Legislação do país é limitada para combater fake news, apontam pesquisadores

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) promove o Seminário Internacional Fake News e Eleições.

As notícias falsas (também conhecidas pelo termo popularizado em inglês fake news) são um problema com riscos de manipulação dos processos eleitorais. Mas a legislação brasileira tem limites e é desatualizada em alguns pontos para lidar com este fenômeno. A análise foi feita hoje (17) por pesquisadores que participam do Seminário Internacional Fake News e Eleições, promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

O presidente do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral (IBRADE), Henrique Neves, lembrou que a legislação eleitoral já trata do tema “de alguma maneira” desde a década de 1950. O Código Eleitoral, aprovado em 1965 e ainda vigente, estabeleceu como crime eleitoral divulgar a propaganda de fatos sabidamente inverídicos “capazes de exercer influência sobre o eleitorado – Artigo 323)”.

Neves avaliou que o texto pressupõe conhecimento de uma mensagem pelo autor, e que isso só seria caracterizado crime quando houvesse “malícia real”.  “A questão é definir exatamente o que é fato falso e o que é opinião falsa. Porque opinião existe, é de cada um”, afirmou. A minirreforma eleitoral de 2017 trouxe novas possibilidades, como o impulsionamento de conteúdo, mas o advogado considera que a propaganda deve ser separada do debate entre os eleitores.

O coordenador do curso de direito eletrônico da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro Walter Capanema citou, como exemplo de limite na legislação, a forma de remoção de conteúdos sabidamente falsos durante as eleições. Candidatos que se sentem atingidos podem solicitar a retirada de uma publicação ou propaganda online, mas devem indicar o endereço eletrônico (a URL).

“Nem todos os conteúdos estão disponíveis em formato de URL. Redes sociais e vídeos de Youtube, por exemplo, estão. O que não abrange os aplicativos. Imagina se alguém vai criar um aplicativo para difundir fake news.”

Territorialidade e competência

O consultor de marketing digital e político Marcelo Vitorino também apontou lacunas na legislação. “Quando é cometido crime no ambiente virtual, em que território vai ser julgado? No local do efeito ou da origem? Sem isso não consegue defender a competência do crime. E quem vai julgar isso? Isso seria importante ser positivadas a competência e a territorialidade”, disse. Segundo Vitorino, dois pontos centrais para combater a disseminação de notícias falsas seriam a definição de territorialidade e competência

Vitorino também indicou como importante o fortalecimento da fiscalização da Justiça Eleitoral. Ele sugeriu que a instituição crie estruturas em cada Tribunal Regional Eleitoral, voltadas aos ilícitos relacionados à internet. O consultor recomendou que as empresas de disparo de Whatsapp e da Big Data (coleta e processamento massivos de dados) sejam homologadas pelo TSE, bem como as empresas de financiamento coletivo (crowdfunding).

Soluções fragmentadas

O professor de direito eleitoral do Colégio Mackenzie Diogo Rais avaliou que é difícil vislumbrar uma solução unificada e pronta, ou uma “bala de prata” contra o problema. Na sua opinião, se o fenômeno é fragmentado, as soluções também devem ser.

“Acredito que a solução para este desafio não virá de uma vez só. Se fake news são fragmentadas, por que a solução deveria ser centralizada e num órgão só? Seria possível diversas ações, o Tribunal agir quando provocado, fortalecer a comunicação com os eleitores, um pouquinho de cada vez”, defendeu.

