Estudante da rede municipal de Parnamirim é o primeiro do RN a ser sócio mirim da AEITA

Ettore Damique tem 7 anos de idade e é aluno do 4º ano da Escola Municipal Profª Enedina Eduardo do Nascimento, no bairro Vale do Sol, em Parnamirim. Ele foi selecionado entre estudantes de todo o país pela Associação dos Engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica como um dos 10 sócios mirins da instituição que busca fomentar a tecnologia aeroespacial no Brasil.

Os selecionados são destaque em áreas relacionadas a ciências, engenharia e nos setores aeroespacial e tecnológico e ganham o direito de conhecer de perto o polo aeroespacial brasileiro, em São José dos Campos/SP.

O jovem prodígio gosta de robótica, tecnologia, astronomia, matemática, ciências, é aficionado por foguetes, aviões e tem o sonho de ser piloto. O aluno de Parnamirim visitou o ITA em novembro de 2024 onde teve a oportunidade de vivenciar o ambiente aeroespacial na prática e realizar o sonho de utilizar o simulador de voo da Airbus E190-E2. Em fevereiro deste ano, ao visitar o Centro de Treinamento de Pilotos da Azul Linhas Aéreas, em Campinas, Ettore também fez voos simulados no Embraer A320, experiências que classificou como “inesquecíveis”.

A conquista de um resultado tão expressivo no cenário nacional por alguém tão jovem e estudante de escola pública é motivo de alegria e orgulho para a família, para a cidade e todos os profissionais que participam da vida escolar de Ettore, especialmente por ele ser aluno de Parnamirim, berço da aviação brasileira com grande relevância na Segunda Guerra Mundial.

Josimar Ferreira é o diretor da escola que atende Ettore. Para o gestor, a conquista pode motivar outros alunos do município a alcançarem seus sonhos, mostrando que para quem estuda, nada é impossível. No entanto, ele alerta que a participação da família se mostra essencial no processo de aprendizagem. “No caso de Ettore, a família dele é muito presente na escola, muito parceira, o que ajuda demais no nosso trabalho e no desenvolvimento dele”, disse.

O diretor contou que há um plano de estudos específico para Ettore, que possui altas habilidades/superdotação em algumas áreas, como o raciocínio lógico-matemático, por isso precisa de desafios para se estimular adequadamente. Para se ter uma ideia, aos 4 anos, quando realizou uma avaliação de eficiência intelectual, ele teve o quociente de inteligência (QI) classificado como “muito superior” e idade de referência de quase 7 anos e meio.

Há 2 anos, Ettore é atendido pela neuropsicopedagoga Lucélia Bezerra nas salas multifuncionais da rede pública municipal de Parnamirim, em suplementação às atividades regulares da escola. Ela conta que nos últimos anos a demanda de alunos que necessitam de algum tipo de atendimento especial vem crescendo muito, mostrando um cenário desafiador para a gestão pública. “Os desafios são muitos porque as necessidades são muito diferentes para cada criança”. Lucélia explica que os atendimentos são individuais, demandam tempo e uma certa estrutura, o que no geral, Parnamirim tem conseguido atender. No caso de Ettore, a escola que ele estuda possui sala de recursos equipada com computador, notebook e tablet, o que possibilita a realização das atividades que ele precisa.

“O atendimento é baseado nos assuntos que a criança gosta de fazer e conversar. Ele tem apenas 7 anos, mas resolve equações de 2º grau, quebra cabeças muito difíceis, jogos em softwares avançados e é um ótimo enxadrista. O desafio é estimular adequadamente as áreas mais desenvolvidas e trabalhar as que precisam de atenção, como o desenvolvimento emocional, a escrita e a coordenação motora. Tudo isso sem esquecer que estamos trabalhando com crianças que estão crescendo, daí a grande importância de respeitar cada etapa desse desenvolvimento”, explicou.

A FAMÍLIA

Os pais de Ettore, Rosy e Daniel, acompanham de perto todo o desenvolvimento do filho. “Ser mãe do Ettore é uma jornada de constante aprendizado e admiração. A cada dia, ele demonstra uma curiosidade insaciável e uma generosidade admirável, transformando desafios em oportunidades. No mês da mulher, essa experiência se torna ainda mais significativa, inspirando-me a refletir sobre o papel materno na educação e no incentivo aos sonhos, especialmente na formação de futuros líderes. Acompanhar o brilho do Ettore e seu impacto positivo me confirma a importância do meu papel nessa construção”, disse Rosy.

Daniel disse que ao chegar em Parnamirim, vinda do estado de São Paulo, a família até procurou algumas escolas particulares, mas foi na rede pública municipal que foram acolhidos e atendidos. “A educação do Ettore em escola pública, apesar dos desafios inerentes à neurodivergência, tem sido enriquecedora. O apoio da equipe escolar, especialmente do diretor Josimar, da neuropsicopedagoga Lucélia, que atende o Ettore, e do setor de Educação Especial na pessoa de Águida, tem sido fundamental para criar um ambiente acolhedor e propício ao desenvolvimento do nosso filho. Acreditamos no potencial da educação pública e na importância da participação familiar para garantir um aprendizado pleno. A experiência do Ettore em São Bernardo do Campo e em Parnamirim reforça nossa crença no poder transformador da educação quando há compromisso e envolvimento de todos”, disse o pai.

ESTRUTURA DO MUNICÍPIO

Parnamirim possui atualmente 25 salas de recursos multifuncionais (em sistema de polo) para atender a rede municipal. A da Escola Maria Enedina, por exemplo, atende as unidades do bairro Vale do Sol: a Escola Hélio Galvão e o Cmei Maria Dilma. As salas possuem recursos de acessibilidade, pedagógicos e tecnológicos, e estão prontas para complementar o aprendizado de estudantes com alguma deficiência auditiva, visual, dislexia, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH ou mesmo suplementar o aprendizado dos alunos com altas habilidades de superdotação, como é o caso de Ettore.

As salas multifuncionais de recursos contam com professores da rede municipal com especialização em psicopedagogia ou atendimento educacional especializado e funcionam sempre no contraturno escolar. Josimar disse que os pais de Ettore gostam muito que ele estude na escola pública e são muito presentes na escola, fazem doações e participam de verdade do processo ensino-aprendizagem.

Como neuropsicopedagoga do município, Lucélia Bezerra, classifica esse acompanhamento familiar como muito importante na vida de qualquer estudante, especialmente os mais jovens. “Independente da situação, a parceria da escola com a família é sempre benéfica para a criança. Felizmente no caso de Ettore, os pais acompanham ele de pertinho. Se continuarem assim, ele tende a se desenvolver muito melhor e mais premiações virão por aí”, disse.