O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, escreveu sobre a morte João Carlos di Genio, fundador do Objetivo e da Unip.
Confira abaixo:
“A reta é uma curva que não sonha.”
Manoel de Barros
Sentado aqui, no Cafe de Flore, em Paris, recebo a notícia da morte do meu amigo Di Genio. Figura rara. Brilhante. Amigo. Generoso. Tenho um caminhão de histórias de uma vida amorosa, juntos. Sempre com aquele ar irônico, aquele humor fino, aquela observação mordaz. Um homem que trafegava em todas as áreas com a mesma simplicidade e sinceridade. Mas sempre amigo e direto.
Era brilhante, passou em primeiro lugar em 2 vestibulares para medicina, se fez médico, mas optou por ser empresário. O nosso mestre Drauzio Varela, ao que me consta, ficou em segundo lugar no vestibular, no entanto, continuou em primeiro em longa parceria com o Di Genio.
Com ele e, principalmente, por influência dele, cantei em vários bares. Como ele era o rei da noite, eu cantei no Baretto, no Passatempo, e em vários outros lugares. Não era minha voz que me abria espaço, era a generosidade do Di Genio com todos os cantores da noite. E os rios de Petrus e Cristal que nos embalavam.
Mas principalmente a relação deles com os músicos. Mais de uma vez presenciei um músico em estado de abandono e ele, Di Genio, logo os acolhia em um plano de saúde. Sem dizer nada. Só acolhia. Como acolheu meu irmão em um momento difícil no hospital Oswaldo Cruz por 40 dias. Um coração chagásico. E sempre com aquela risada grudada ao rosto.