A professora de direito eleitoral do UniCEUB (Centro Universitário de Brasília) Aline Osório disse que não é possível erradicar as notícias falsas. “Imaginem se algum órgão algum dia terá possibilidade de fiscalizar tudo o que é dito. Isso não é possível. É preciso ter uma atuação nos casos mais graves. E ter cuidado de na ânsia de combater as fake news não cometer disparidades na disputa eleitoral”, afirmou. (ABr)

Nos últimos dez anos, o número de magistradas em atividade cresceu apenas 1,2%

 

Nos últimos 10 anos, o número de magistradas em atividade cresceu apenas 1,2%. Atualmente elas representam 38,8% da magistratura brasileira, enquanto que em 2009 eram 37,6%, mostram dados de um levantamento divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Apesar do leve aumento geral, no caso dos tribunais superiores, cujos cargos dependem de uma nomeação com critérios menos objetivos para serem ocupados, o número de mulheres caiu de 23,6% para 19,6%, segundo o Diagnóstico da Participação Feminina no Poder Judiciário.

Os números contrastam com o crescimento expressivo do número de servidoras que trabalham nos tribunais de todo o país, que representam hoje 56,6% da força de trabalho.

Por ramo, a Justiça do Trabalho é a que mais tem magistradas, com 50,5% do total, seguida pela Justiça Estadual (37,4%). A menor participação feminina na magistratura se dá na Justiça Militar estadual (3,7%).

“De forma geral, é possível notar que o percentual de participação feminina na magistratura ainda é baixa”, concluiu o estudo do CNJ. Apesar da participação feminina ter aumentado em relação a 1988, quando eram 24,6% dos magistrados, o levantamento mostra que nos últimos dez anos houve uma estabilização. (ABr)

Governo federal arrecada R$ 1,2 milhão com venda de carros usados

O Ministério da Economia arrecadou R$ 1,215 milhão com a venda de 86 carros usados. O montante é 49% superior à avaliação dos veículos estimada em R$ 816 mil. O leilão de venda foi realizado nesta quinta-feira (16) e ocorreu simultaneamente, de forma presencial e eletrônica.

É o segundo leilão de veículos feito após a implantação do TáxiGov. No primeiro, em outubro de 2018, foram vendidos 35 veículos, dos 47 ofertados, e arrecadados R$ 568 mil.

Os carros colocados à venda eram utilizados pelo Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e pelos extintos Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e Ministério da Integração Nacional. Foram leiloados, também, veículos da Advocacia Geral da União (AGU) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Além da receita arrecadada, segundo o Ministério da Economia, o leilão também possibilita a redução de despesas com manutenção dos carros e compra de combustível, limpeza e manutenção de garagem.

A venda foi decorrente da implantação do sistema de TáxiGov, que começou a ser implantado em março de 2017 em todos os órgãos da administração federal direta em Brasília. O serviço, que substitui o uso de carros oficiais, diminuiu em 61% os gastos do governo com transporte. (ABr)

Ministro pede abertura de capital estrangeiro para companhias aéreas

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, voltou a destacar a importância de aprovar, no Senado, a matéria que prevê abertura de capital das companhias aéreas para investidores de outros países. “Sabemos que a competitividade entre as empresas é o que vai realmente trazer a redução de preço nas tarifas aéreas brasileiras”, afirmou durante a abertura do 1º Fórum Internacional de Investimentos em Turismo, em Foz do Iguaçu.

A matéria faz parte de um projeto de lei que reformula dispositivos da Política Nacional do Turismo (PL 2724/15) e tramita agora no Senado junto com a Medida Provisória 863/18, que trata apenas da abertura das companhias aéreas para o capital estrangeiro.

Segundo o ministro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), assumiu o compromisso de dar encaminhamento às matérias o mais breve possível.

De acordo com Marcelo Álvaro, o principal objetivo da pasta é a melhoria do ambiente de negócios, com a desburocratização e a modernização da regulamentação do turismo no Brasil. Segundo ele, esse é o caminho que pode elevar o turismo brasileiro a um patamar nunca visto antes.

O mercado de turismo injetou US$ 163 bilhões na economia brasileira, em 2017, o equivalente a 7,9% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) no mesmo ano, quando a Polícia Federal registrou a entrada de 6,6 milhões de turistas estrangeiros. Foi o recorde já registrado no país.

