O enforcamento do ministro Alexandre de Moraes e o 8 de janeiro. Por Kakay

Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Carlos Moura/SCO/STF

“É preciso que haja algum respeito, ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a machadadas.” – Torquato Neto, poema do Aviso Final

Muito impactante a entrevista do ministro Alexandre de Moraes dizendo que teve informação de que os golpistas tinham como uma das opções, após o 8 de janeiro, enforcá-lo na Praça dos Três Poderes. Por mais que imaginássemos a possibilidade da extrema violência, representada pela destruição do Plenário da Suprema Corte, é constrangedor e inquietante ouvir a sua fala sobre uma hipótese tão bárbara. E ele tem, é evidente, conhecimento do que realmente ocorreu.

Há pouco tempo, fui procurado por um cidadão, ex-sócio da família Bolsonaro, que disse ter participado de algumas reuniões nas quais os bolsonaristas, chefes da milícia, discutiam quem iriam matar quando consolidassem o poder fascista. Segundo me garantiu essa pessoa, eu também seria morto e com requintes de crueldade.

É importante uma reflexão da sociedade como um todo acerca da importância dos inquéritos e processos sobre o 8 de janeiro. Muitos ainda insistem em considerar que a reação do Judiciário foi excessiva. Vale ressaltar que a ocupação das sedes dos Poderes era, sem dúvida, a preparação para o golpe que se anunciava cruel.

O ministro Toffoli foi visionário quando teve coragem de instaurar as investigações contra as fake news e determinou a distribuição para a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Estou em Paris, porém pretendo voltar para estar em Brasília no dia 8 de janeiro, o dia da infâmia, mas também da libertação. Resistimos e vencemos. A Democracia ganhou. É bom que ocupemos todos os espaços democráticos contra a barbárie. E vamos acompanhar os processos. Não é correto responsabilizar e punir somente quem fez a linha de frente. Quem planejou nossa morte, tramou contra a Democracia e ultrajou a Constituição tem que ser responsabilizado.

Recorro-me, novamente, ao mestre Torquato Neto, no poema Marginália II:

Eu, brasileiro, confesso

Minha culpa meu pecado

Meu sonho desesperado

Meu bem guardado segredo

Minha aflição

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