cumpra o que já foi conquistado e que a governadora está descumprindo, coisa que ela não fez com outras categorias mais abastadas, nas quais houve reajuste dos procuradores, defensores públicos, auditores, desembargadores, deputados e dos professores”, ressaltou.
Segundo o coordenador, o último concurso público para compor o quadro de servidores do Detran foi realizado em 2010, há 13 anos. Ele aponta que metade dos profissionais já estão aptos a se aposentarem, caso queiram. Segundo o SINAI, com exceção do Detran-RN, os demais órgãos realizaram uma parada de 24 horas, em busca de melhores salários e condições de trabalho.
“Os serviços do Detran, ofertados aos usuários, já são afetados diariamente, independente de greve, à medida que não se tem um concurso público, não se coloca mais funcionários, que não se dá condições de trabalho, onde o servidor do Detran, por exemplo, precisa comprar o material de expediente para poder trabalhar”.
De acordo com o Detran-RN, os serviços presenciais agendados estão sendo mantidos mediante ajustes operacionais. A habilitação de condutores, abrangendo provas prática e teórica, encontra-se em funcionamento, assim como as clínicas médicas e psicológicas credenciadas para habilitação.
O processo de apreensão e liberação de veículos opera regularmente e a manutenção semafórica funciona de maneira reduzida. A vistoria veicular está sendo realizada com capacidade reduzida, e a auditoria, assim como a abertura de processos, opera com equipes em número menor.
Sem saber do movimento gre-vista, o autônomo João Maria Jerônimo, 42 anos, dirigiu-se ao Detran-RN para realizar a prova prática de direção. Ele depende do seu veículo para exercer seu trabalho de conserto de panelas de pressão nas ruas de Natal.
Embora tenha completado todas as etapas necessárias, incluindo as aulas na autoescola e o pagamento da taxa de R$ 180, há duas semanas ele vem persistido em agendar a prova, mas sem sucesso.
“Trabalho reparando panelas de pressão nas ruas, e é crucial ter meu carro para exercer minha atividade, pois circular sem habilitação resultaria na apreensão do veículo. Investi na autoescola, participei das aulas e paguei a taxa para realizar o teste de direção. Há duas semanas, tenho tentado agendar a prova com o Detran, sem sucesso. Chego aqui e não consigo fazer. Eu não paguei? Por que eles não me deixam fazer a prova? Será se vou ter que pagar outras aulas para poder recapitular o que aprendi? Isso é um absurdo”, desabafou.
Outro afetado pela paralisação é o professor Helisson Ribeiro, 35 anos, que também esteve na sede do Detran-RN na tentativa de liberar um carro que havia sido apreendido. Apesar de seus esforços, ele enfrenta dificuldades para conseguir atendimento e retirada do veículo do pátio.
“Eu não consegui fazer o agendamento. Quando você entra no sistema, (devido a greve), só tem data daqui a muitos dias, infelizmente, eu não consiga retirar o carro. Já faz uma semana que tento agendar. Enquanto isso, estamos precisando da locomoção, mas o carro está apreendido, mesmo com os documentos tendo sido dado baixa”, lamentou.
Tribuna do Norte