As atuais projeções do Ministério do Turismo indicam que, em 2018, esse recorde será superado com o registro de 6,8 milhões de turistas estrangeiros em visita ao Brasil. A meta anunciada pelo ministro é de praticamente dobrar o número de visitas estrangeiras ao Brasil e atingir o número de 12 milhões de acessos ao país até 2022.

O 1º Fórum Brasileiro de Investimentos no Turismo começou nesta quarta-feira (15), em Foz do Iguaçu, onde estão reunidos empresários, investidores, financiadores e gestores públicos para debater diretrizes, planos e estratégias do setor. O principal objetivo do encontro, que ocorre até sexta-feira (17), é definir ações que permitam potencializar o turismo como ferramenta para o desenvolvimento do país.

(Ebc)

Campanha tenta resgatar turismo de Brumadinho

Começa a ser veiculada hoje (16) em Rádios, TVs e mídias impressa e digital, a campanha Abrace Brumadinho. A iniciativa tem por objetivo trazer de volta à cidade, localizada a 57 quilômetros de Belo Horizonte, o turismo que sempre foi característico da região.

Desde o rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, o fluxo de turistas que visitam a região diminuiu significativamente, prejudicando diversos empreendimentos e a economia local. Brumadinho sempre foi destino de turistas interessados no ecoturismo, na culinária e em conhecer o Instituto Inhotim – o maior museu ao ar livre da América Latina.

A campanha Abrace Brumadinho – uma iniciativa da Associação de Turismo de Brumadinho e Região que tem o propósito de mostrar que apesar da tragédia a cidade continua viva e de braços abertos, apesar do luto – será veiculada em todo o país: em Minas Gerais, por meio da TV aberta, e em rede nacional pelos canais fechados.

Segundo a prefeitura da cidade, a campanha abrangerá também portais, revistas e jornais de São Paulo, Rio e Minas, bem como a mídia impressa das companhias aéreas (Gol, Latam e Azul).

O rompimento de barragem na Mina do Feijão ocorreu em 25 de janeiro deste ano. Além de ter resultado na morte de funcionários da mineradora e moradores da cidade, o rompimento da barragem acabou por contaminar o Rio Paraopeba, que passou a apresentar nível de cobre 600 vezes maior do que o normal, conforme apurou a Fundação SOS Mata Atlântica. O rio era responsável por 43% do abastecimento público da região metropolitana de Belo Horizonte.

Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, o número de mortes confirmadas na tragédia de Brumadinho chega a 237. Ainda há 33 desaparecidos.

(Ebc)

MPF entra com ação para suspender decreto das armas de Bolsonaro

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça pedindo que o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) que flexibiliza as regras para a compra e o porte de armas no Brasil seja suspenso até que a Justiça possa julgar o mérito do processo. Na avaliação dos procuradores, o aumento na comercialização de armas no Brasil poderá ter efeitos “irreversíveis”.

O decreto que flexibiliza as regras para compra e porte de armas foi assinado por Bolsonaro no dia 7 de maio. O texto amplia a quantidade de categorias que podem ter acesso a armas e permite, por exemplo, que menores de idade não precisem mais de autorização judicial para praticar tiro esportivo.

Desde o seu anúncio, o decreto vem sendo alvo de críticas de diversos setores e de questionamentos jurídicos. Os partidos Rede Sustentabilidade e PSOL moveram ações no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade do decreto. Eles argumentam que as alterações previstas no decreto só poderiam ter sido feitas pelo Poder Legislativo.

Agora, os procuradores da Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) moveram uma ação junto à 17ª Vara da Justiça Federal. Na ação, os procuradores criticam os efeitos do aumento na comercialização de armas no Brasil.

“De fato, por se tratar a arma de fogo de bem durável, o aumento da comercialização de armas em decorrência do novo decreto impactará desde já por décadas no número de armas em circulação no País e repercutirá na segurança pública do País”, afirma o texto.

