Dia de São José representa esperança para agricultores do Rio Grande do Norte

Foto: Adriano Abreu

O Dia de São José, celebrado neste 19 de março, é marcado pela expectativa dos agricultores nordestinos quanto à chuva, considerada um indicativo de boa safra para o ano. A crença, fortemente enraizada na cultura sertaneja, tem fundamento em fatores climáticos que favorecem precipitações nesse período, como explica Gilmar Bristot, meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN).

De acordo com Bristot, a proximidade com a mudança de estação e o aquecimento intenso da faixa equatorial criam condições propícias para chuvas. “O dia de São José fica próximo ao período de transição entre o verão e o outono. Nesse momento, os raios solares incidem de forma perpendicular sobre essa região, aumentando o aquecimento e gerando uma baixa pressão atmosférica que favorece a ocorrência de chuvas”, detalha.

A relação entre precipitações nessa data e um bom período chuvoso ao longo do ano não é apenas uma questão de crença popular, mas também tem embasamento científico. Segundo Bristot, a zona de convergência intertropical, responsável pelas chuvas na região, se desloca para o Nordeste nesse período, criando um ambiente favorável para a formação de precipitações. “Se há condições propícias nos oceanos, esse é o período mais sensível da atmosfera para a ocorrência de chuvas na região”, afirma.

Para este ano, a expectativa é positiva, ainda que algumas regiões do estado apresentem déficits pluviométricos. “O Oceano Pacífico está saindo de um fenômeno La Niña fraco para uma neutralidade, enquanto o Atlântico Norte resfriou levemente. Esse cenário indica uma condição parcialmente favorável para chuvas”, explica o meteorologista. Dados da EMPARN apontam que, em algumas regiões do estado, as chuvas já superaram a média de março, especialmente no Litoral Leste, onde o índice está 8% acima do esperado.

A crença popular sobre São José tem um impacto direto nas decisões dos agricultores. Segundo Erivam do Carmo, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Rio Grande do Norte (FETARN), o simbolismo da data influencia o planejamento do plantio. “Os agricultores ficam ansiosos pela chegada do dia 19. Se chover, é um sinal de um inverno bom e de uma safra produtiva”, afirma.

Além da tradição, a data também está ligada ao ciclo produtivo do semiárido nordestino. O período entre março e junho coincide com o crescimento das lavouras que abastecem as festas juninas, quando há maior demanda por produtos agrícolas típicos, como milho e feijão.
A previsão de chuvas para esta quarta-feira reforça a confiança dos produtores. “Isso só aumenta a esperança dos agricultores, principalmente em um momento de desafios econômicos. A produção agrícola local é essencial para a segurança alimentar e para a estabilização dos preços dos alimentos”, ressalta o presidente da FETARN.

Previsão
No ano de 2024 entre os dias 15 de março a 15 de abril, segundo o meteorologista Gilmar Bristot, o Rio Grande do Norte registrou uma média de 190 mm acumulado em chuvas. Em regiões como Santa Cruz e Jaçanã foram superados os 300 mm. Para 2025, no mesmo período, a expectativa é que os números se mantenham.

De acordo com os dados da Emparn, esta quarta-feira (18) de comemoração ao Dia de São José será marcada por tempo parcialmente nublado com chuvas nas regiões do Litoral, Agreste e Vale do Açu. Já no Seridó, Alto Oeste e na região de Mossoró, o tempo deve se manter de parcialmente nublado a claro.

As menores temperaturas estão previstas para Cerro Corá, Coronel Ezequiel, Equador, Jaçanã, Lagoa Nova e Tenente Laurentino Cruz com 20ºC. Já as máximas para data estarão em Ipanguaçu, Itajá e Jucurutu com 36ºC.

 

Tribuna do Norte