Lula vence Bolsonaro com folga nos três maiores colégios eleitorais do país

 

Na nova bateria de pesquisas divulgada esta semana pelo Datafolha, os números que me chamaram mais a atenção foram os da corrida presidencial em São Paulo, Minas Gerais e Rio de janeiro, respectivamente, primeiro, segundo e terceiro maiores colégios eleitorais do país.

Em 2018, foi exatamente nesses três estados decisivos para a eleição que Jair Bolsonaro garantiu a vitória ao abrir larga vantagem sobre o petista Fernando Haddad.

São Paulo: Lula 43% X Bolsonaro 30%

Minas Gerais: Lula 48% X Bolsonaro 28%

Rio de Janeiro: Lula 41% X Bolsonaro 34%

Esses 20 pontos de vantagem de Lula sobre Bolsonaro em Minas podem ser o fator decisivo. Até hoje, após a redemocratização, nenhum candidato a presidente da República foi eleito sem ganhar neste estado, considerado síntese do país.

Diante destes números, que confirmam todas as anteriores pesquisas confiáveis deste ano, Joelmir Tavares, da Folha, chegou à conclusão em matéria publicada hoje que “pesquisas e cientistas políticos afastam possível reviravolta na corrida presidencial. ”

Para a cientista política Carolina de Paula, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), citada na reportagem, “levando em conta apenas os elementos normais de análise de conjuntura, é difícil imaginar alguma mudança no cenário. Só se considerarmos eventos extras, como facadas e similares”.

Se lembrarmos que, fora destes grandes colégios do sudeste, o maior contingente de eleitores se concentra no nordeste (27%), a vantagem estabelecida por Lula a três meses da abertura das urnas, revela-se ainda maior: 58% contra 19% de Bolsonaro naquela região.

Outro dado a destacar nestas pesquisas são os altos índices de rejeição que tornaram o atual presidente um estorvo para os seus candidatos nas eleições estaduais.

Vejam os números:

* 64% dos eleitores de São Paulo não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Bolsonaro, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem 13% na pesquisa, empatado com o tucano Rodrigo Garcia, contra 34% do petista Fernando Haddad. Apoiado pelo presidente, o apresentador José Luiz Datena desistiu esta semana de ser candidato ao Senado na chapa de Tarcísio.

* No Rio, 58% dos eleitores não votariam no candidato apoiado pelo presidente, o atual governador Cláudio Castro (PL), com 23% na pesquisa, tecnicamente empatado com Marcelo Freixo (PSB), com 22%, que está aliado com o PT de Lula. Mas PT e PSB ainda brigam pela vaga de senador, o que pode implodir a aliança.

* Em Minas, onde 55% não votariam no candidato de Bolsonaro, o atual governador, Romeu Zema, do Novo, foi mais esperto: procurou se distanciar do presidente e lidera a pesquisa com larga vantagem (48%) sobre Alexandre Kalil (PSD), apoiado por Lula, que tem 21%. Já surgiu até o voto “Lulema”, uma repetição do “Lulécio” da eleição de 2002, que levou Lula e Aécio Neves (PSDB) à vitória no estado. Entre a eleição e a posse, lembro que Aécio até promoveu um encontro entre o novo presidente e os governadores tucanos em Araxá (MG). Eram outros tempos.

Hoje, o ex-presidente candidato ao terceiro mandato tem como vice, em lugar do empresário mineiro José Alencar, o ex-tucano Geraldo Alckmin, quatro vezes governador, e pela primeira vez lidera a eleição em São Paulo numa campanha presidencial.

Nas voltas que a vida dá, o antipetismo de 2018, que impulsionou a vitória do então deputado do baixo clero, quando Lula estava preso em Curitiba pela Lava Jato, deu lugar ao antibolsonarismo, que se reflete também nas disputas estaduais.

O que ainda pode mudar este cenário, que parece congelado faz meses, é o “pacote de bondades” a ser distribuído pelo governo, ao custo de R$ 41,2 bilhões, também chamado de “pacote do desespero”, aprovado esta semana quase por unanimidade no Senado, que aumentou em R$ 200 o Auxílio Brasil e dobrou o valor do vale-gás, entre outros benefícios. Só falta a PEC ser aprovada na Câmara, o que se dá como favas contadas.

Para saber quais efeitos esse pacote terá na compra de votos, precisamos esperar o próximo Datafolha.

Vida que segue.

Fonte: uol notícias