Esquerda teve desempenho modesto e ficou restrita a bolsões no Nordeste; resultado consolida tendências iniciadas em 2016.
Os partidos mais alinhados à direita e ao centro do espectro político-ideológico saem fortalecidos das eleições de 2024. A direita conquistou 2.673 prefeituras, aí incluídas 11 das 26 capitais de Estado. Avançou 5% em relação a 2020, quando essas legendas conquistaram 2.539 prefeituras. É o melhor resultado desde a eleição municipal de 2000.
O centro elegeu prefeitos em 2.144 cidades. Ficou estável em relação ao resultado de 2020, quando conquistou 2.166 prefeituras.
O número de eleitos a que se refere este texto é o de candidatos a prefeito que tiveram vitórias nas urnas, mesmo que elas estejam ainda sub júdice e tenham sido contestadas. Os dados históricos também são dos vitoriosos nas urnas, ainda que tenham sido posteriormente cassados ou derrubados por decisão judicial. Leia no fim deste texto a metodologia com os partidos que foram considerados em cada espectro ideológico.
Nesse comparativo, a esquerda seguiu na trajetória de queda iniciada em 2016 e teve o pior resultado desde a eleição de 2000. Mesmo com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto, não houve avanço nas disputas estaduais.
Os partidos de esquerda juntos conseguiram 752 prefeituras agora em 2024, 13% a menos que em 2020, quando haviam conquistado 863 prefeitos. As vitórias dessas agremiações ficaram concentradas majoritariamente no Nordeste –principalmente no Ceará e na Bahia. É nessa região que Lula e o PT são mais bem avaliados, segundo pesquisa do PoderData em outubro de 2024.
O resultado da eleição de 2024 dá sequência à tendência de alta da direita e queda da esquerda. Esse movimento ficou mais evidente em 2016, depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e da operação Lava Jato, que prendeu políticos do PT, acusados de corrupção.
A distância de representações em prefeituras entre a direita e a esquerda só não é maior que a observada no ano 2000. O menor gap foi em 2012, depois de 2 mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar do recuo da esquerda, o partido do presidente Lula elegeu 252 prefeitos em todo o Brasil (68 a mais que em 2020). A sigla, no entanto, segue longe dos seus anos de ouro. Em 2012, no auge, antes da Lava Jato, venceu em 635 cidades.
O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, cresceu com uma margem superior à do PT. A sigla presidida por Valdemar Costa Neto saiu de 351 municípios para 517, uma alta de 47% ante as eleições passadas. É o maior número de cidades sob o comando do partido na história.
A legenda foi a segunda que mais evoluiu nominalmente em comparação com o pleito de 2020. O PSD lidera. Saiu de 662 para 891 vitórias nas urnas, 229 a mais.
METODOLOGIA A classificação de partidos foi feita a partir de livre adaptação do artigo “Uma Nova Classificação Ideológica dos Partidos Políticos Brasileiros”.
O trabalho (íntegra – 1 MB), de cientistas políticos da UFPR (Universidade Federal do Paraná) foi usado como referência, com algumas adaptações da reportagem em relação a movimentos recentes dos partidos.
Leia abaixo quais foram as classificações adotadas:
partidos de esquerda – PT, PSB, PDT, PCO, Psol, PSTU, PCB, PC do B, UP, Rede e PV;
partidos de direita – PP, PPB, PSDB, União Brasil, PRB, Republicanos, PSL, PL, Prona, Novo, PFL, DEM, PSC, PRTB, Patriota e PRD;
partidos de centro – MDB, PSD, PTN, PAN, PSDC, PTC, PRP, PMN, PT do B, PTB, PGT, PPS, PHS, DC, Podemos, PPL, PRN, SD, Avante, Cidadania, Solidariedade, Agir, PMB e Mobiliza.
A partir dessas classificações, foram separadas em todas as eleições as cidades que não tinham nenhum candidato de um dos partidos de esquerda ou de direita.
Poder 360