Número de brasileiros morando no exterior cresceu quase 40% nos últimos 12 anos

Foto: Reprodução

O número de brasileiros que moram fora do país cresceu cerca de 38% nos últimos doze anos. Em 2009, a comunidade brasileira no exterior era de pouco mais de 3 milhões. Dois anos atrás, o número saltou para 4,4 milhões, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores. O Itamaraty informou que os índices são apenas estimados, uma vez que o registro consular de nacionais no exterior não é obrigatório.

Entre os cinco países com maior número de brasileiros, estão os Estados Unidos, com 1,9 milhão; Portugal, com 275 mil; Paraguai, com 245.850; Reino Unido, com 220 mil; e Japão, com cerca de 206 mil.

Para o economista Riezo Almeida, a quantidade de brasileiros que moram no exterior tem uma relação com o desempenho das taxas de desemprego e PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil. Em 2020, por exemplo, o recuo da soma dos bens e serviços produzidos no país e um elevado índice de desocupação podem ter contribuído para o aumento de saídas do país.

Por R7

 

O vulcão Etna entrou de novo em erupção

As cinzas do vulcão Etna cobriram os céus e as ruas da Catânia – Direitos de autor screenshot via AP

O vulcão mais ativo da Europa voltou a entrar em erupção no domingo, lançando cinzas sobre a cidade e obrigando ao encerramento do aeroporto.  Nada de novo para a maioria dos habitantes locais, que estão habituados a viver com o vulcão e as suas cinzas.

Massimo Padalino, operador turístico no Monte Etna, comenta a propósito das cinzas: “São longas e têm três a quatro centímetros de espessura, mas felizmente são leves porque são escórias. O Etna está a fazer-se sentir novamente, como de costume”. O mau tempo que está a assolar a ilha da Sicília impede uma visão clara da cratera do Etna, que se encontra a cerca de 3300 metros acima do nível do mar. 

Esta manhã, o Aeroporto da ilha informou através do Twitter que os voos de e para Catânia, foram retomados com limitações e poderão sofrer atrasos. A última vez que o vulcão entrou em erupção foi no início de 2021, tendo ficado várias semanas acordado.

Veja o vídeo abaixo:

Fonte: www.pt.euronews.com

Polêmico leilão de jóias compradas com “dinheiro nazi”

 

A Christie’s está a ser pressionada para cancelar a venda das jóias da colecção de Heidi Horten. As peças foram compradas pelo marido, um alemão que construiu um império no retalho, em grande medida a partir de grandes armazéns e outros bens comprados a judeus que fugiam da perseguição nazi.

A leiloeira diz que as jóias foram todas compradas a partir do início dos anos 70 até ao ano passado, quando Heidi Horten morreu. Mas o rabino Abraham Cooper, do Centro Simon Wiesenthal, considera que a leiloeira não fez o que podia fazer.

“Em primeiro lugar, se a Christie’s quer fazer o que está certo, e deve fazê-lo, tem de suspender a venda, suspendê-la agora, antes que esteja concluída. Em segundo lugar, devem fazer um esforço – agora que vivemos no mundo das redes sociais, não deve ser assim tão difícil fazer um esforço global para tentar identificar os legítimos herdeiros destes objectos,” afirma Abraham Cooper.

O marido de Heidi Horten, Helmut, juntamente com parceiros comerciais, comprou a primeira loja, em 1936, a proprietários judeus. 

Peter Hoeres, um historiador da Universidade de Würzberg, na Alemanha, escreveu um estudo encomendado por Heidi Horten sobre o império comercial do marido. De acordo com a investigação que dirigiu, Helmut Horten tornou-se membro do partido nazi em 1937e despediu alguns empregados judeus para cumprir a lei nazi. Conta que também se diz que “tentou ajudar” alguns judeus e que, por vezes, “gozou” com os líderes nazis, o que terá levado a ser expulso do partido em 1944.

“Não houve confisco. Ele comprava, mas, com certeza, lucrava. Aproveitou-se das más circunstâncias, da pressão (para venderem as suas lojas e emigrarem) sobre os proprietários judeus”, diz.

