Reforma trabalhista e vínculos mais frágeis dos mais jovens com o mercado podem explicar situação.
O número de trabalhadores com carteira assinada bateu recorde em 2023, mesmo assim, a parcela dos sindicalizados entre o total de ocupados caiu em relação a 2022, quando eram 9,2%.
Na administração pública, a parcela de sindicalizados saiu de 24,5% em 2012 para 15,8% em 2022 e só 14,4% no ano passado.
O IBGE chamou a atenção ainda para a queda mais acentuada da sindicalização entre os jovens. Na faixa etária de 18 a 24 anos, a população ocupada recuou 8,7% no Brasil — refletindo tanto efeitos demográficos, como o envelhecimento dos brasileiros, como o avanço do ensino, que leva os jovens a ingressarem mais tarde no mercado de trabalho. No mesmo período, o número de trabalhadores sindicalizados nessa faixa etária recuou 73,4%.
“De modo geral essa população mais jovem se insere no mercado de trabalho através de vínculos mais frágeis, muitas vezes na informalidade, ou em trabalhos intermitentes, com maiores rotatividades, o que leva ao menor número de associações”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE.
Com o crescimento de 205 mil pessoas em 2013, o total da população ocupada associada a sindicato começou a cair nos anos seguintes, ainda que o nível da ocupação tenha começado a subir.
“A redução do percentual de sindicalizados se intensifica em 2017, ano em que a nova legislação trabalhista entrou em vigor e que coincide bem com essa variação mais acentuada”, diz William Kratochwill, gerente da pesquisa.
Aprovada pelo governo do ex-presidente Michel Temer, a Reforma Trabalhista criou novos modelos de contratos, como o trabalho intermitente, e acabou com a obrigatoriedade da contribuição sindical.
Chama a atenção também, nos dados do IBGE, a queda na sindicalização dos trabalhadores da indústria: eram 21,3% do total em 2012. No ano passado, essa fatia recuou para 10,3%.
Por: exame.com/