Após Jair Bolsonaro afirmar que “democracia e liberdade só existem quando as Forças Armadas querem”, em cerimônia de aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais no Rio de Janeiro, Davi Alcolumbre, que está no Amapá cumprindo agenda de trabalho, disse que “uma declaração dessa natureza dá um certo desconforto em relação ao segmento que compreende uma mensagem de forma diferente de outro segmento”.
“Essa foi uma declaração do presidente. Do meu ponto de vista, como presidente do Senado, eu quero fortalecer as instituições, fortalecer a democracia. Nós precisamos estar juntos nesse projeto de construção de um novo Brasil, que saiu das urnas com desejo da maioria dos brasileiros de que Jair Bolsonaro fosse presidente do Brasil. Assim como elegeram governadores, deputados federais e senadores da República.
Alcolumbre também lembrou que Bolsonaro governa para todos os brasileiros e não apenas para aqueles que o elegeram: “Eu compreendo que o presidente da República disse que vai governar para todos os brasileiros, e para todas as famílias. A partir do momento que o Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República, ele não foi eleito só daqueles que votaram nele ou não votaram nele. Ele é presidente do país de 200 milhões de brasileiros, 26 estados, Distrito Federal, de várias regiões do Brasil”.
Bolsonaro deu a declaração na manhã da quinta (6), no Rio de Janeiro, ao participar da cerimônia de aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais. O presidente também disse que quer fazer do Brasil um país de primeiro mundo e que reconhecerá os militares neste contexto. Prometeu ainda debater uma nova “retaguarda jurídica” para os militares.
Além de Alcolumbre, o vice-presidente Hamilton Mourão também se manifestou sobre o assunto e disse que o presidente foi “mal interpretado” na declaração. “O que que o presidente quis dizer? Está sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem”, disse Mourão.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou ainda nesta quinta-feira (7) que não viu polêmica na declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre as Forças Armadas. “Não achei polêmica. Não vejo nada demais na declaração. Ele estava fazendo um discurso para comemoração dos 111 anos do corpo de fuzileiros navais e ele falou o que todo mundo sabe: as Forças Armadas são o baluarte da democracia e da liberdade. Historicamente, em todos os países do mundo”, disse Heleno.
Post sobre carnaval
Pela manhã, em encontro com o comandante do Comando Militar Norte e comandante da 22ª Brigada de Infantaria de Selvacom, o presidente do Senado já havia comentado sobre a repercussão do post de Bolsonaro nas redes sociais com imagens que mostram homem dançando em cima de ponto de táxi. Na ocasião, o presidente disse que “é isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro”.
“É importante pensarmos muito e avaliarmos tudo o que a gente colocar numa rede social para não ter uma repercussão como aconteceu na questão desse vídeo”, destacou Alcolumbre.
O presidente do Senado também fez um alerta sobre as desigualdades e preconceitos.
“Em relação ao post que o presidente da República colocou em suas redes é uma opinião dele. A minha opinião como cidadão é que nós temos que trabalhar para melhorar o Brasil, para diminuir as desigualdades, diminuir os preconceitos, e nesse sentido eu faço um apelo à sociedade brasileira, aonde nesse momento as redes sociais tomam uma dimensão estratosférica diante de qualquer comentário, de quaisquer posicionamento, e o posicionamento de um líder de uma nação repercutiu internacionalmente”, finalizou.
G1