A venda desta coleção de jóias surge num momento em que o debate sobre a restituição de património está mais vivo do que nunca. A leiloeira diz que vai doar os lucros a programas de educação sobre o Holocausto.

“As actividades comerciais do Sr. Horten durante a Segunda Guerra Mundial estão bem documentadas, e isso é algo que a Christie’s considerou cuidadosamente quando apresentou esta colecção. E aceitámos esta colecção no pressuposto de que 100% das receitas da venda final reverterão para causas filantrópicas,” justifica Max Fawcett, chefe do departamento de joalharia da Christie’s, em Genebra. 

A cidade suíça vai ser palco de um leilão presencial no próximo sábado, mas a venda já começou online. Prevê-se que o leilão venha a render mais de 150 milhões de euros.

Fonte: www.pt.euronews.com

Trump é condenado por abuso sexual e difamação; ex-presidente dos EUA deverá pagar indenização de mais de US$ 5 milhões

Foto: GETTY IMAGES

Um júri federal em Manhattan chegou a um veredicto no julgamento de agressão civil e difamação contra Donald Trump apresentado pela escritora e jornalista E. Jean Carroll. Trump foi condenado por abuso sexual e difamação e deverá pagar cerca de US$ 5 milhões em danos compensatórios e punitivos.

O júri de seis homens e três mulheres deliberou por pouco mais de duas horas e meia. Carroll alega que Trump a estuprou em meados da década de 1990, e depois a difamou anos depois, quando ela tornou as acusações públicas.

Trump, que nega as acusações, não se defendeu e acabou optando por não testemunhar. O ex-presidente disse que Carroll “não fazia seu tipo” e sugeriu que ela estava inventando a história para aumentar as vendas de seu livro.

Os jurados deliberaram para decidir se as ações de Trump configuravam estupro, abuso sexual ou toque forçado, qualquer um dos três se enquadraria na alegação de agressão de Carroll. Eles não consideraram que as provas configuravam estupro, e decidiram condená-lo por abuso sexual.

Eles foram questionados separadamente sobre o processo de difamação. Por se tratar de um caso civil, Trump não enfrenta consequências criminais. Carroll buscava compensação monetária não especificada.

CNN Brasil

Ameaças da Ucrânia fazem cidades da Rússia cancelarem desfiles do Dia da Vitória, principal feriado do país

Tanques e armamentos pesados passam por rua de Moscou em 7 de maio de 2023em ensaio para a parada militar do Dia da Vitória na Rússia, em — Foto: AP

O Dia da Vitória, o feriado secular mais importante da Rússia, enaltece dois princípios fundamentais para a identidade do país: poderio militar e retidão moral. Mas a guerra na Ucrânia prejudica ambos este ano.

O feriado, que será celebrado nesta terça-feira (9), marca o 78º aniversário da rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, depois que uma implacável ofensiva do Exército Vermelho empurrou as forças alemãs de Stalingrado, no interior da Rússia, até Berlim, cerca de 2.200 quilômetros.

A então União Soviética perdeu pelo menos 20 milhões de pessoas na guerra, e o sofrimento e a bravura que contribuíram para a derrota alemã têm sido a grande referência militar da Rússia desde então.

No entanto, muitas regiões cancelaram celebrações de 9 de maio devido a preocupações de que os eventos possam ser alvos de ataques ucranianos. O famoso desfile militar da Praça Vermelha de Moscou seguirá mesmo após uma tentativa de ataque com drones na semana passada ao Kremlin, que fica ao lado do local onde ocorrerá um desfile.

Mas, em Moscou, as autoridades locais cancelaram uma das celebrações mais notáveis ​​do Dia da Vitória: as procissões do “Regimento Imortal”, nas quais multidões de cidadãos saem às ruas segurando retratos de parentes que morreram ou serviram na Segunda Guerra Mundial.

Essas procissões carregam um ar de emoção genuína, em nítido contraste com os obedientes soldados de rosto impassível que marcham pela Praça Vermelha durante os desfiles militares rigidamente regimentados que mudam pouco de ano para ano.

