Airene Paiva.
Já se passaram mais de 80 dias das primeiras medidas para o enfrentamento da Pandemia da Covid-19 aqui no estado do Rio Grande do Norte. As complicações decorrentes da expansão do vírus ocorreram rapidamente no mundo inteiro e aqui no Brasil não foi diferente. Aliás, após a chegada no Brasil, o ritmo dos contágios evoluiu rapidamente. Em todas as regiões do país, o impacto da pandemia afetou principalmente as cidades, que, quanto maior, mais foram afetadas. Nas regiões metropolitanas, por exemplo, onde há o maior número de pessoas e nas quais as atividades econômicas se desenvolvem mais intensamente, a velocidade com que foram afetadas em todos os aspectos talvez não seja a mesma com que se dará a recuperação. O fato é que nada voltará a ser como era antes, o normal. Inclusive, fala-se em um “novo normal”. Mas, quando passar tudo isso, quando as coisas começarem a se restabelecerem, o que terá servido de lição para nós, para toda a sociedade? Em que esse “novo normal” ajudará na dura tarefa de retomar a dinâmica social, o que trará de ensinamentos para as pessoas enxergarem com mais clareza e corrigirem certos erros do passado, que certamente ainda estarão presentes? Os gestores públicos, como se comportarão, depois de ver de perto o quão difícil é tomar decisões e o quanto é importante colocar as pessoas em primeiro lugar, sobretudo nos momentos mais críticos? Pelo que já se apresenta, é urgente uma reordenação de prioridades sobre o papel do Estado, tanto na esfera federal, estadual e também municipal. Tem ficado claro que os municípios são quem mais sofrem quando decisões equivocadas são tomadas. Em nossa Parnamirim, vemos que sua economia tem sido focada no setor de serviços e na construção civil. Porém, nosso maior potencial econômico ainda é a atividade turística. Toda essa potencialidade, se souber ser bem explorada (como já deveria ter sido há décadas), num futuro próximo, tornará a cidade um dos maiores polos turísticos do litoral nordestino, alavancando, automaticamente, os demais setores econômicos da cidade. Nosso desafio inicial será atender de forma dinâmica estes três setores, e isso implica, de imediato (para ontem), a modernização da máquina administrativa, para deixar o município tecnologicamente digital, melhorando a vida de toda população e facilitando o acesso e comunicação da sociedade com a gestão pública municipal. O redesenho do setor privado já foram apontados nestes dias de isolamento social (flexibilidade no horário de trabalho, escritório em casa – home office -, negócios digitais, ensino e estudo à distância, dentre outras inovações). Mas será que o setor público também absorverá essas mudanças? Quais os impactos que esse novo cenário terá nos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade e eficiência (essa com uma nova dinâmica) que norteiam o atendimento ao cidadão? A sociedade passará a ter novas necessidades e isso demandará da gestão pública um cuidado diferente para com seu povo. Por exemplo, na saúde, além de cuidar da parte física das pessoas, será preciso também um intenso trabalho na parte mental e no atendimento psicológico, no pós-pandemia. No ensino público, novas ferramentas deverão ser inseridas, com novas tecnologias a serem aplicadas. Nos órgãos municipais, uma nova roupagem no serviço prestado à população, que certamente será priorizado a forma digital. Cada vez mais, portanto, a gestão pública terá de ficar próxima do seu povo. O desafio é pensar e agir, de forma rápida e eficiente, sobre as novas necessidades da população e como elas serão atendidas. A sociedade não é mais a mesma. É preciso ter coragem, sabedoria e sensibilidade para saber conduzir tudo isso. Nesse novo cenário não cabe mais aventuras. Nosso povo precisa e merece mais.