Os procuradores mencionam um estudo produzido pelo Instituto Sou da Paz que indica que a maioria das armas apreendidas com criminosos no Brasil haviam sido produzidas antes da entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento, em 2003.

O temor dos procuradores é que o decreto acabe por aumentar a quantidade de armas nas mãos de criminosos. Segundo o MPF, “muitas daquelas armas vendidas no Brasil antes do Estatuto do Desarmamento, portanto, municiam agentes do crime até hoje”.

A ação movida pelo MPF aponta que o próprio governo federal já deu indicações de que o decreto das armas poderia ser inconstitucional. O texto cita reportagem publicada pelo UOL na segunda-feira (13) na qual o chefe de assuntos legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Vladimir Passos de Freitas, disse que haveria a possibilidade de o decreto conter alguma inconstitucionalidade.

Na semana passada, a reportagem do UOL revelou que o presidente Bolsonaro anunciou que assinaria o decreto dois dias antes de o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) ter dado pareceres técnicos que avalizavam a proposta.

Hoje, o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro disse não acreditar que o aumento da quantidade de armas em circulação no país possa elevar as taxas de violência. “Acho que não é possível estabelecer uma correlação tão clara entre uma coisa e outra”, afirmou. (FolhaPress)

Para justificar cortes na educação, Onyx desqualifica pesquisadores brasileiros

Ao deixar a Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (15), o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) afirmou que a produção científica no Brasil ainda é básica e que as pesquisas “não estão conectadas com novas tecnologias”.

A fala foi feita depois de Onyx deixar seus compromissos no Palácio do Planalto por quase duas horas para acompanhar a apresentação de Abraham Weintraub (ministro da Educação) aos deputados. Ele foi convocado pela Casa a prestar esclarecimentos sobre o bloqueio de 30% de verbas para Educação.

O chefe da Casa Civil voltou a defender a diminuição dos recursos argumentando que trata-se de um contingenciamento e que o governo está sendo responsável fiscalmente. Ao criticar a produção científica brasileira, ele comparou o país à Irlanda.

“Em 2001, na Trinity College, na Irlanda, foi perguntado para o reitor daquela universidade —que tem 500 anos, não tem nenhuma brasileira que tem 500 anos— se eles faziam pesquisa básica, sabe qual foi a resposta do reitor em 2001 para quem perguntou? ‘Nós não perdemos tempo, está tudo disponível na internet”, disse.

Ainda na comparação com o país Europeu, que tem população 43 vezes menor que o Brasil, Onyx disse que há três décadas a Irlanda era um país em que o melhor lugar para um jovem era o porto ou o aeroporto.

Ao mesmo tempo em que defendeu o corte no MEC — que congelou bolsas e pesquisas— Onyx afirmou que, por meio de pesquisas, a Irlanda saiu de um país sem esperança para um destaque na produção de softwares na Europa.

“A Irlanda atende quase 20% de todo o software europeu. A Irlanda é um pais desse tamanhozinho, a Irlanda é um pais que durante três décadas o melhor lugar para um jovem estar era no porto ou num aeroporto, como é parecido com o nosso país. Nós queremos fazer do Brasil um país com capacidade, com vida, esperança e capacidade de esperança para o jovem, esse é nosso desafio”, disse.

Assim como fez Weintraub, Onyx culpou governos anteriores pelo contingenciamento de recursos.
“O governo que nós recebemos, que nos herdamos do PT, do MDB e de outros partidos, é um estado que não serve à sociedade. Então não é possível em cinco meses apenas um governo poder mudar tudo isso. Nós temos 30 anos do cachimbo usado do lado errado, é difícil fazer as correções”, afirmou.

Questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro, nos EUA, que chamou de “idiotas úteis” os manifestantes contrários aos cortes na Educação, Onyx não quis responder.

Ele também não respondeu ao ser indagado sobre se o governo vai manter diálogo com quem está nas ruas. “Eu não comento sobre isso ai”, disse, deixando o Congresso. (FolhaPress)