Embora as procissões sejam movimentadas e impressionantemente grandes, as autoridades “pensaram que os riscos estavam se tornando proibitivos”, disse o analista russo Dmitry Oreshkin, agora na Universidade Livre de Riga, Letônia. “Se algum tipo de drone voa para lá, penetra na fronteira impenetrável … então por que eles não podem jogar algo nesta coluna?”

Cadetes russos participam de ensaio do desfile militar do Dia da Vitória da Rússia, em 7 de maio de 2023. — Foto: Dmitri Lovetsky/ AP

Apesar de todos os tanques e armamentos pesados que circularão na terça pela praça, o fracasso da Rússia em obter ganhos na Ucrânia estraga a imagem da indomabilidade de seu Exército.

Depois de capturar um trecho considerável do território ucraniano nas primeiras semanas da invasão, em fevereiro de 2022, a campanha russa teve uma série de fracassos, como:

  • Uma tentativa abandonada de entrar na capital, Kiev;
  • Recuos no norte e no sul da Ucrânia;
  • Mais recentemente, a incapacidade de tomar Bakhmut, uma pequena cidade de valor questionável, apesar de meses de combates excepcionalmente horríveis.

O presidente Vladimir Putin, em seu discurso durante o desfile, certamente elogiará a determinação do Exército Vermelho em acabar com o nazismo e repetirá sua afirmação de que a Rússia está assumindo uma posição moral elevada ao combater um suposto regime nazista na Ucrânia, um país com um presidente judeu.

Mas os mísseis que caem sobre alvos civis ucranianos atraíram a condenação mundial da Rússia, enquanto os países ocidentais que fizeram causa comum com Moscou para derrotar a Alemanha nazista enviaram bilhões de dólares em armas para a Ucrânia.

Caminhões com mísseis balísticos desfilam em ensaio para parada militar do Dia da Vitória em Moscou, na Rússia, em 7 de maio de 2023. — Foto: Dmitri Lovetsky/ AP

Os analistas estão divididos sobre se o incidente do drone de 3 de maio no Kremlin foi um ataque genuíno ou uma “bandeira falsa” inventada para justificar o aumento da ferocidade das barragens de mísseis da Rússia na Ucrânia.

Qualquer explicação corre o risco de minar a sensação de segurança entre os russos já abalados por ataques, provavelmente cometidos pela Ucrânia ou por oponentes domésticos, que aumentaram acentuadamente nas últimas semanas.

Dois trens de carga descarrilaram esta semana em explosões de bombas na região de Bryansk, que faz fronteira com a Ucrânia. Notavelmente, as autoridades da região não culparam a Ucrânia, o que poderia ser uma tentativa de encobrir a capacidade ucraniana de realizar sabotagens.

As autoridades da mesma região também afirmaram em março que duas pessoas foram baleadas e mortas por supostos sabotadores ucranianos. Bryansk também sofreu bombardeios transfronteiriços esporádicos, inclusive no mês passado, quando quatro pessoas foram mortas.

Três proeminentes apoiadores da guerra na Ucrânia também foram mortos ou feridos em seu próprio território em outras partes da Rússia. Um carro-bomba na semana passada na região de Nizhny Novgorod, que as autoridades atribuíram à Ucrânia e aos Estados Unidos, feriu gravemente o romancista nacionalista Zakhar Prilepin e matou seu motorista.

No ano passado, Darya Dugina, comentarista de um canal de TV nacionalista, morreu em um carro-bomba perto de Moscou, e as autoridades alegaram que a inteligência ucraniana estava por trás da morte em abril em São Petersburgo do proeminente blogueiro pró-guerra Vladlen Tatarsky, que foi morto quando um bomba dentro de uma estatueta que ele ganhou em uma festa em um restaurante explodiu.

Fonte: www.g1.globo.com

Como a China pode ter ‘descoberto’ as Américas sete décadas antes de Colombo

Getty Images – A possibilidade de que os chineses tenham chegado à America sempre ficou às margens nos livros de história

“Quando Cristóvão Colombo se lançou à travessia dos grandes espaços vazios a oeste da Ecúmena (área habitável da Terra), havia aceitado o desafio das lendas. (….) O mundo era o Mar Mediterrâneo com suas costas ambíguas: Europa, África, Ásia. Os navegantes portugueses asseguravam que os ventos do oeste traziam cadáveres estranhos e às vezes arrastavam troncos curiosamente talhados, mas ninguém suspeitava que o mundo seria, logo, assombrosamente acrescido por uma vasta terra nova”. É assim que o uruguaio Eduardo Galeano começa seu clássico As Veias Abertas da América Latina, livro publicado em 1971 que narra a história da região e seu lugar no mundo.

