CPI trabalha para tirar o Brasil do cercadinho de Bolsonaro, diz Randolfe

Senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI Covid-19, pandemia, na sala da Comissão Parlamentar de Inquérito, após entrevista para p Poder360. Sérgio Lima/Poder360 19.08.2021

O vice-presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou ao Poder360 que o grupo majoritário no colegiado trabalha para “tirar o Brasil do cercadinho” no Palácio da Alvorada onde o presidente Jair Bolsonaro(sem partido) costuma conversar com apoiadores.

O convidado do Poder Entrevista criticou Bolsonaro por, na sua visão, preocupar-se com o voto impresso e com queixas sobre ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), e não se dedicar a encontrar soluções para o avanço da inflação, do desemprego e da fome no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus.

Assista à íntegra da entrevista concedida em 19 de agosto no Senado Federal:

Randolfe declarou que existe uma expectativa da cúpula da CPI e da sociedade de que o relatório que será apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) tenha consequências concretas. Se aprovadas pelo plenário da comissão, o relator enviará suas conclusões ao Ministério Público, a quem caberá decidir se abre investigação para buscar a responsabilização civil e criminal de possíveis culpados.

A quantidade de crimes que a CPI apurou daria um estudo de caso do Código Penal. Tem crime de epidemia, que no meu entendimento foi cometido por várias pessoas. Tem crime de prevaricação, esse é evidente, crime de falsificação de documento público, tem corrupção passiva. Gostaríamos de chegar até [a comprovação de] corrupção ativa, mas crime de corrupção sempre é muito difícil para ser perseguido”, afirmou o vice-presidente da comissão.

Questionado sobre planos para 2022, Randolfe respondeu que, se estivesse priorizando uma futura candidatura –como, por exemplo, ao governo do Amapá– nem sequer teria se tornado membro de uma CPI “tão polêmica” como a da Covid.

No entanto, ponderou, sem dar mais detalhes, que quem está na política sempre tem “todas as possibilidades” no radar. “Estou à disposição de quaisquer que sejam as forças políticas para, em âmbito nacional, superarmos o que eu acho que é um grave retrocesso para a nação que é o governo de Jair Bolsonaro”, completou.

Randolfe negou, ainda, que os senadores de oposição ao governo federal na CPI adotem estratégias semelhantes às da operação Lava Jato –criticada por muitos deles pela forma como recorreu a prisões preventivas, delações premiadas e à cobertura midiática.

Na última 4ª feira (18.ago), o senador Marcos Rogério (DEM-RO), apoiador de Bolsonaro, ironizou um organograma de relacionamentos exibido pelo vice-presidente da CPI para ligar o advogado da Precisa Medicamentos, Túlio Silveira, à influência do Progressistas em cargos na área da saúde do governo do Distrito Federal e do Ministério da Saúde.

O governista disse que Randolfe teria “reprisado” o Power Point usado pelo procurador da República Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR), em apresentação sobre a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do “triplex do Guarujá”.

Saúdo, primeiro, a conversão do então deputado Marcos Rogério, porque ele foi um dos que navegaram, um dos que se aproveitaram da onda em relação à operação Lava Jato. É paradoxal hoje ele fazer esse tipo de crítica“, rebateu Randolfe. “O senador deveria compreender que árvores de relacionamento são, inclusive, objeto de aplicativos de investigação adotados tanto pela Polícia Federal quando pela Receita Federal. Mais do que tentar atacar o argumentador, deveria o senhor senador contrapor o argumento.
Fonte: poder 360.