O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez um movimento na noite desta 3ª feira (1º.dez.2020) para manter sua influência sobre a Casa depois de fevereiro do próximo ano, quando termina seu mandato. O deputado reuniu em Brasília líderes das bancadas de oposição e pediu apoio para seu grupo político na eleição para a presidência da Câmara. Maia prometeu aos presentes não concorrer.
Pelas regras atuais ele não pode se candidatar. Ocorre que o STF (Supremo Tribunal Federal) tem marcado para os próximos dias julgamento que provavelmente possibilitará a ele (e ao atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre) concorrer novamente. Como mostrou o Poder360, a Corte já tem os votos necessários para isso. Mesmo políticos próximos do deputado desconfiam que ele queira concorrer novamente.
A oposição é fundamental nos cálculos políticos de Rodrigo Maia. Seu entorno estima que, com os partidos de esquerda, poderá ser formado um bloco de até 330 deputados. Além da esquerda, os planos incluem DEM, PSDB, MDB, Cidadania, PV, PSL, PTB, Pros e Republicanos.
Esse contingente de votos, além de eleger o presidente da Casa, garantiria ao grupo mais 3 ou 4 cargos na Mesa Diretora, a direção da Câmara.
Fora do grupo de Maia, a pré-candidatura viável posta até o momento é a de Arthur Lira (PP-AL). O deputado se aproximou do governo federal ao longo de 2020. Isso dificulta apoio da oposição a ele. Além disso, Maia e a esquerda tiveram uma convivência com poucas turbulências nos últimos 2 anos.
Estavam presentes na reunião da noite desta 3ª feira, além do presidente da Câmara, deputados dos seguintes partidos:
- PT – Enio Verri (líder da bancada), José Guimarães (líder da Minoria) e Carlos Zarattini;
- PDT – Wolney Queiroz (líder da bancada) e André Figueiredo (líder da oposição);
- PSB – Alessandro Molon (líder da bancada);
- PC do B – Perpétua Almeida (líder da bancada);
- Psol – Marcelo Freixo.
A líder do Psol, Sâmia Bomfim, foi contaminada pelo coronavírus e está em isolamento social. Além dela, a única líder de bancada de esquerda que não participou foi Joenia Wapichana, representante solo da Rede na Câmara.
O presidente do DEM, ACM Neto, participou do encontro. Ele reafirmou o que disse Maia. De acordo com ele, o partido tem interesse em focar na recondução de Alcolumbre à Presidência do Senado, mas que pode abrir mão da candidatura de Maia.
Apesar de tido como mais natural, o apoio da esquerda ao grupo de Maia não é garantido. Mais cedo nesta 3ª, por exemplo, veio a público uma nota contra a possibilidade de reeleição do atual presidente da Casa assinada por partidos desse campo político e também pelo Centrão de Arthur Lira. A bancada do PT, que não assinou o documento, também não deve apoiar reeleição.
Para que a esquerda se aglutine em torno do presidente da Casa ainda falta muito a ser discutido. Por exemplo: cargos na Mesa Diretora da Câmara, presidência de comissões e relatoria do Orçamento de 2022. Novas reuniões serão realizadas.
Atualmente 6 deputados disputam a bênção de Maia para concorrer à sua sucessão:
- Baleia Rossi (MDB-SP);
- Marcos Pereira (Republicanos-SP);
- Luciano Bivar (PSL-PE);
- Aguinaldo Ribeiro (PP-PB);
- Marcelo Ramos (PL-AM);
- Elmar Nascimento (DEM-BA).
Nem todos são queridos pelos opositores. Baleia Rossi é um dos mais próximos de Rodrigo Maia. É próximo também de Michel Temer, por isso o PT dificilmente toparia apoiá-lo. O partido acusa Temer de ter dado um golpe em Dilma Rousseff para chegar à Presidência da República em 2016.
Aguinaldo Ribeiro tem problemas intrapartidários. É correligionário de Arthur Lira, que deverá ter apoio da legenda para disputar a cadeira de Rodrigo Maia. Sem a chancela do próprio partido uma candidatura seria improvável.
Maia está à frente da Câmara desde 2016, quando assumiu 1 mandato tampão depois da saída de Eduardo Cunha (MDB-RJ). Pode disputar a eleição de 2017, na mesma legislatura, graças a um entendimento de que concorrer depois de um mandato tampão não é tentativa de reeleição. Em 2019 pode se candidatar porque tratava-se de uma legislatura diferente da anterior.