O escritor, assim como toda a historiografia ocidental, parte da primeira viagem do navegador genovês — entre o porto de Palos, na região da Andaluzia, na Espanha, e a ‘Isla de Guanahaní’ (atual Bahamas), onde sua frota desembarcou na manhã do dia 12 de outubro de 1492 — para contar sobre o primeiro encontro entre aqueles que já habitavam as ilhas do Caribe e exploradores vindos de outras partes do planeta.

O encontro é narrado a partir de Colombo em coletâneas respeitadas, como na História da América Latina organizada pelo historiador britânico Leslie Bethell ou nos volumes de Historia de la Conquista, escritas pelo americano William Prescott na primeira metade do século 18. Com isso, possibilidades alternativas — como a de que os vikings da Groelândia teriam assentado colônias no litoral do Canadá ou de que a “grande terra, fértil e de clima delicioso” supostamente encontrada (e descrita) por um capitão fenício do outro lado do oceano por volta de 500 a. C. era a América — ficaram sempre às margens.

Aquele contato inédito marcaria o início de toda a história da invasão europeia e da posterior colonização dos territórios e povos existentes deste lado do globo e seria também o marco inaugural de uma narrativa hegemônica até hoje em torno de uma “descoberta da América” pela Europa.

Getty Images – China foi tecnologicamente mais avançada que a Europa durante séculos

A “descoberta” chinesa

Há quase duas décadas, no entanto, uma história alternativa da “descoberta” das Américas se espalhou: a de que, ao contrário do consenso historiográfico, frotas encabeçadas por dois almirantes chineses, Zhou Man e Hong Bao, haviam navegado da África até a foz do Rio Orenoco, na atual Venezuela, descendo depois por toda a costa do continente até o do Estreito de Magalhães, ao sul da América do Sul, ainda no ano de 1421 — portanto, 71 anos antes da viagem de Cristóvão Colombo. Eles tinham sido treinados e eram liderados pelo grande navegador chinês daquela época: o eunuco muçulmano Zheng He.

Agora, essas figuras históricas estão sendo evocadas pela alta cúpula do governo chinês, para reafirmar as pretensões globais da potência asiática.

A tese da ‘descoberta’ chinesa, cujas versões já existiam antes, ficou famosa por meio de dois best-sellers escritos pelo ex-comandante da Marinha britânica Gavin Menzies no começo dos anos 2000: 1421: o ano em que a China descobriu o mundo (Bertrand, 2006) e Who Discovered America? The Untold History of the Peopling of the Americas (“Quem descobriu a América? A história oculta da ocupação das Américas”, sem tradução).

Apesar da tese ser fortemente criticada por alguns historiadores pelo trato pouco ortodoxo com as provas históricas, a discussão permanece em aberto entre especialistas do mundo todo. Alguns deles afirmam hoje que, ainda que os chineses não tenham, de fato, navegado pela costa americana antes de Colombo, é possível dizer que eles reuniam meios para fazê-lo.

“Tecnologicamente falando, a China tinha condições de chegar às Américas ou outras terras, e até não podemos descartar que isso tenha acontecido. Muitos navegadores podem ter chegado nelas e morrido no regresso ou sequer ter feito registros das descobertas. No entanto, a questão é que a tecnologia sozinha não responde essa pergunta”, explica Rita Feodrippe, pesquisadora da Escola Naval de Guerra e estudiosa da marinha chinesa.

“Os europeus saíram para explorar o Atlântico porque o Mediterrâneo estava fechado e eles precisavam encontrar novos mercados. A China, ao contrário, tinha um comércio terrestre muito bem estabelecido com a África, com o que hoje chamamos o Oriente Médio e mesmo com a Europa. Como há havia um relativo sucesso comercial, econômico, cultural e migratório, não haveria necessidade de buscar novas terras — mesmo com a tecnologia disponível”, completa.

