“No domingo passado, antes da posse [de Lula], eu falei com Ibaneis, já tentando dizer a ele do risco que seria reconduzir esse golpista, bolsonarista, de extrema direita, Anderson Torres, ao cargo de secretário da Segurança, que ele não deveria fazer isso, porque seria uma afronta aos poderes constituídos. Infelizmente, o Ibaneis preferiu manter uma pseudo autoridade, em vez de conversar com o governo federal”, contou Kakay, em entrevista ao A TARDE, nesta segunda-feira, 9.
Notório por transitar com facilidade na capital federal e na mídia, e defender clientes famosos, entre políticos e celebridades, Kakay diz não ter dúvidas de que os atos de ontem foram uma tentativa de golpe de Estado e que, se estivesse no Brasil, Anderson Torres já estaria preso. “Deu proteção a eles [manifestantes], os levou para a porta do trem, para a porta do Congresso e para a porta do Planalto, num ato criminoso que precisa ser responsabilizado”. Torres está nos Estados Unidos e foi exonerado no mesmo dia.
Ainda neste domingo, diante do agravamento dos protestos violentos, o advogado conta que manteve contato com os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio. Ele sugeriu ao governo determinar intervenção federal em toda a administração do DF e não apenas na Segurança Pública, como decretada pelo presidente da República, para controlar a situação e coibir novas manifestações golpistas.
Em conversa reservada com ministros do STF, ontem, o advogado notou todos muito emocionados diante da violência dos atos. “Teve um ministro que diz que chorou quando entrou no plenário do Supremo. Todos reagiram de forma unanimemente favorável à estabilidade democrática. Acho que tem uma unidade forte aí contra esse golpismo”.
Além do governador Ibaneis Rocha e do ex-secretário de Justiça Anderson Torres, os atos violentos em Brasília trouxeram aos holofotes o Procurador-geral da República, o baiano Augusto Aras, criticado por se omitir em diversos episódios envolvendo crimes cometidos por apoiadores radicais de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente. Questionado pela reportagem sobre a postura de Aras neste caso, Kakay foi sintético. “Sem comentários”.
Fonte: blog a tarde