O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira, que a forma como aconteceu a saída de Joaquim Levy da presidência do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) foi uma “covardia sem precedentes”.
“Uma pena [o país] ter perdido um nome como o Joaquim Levy. Em especial, a forma como ele saiu foi uma covardia sem precedentes”, declarou Maia, em evento promovido pelo canal BandNews, em São Paulo. “Não digo nem do presidente [Jair Bolsonaro], digo de quem nomeou, que é o ministro da Economia. Uma coisa é você não ter uma relação boa com outra pessoa. Outra coisa é o ministro Paulo Guedes tratá-lo como tratou na imprensa. Não foi uma forma correta. O Joaquim merecia um tratamento mais correto por parte do ministro”, completou.
Levy pediu demissão neste domingo, 16, um dia após o presidente Jair Bolsonaro ter dito em entrevista coletiva que ele estava com a “cabeça a prêmio”. Bolsonaro cobrava de Levy a demissão de Marcos Barbosa Pinto, que renunciou no sábado ao cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento após a fala do presidente.
O presidente da Câmara já havia dito a jornais, no dia da demissão, que ficou “perplexo” com a forma como Guedes tratou Joaquim Levy.
De “usina de crises” à “boa crise”
Ainda durante o evento da BandNews, Maia voltou a falar sobre a declaração de Paulo Guedes na última sexta-feira, 14, que afirmou que os deputados cederam à pressão de servidores públicos no relatório da reforma da Previdência. O parlamentar chegou a chamar o chefe da Economia de “usina de crises”.
No entanto, o presidente da Câmara afirma agora que a fala do ministro gerou “uma boa crise” porque uniu o Congresso Nacional ao redor do tema.
“Ele está nos dando oportunidade de fazer a nossa [reforma]. Talvez ele não tenha pensado desse jeito, mas talvez tenha sido um bom passo”, afirmou.
Maia ainda alfinetou o projeto original de Guedes para a Previdência. “A nossa proposta não é perfeita, mas a do governo também não era”.
“A proposta do governo tem coisas ruins. Depois de cinco anos de recessão, não se pode sugerir [o que foi sugerido] para idosos e trabalhadores rurais”, declarou Maia, que também questionou o sistema de capitalização proposto. “Temos de encontrar o melhor sistema. O chileno, defendido pelo governo, não é.”
Para Maia, a proposta que deverá ser votada “não é mais do governo”, mas do Congresso e, por isso, pode ter apoio dos governadores do Nordeste, em sua maioria de oposição ao governo Bolsonaro, com quem Maia deve se reunir nesta semana.
(Diário do poder)