Getty Images – Hoje a China tenta ampliar sua influência no mundo através de investimentos em infraestrutura

Para Vitor Ido, pesquisador do South Centre, em Genebra, na Suíça, a reação à possibilidade de Colombo não ter sido o primeiro a navegar pelo continente americano também diz muito sobre a hegemonia da narrativa europeia. “Quais são as razões que parecem tornar até inconcebível para a maioria de nós o reconhecimento de que a China poderia ter uma superioridade tecnológica em relação aos europeus naquele período? Essa pergunta mostra nossa maneira de pensar a história”, questiona ele.

O livro polêmico de Gavin Menzies

Menzies, que morreu há cinco meses ainda em meio às críticas dos historiadores, sustentava que, no começo do século 15, por volta de 1403, o imperador chinês Yongle (terceiro da Dinastia Ming) deu a Zheng He a missão de executar a maior volta ao redor do globo que já fora feita até então. O objetivo era ir “até o fim do mundo coletar tributos dos bárbaros espalhados pelo mar”.

Ele deveria treinar navegadores para saírem pelos oceanos enquanto, em paralelo, centenas de ba chuan, navios de dimensões nunca vistas, eram construídos pelo império. Foram eles que, nos anos seguintes, empreenderam seis viagens pelo planeta travando contatos com povos distintos e alcançando terras cujas existências eram desconhecidas. O único lugar ausente do trajeto foi a Europa. As navegações teriam continuado se, em 1424, Zhu Di não tivesse morrido, interrompendo o projeto de expansão e o contato com outras civilizações — uma sétima viagem aconteceria em 1433, depois da sua morte, e uma oitava frota chegou a partir depois, mas sem alcançar mar aberto.

Menzies diz no livro que, ao longo das outras viagens daquele mesmo período, almirantes liderados por Zheng He também pisaram no que hoje é a Austrália — 350 anos antes da expedição britânica liderada pelo capitão James Cook, que chegou à praia de Kamay Botany Bay (hoje um parque nacional em Sydney) em abril de 1770.

Como a maioria dos mapas originais chineses foram destruídos por oficiais do império anos após a morte de Zhu Di, os que restaram apresentam apenas viagens menores feitas à Índia e às outras ilhas do Sudeste Asiático, por exemplo. Os desenhos referentes aos anos de 1421 e 1423 — quando os barcos de Zheng He teriam ido mais longe — podem ser acessados agora, de acordo com Menzies, apenas por meio de reproduções, como uma encontrada por ele. Feita pelo cartógrafo veneziano Zuane Pizzigano, a reprodução mostra as ilhas de Guadalupe e de Cuba, as costas americanas, a Austrália e até a Antártica — e que provavelmente foi usada pelo próprio Colombo para chegar às Antilhas, diz Menzies.

Décadas depois, em 1512, o cartógrafo turco Piri Reis projetou o mapa mundi incluindo não apenas as Américas, mas detalhando o terreno da Patagônia, ao sul do continente. Ele só foi possível, segundo Menzies, pelas informações obtidas décadas antes pelos chineses e já espalhadas pelos territórios da Ásia.

Nessas viagens ausentes dos registros originais, os navios liderados por Zheng He teriam cruzado o Cabo da Boa Esperança antes de Bartolomeu Dias, passado por Cabo Verde, na África, pelas ilhas dos Açores, hoje território português, pelas Bahamas (Caribe) e pelas Malvinas. Ele teria inclusive estabelecido algumas colônias onde hoje são a Austrália, a Nova Zelândia, a Califórnia, a ilha de Porto Rico (EUA) e o México — para onde teria levado os primeiros cavalos. Além disso, supostamente essas colônias foram pioneiras no cultivo de galinhas na América do Sul e na criação de um comércio de diamantes encontrados na Amazônia com o restante do mundo.

