Monsenhor Lucas. 50 anos de sacerdócio

“A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1, 47), exclamou Maria, extasiada diante da grandeza divina invadindo a sua alma.  O Evangelho não é mera narração histórica. É proclamação da perene Boa Nova ao coração do homem (cf. Lc 4, 43). Em Belém, a Mãe de Cristo foi testemunha da inefável gratuidade do Pai, quando viu na pessoa de seu Filho, o Messias tão esperado, presente na simplicidade e pureza de uma criança.

Análogo mistério se manifestou em outro ser humano, há cinquenta anos, quando pela imposição das mãos de Dom Nivaldo Monte, em 26/09/1970, na Matriz de São Pedro do Alecrim (Natal/RN), Lucas Batista Neto tornou-se sacerdote do Altíssimo, “Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melquisedec” (Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec. Cf. Hb 5, 6).

Graças e louvores lhe sejam dados por meio século de vida dedicado a Deus e ao seu Povo.
Lucas tem o toque de Deus e ama encontrá-Lo na beleza da Palavra. Não é apenas um sacerdote que lê a Sagrada Escritura. Ele a vivencia, por isso pediu para ser ordenado no mês dedicado à Bíblia.

Não se trata de um religioso que recita o Ofício Divino. Encontra intimidade com Deus no Saltério. Não é um simples padre que cumpre o ritual da Eucaristia, mas um místico consciente da transcendência dos sacramentos e da liturgia.

Por isso, entendemos a sua preocupação, em vários momentos, diante da superficialidade de tantos. Para ele tudo é manifestação do Sagrado. As aves do céu, os lírios do campo, as criaturas são uma sinfonia do grande Mistério. Tornar a vida bela e plena de sentido é uma das formas de oração!

Inúmeras são as virtudes e os carismas de Monsenhor Lucas. Encanta-nos o seu jeito de ser: espontâneo, disponível, manso e humilde. Sofre, quando precisa dizer não. Coloca-se diante de Deus numa singeleza, que nos faz lembrar Santa Edith Stein: “Ó doce Luz, que iluminas as trevas do meu coração. Tu me guias como uma mãe. Se eu me afastasse de Ti, não conseguiria dar um passo a mais”. Devemos elevar ao Pai Celestial nossa prece de reconhecimento e gratidão por tudo aquilo que nosso querido sacerdote representa para os cristãos da Arquidiocese de Natal e também do Rio Grande do Norte.

Suas palavras sacerdotais nos enriquecem e suas preces nos fortalecem. É preciso rezar pelos homens e pelo mundo. Muitos acumulam fortunas, mas mendigam o pão da alegria. Tantos são eruditos, mas lhes falta a paz tão necessária e desejada. Vários detêm poder e glória, mas carecem do essencial: Deus. “Só Ele é necessário”, afirmou Roger Garaudy, não obstante se considerar ateu.

Vivemos num mundo, onde a solidão se alastra. As pessoas conhecem diversas línguas, mas desconhecem a linguagem do amor. Parecem próximas em virtude das redes sociais, da mídia e da globalização. Mas, não raro, essa proximidade é ilusória, pois são insensíveis.

Monsenhor Lucas tem sido um elo entre Deus e os homens. Segue Maria Santíssima, que, em prece silenciosa, se tornou ponte entre o Eterno e o efêmero, o Divino e o humano. Fervorosamente, Lucas eleva a sua oração, intercedendo por nós. Lembra-se do que dissera Romano Guardini: “Uma coisa tu podes e deves fazer: rezar. Deus escutará a tua prece de homem sofrido”.

Em suas súplicas sentimos a sua sintonia com Raissa Maritain: “Meu Senhor e meu Deus, só em Ti encontro encanto, pois sei da tua incomensurável bondade e da tua misericórdia infinita”. Deus ilumine sempre o coração de nosso caríssimo pastor, fortaleça a sua alma, console-o nas tribulações e aumente a sua fé na graça divina, que transforma o homem e o mundo!

O Senhor o proteja e transborde sua vida de bênçãos e sede do Infinito, envolvido na poesia e na beleza da Criação. Nossa Senhora lhe dê cada vez mais a certeza do quanto o Pai nos ama e opera em nós maravilhas, porque “Santo é o seu nome!”´(Lc 1, 49).

Padre João Medeiros Filho