Os livros do ex-comandante naval são questionados principalmente pela fragilidade metodológica. “As conclusões extraordinárias do autor são validadas apenas por suas experiências pessoais e pelo relato que ele traz de sua luta para chegar a elas. Esse método é o que torna possível atrair tantos leitores que, de outra maneira, jamais abririam um livro de 500 páginas cujo assunto são os empreendimentos marítimos chineses e a exploração europeia”, diz Robert Finlay, professor emérito de História Mundial da Universidade de Arkansas, nos EUA.

Há ainda críticas às provas utilizadas por ele: em uma extensa análise da obra de Gavin Menzies, o historiador e oficial da Marinha portuguesa, José Manuel Malhão Pereira, e o professor Jin Guoping, especialista em relações lusitanas na China, apontam incoerências que vão das correntes de ventos às coordenadas astronômicas usadas pelos almirantes chineses, passando por erros graves de análise cartográfica — o mapa de Piri Reis, por exemplo, descreve ilhas da África, não do Caribe. Segundo eles, o autor dos best-sellers não apenas tentou “enganar os leitores” como deturpou diversas provas históricas para construir sua argumentação.

Mas há reações ainda menos amistosas, como a de um professor de Cingapura que, na ocasião da “Exibição 1421”, organizada na marina da cidade-Estado em 2005 pelo próprio Menzies a convite do governo local, chamou o livro de “lixo”.

Um mapa antigo

A tese de que os chineses chegaram às Américas antes de Colombo, no entanto, nunca morreu: em 2006, um advogado chinês chamado Liu Gang afirmou à imprensa internacional que tinha encontrado um objeto que a comprovava: um mapa com os cinco continentes do planeta feito em 1763, mas com uma anotação no verso dizendo ser uma reprodução de outro mapa de 1418. O mapa foi comprado por um valor irrisório em uma livraria de Xangai anos antes e Gang dizia que passara aquele tempo estudando a cartografia com outros especialistas. Ele chegou a uma conclusão parecida como a de Menzies: “A informação contida no mapa pode mudar a história”, disse Gang.

Em 2014, outra evidência das descobertas marítimas chinesas surgiu: durante uma expedição à remota ilha de Elcho, na Austrália, uma equipe de arqueólogos do país encontrou uma moeda da Dinastia Qing prensada entre os anos 1735 e 1795. À época, Mike Owen, chefe do trabalho de escavação, chegou a dizer que o objeto aumentava os já fortes indícios de que chineses haviam feito contato com aborígenes da região antes de Cook.

Para Júlia Rosa, que fez mestrado em Estudos Chineses Contemporâneos na Universidade de Renmin, em Pequim, e é cofundadora da plataforma Sh?miàn, a grande questão desse debate também gira em torno das possibilidades chinesas no período.

“Por um lado, a dinastia estava envolvida em projetos de expansão e de exploração de novos mercados para comércio e, por outro, tinha tecnologia para isso, já que a literatura afirma que os navios chineses daquela época eram melhores que os italianos. Assim, se eles soubessem que poderia haver uma terra desconhecida do outro lado do mundo, é possível que teriam tentado alcançá-la”, explica.

“Além disso, há certo consenso de que a China era mais avançada do que a Europa tecnologicamente até o século 14 aproximadamente”, completa.

Rita Feodrippe argumenta que, de fato, a indústria naval da China era uma das mais avançadas do mundo até antes do século 15. “Há muitas fontes históricas que mostram que a China chegou ao século 15 com programas e políticas específicas para seu desenvolvimento naval a nível local, isto é, queria navegar pelo Oceano Pacífico e fazer trocas comerciais com os povos do Sudeste Asiático”, explica ela.

O “retorno” de Zheng He

Há três anos, o nome de Zheng He voltou a sair da boca de um governante chinês: foi durante o discurso de abertura do atual presidente, Xi Jinping, no primeiro Belt and Road Forum (BRF) — evento em que delegados de mais de uma centena de países se reuniram em Pequim em 2017 para discutir projetos de infraestrutura financiados pela China pelo mundo.

Na ocasião, Xi Jinping afirmou que Zheng He foi um dos “pioneiros chineses que entraram para a história não como conquistadores, com navios de guerra, armas ou espadas. Ao contrário, eles são lembrados como emissários amigáveis em caravanas de camelos e navegando em navios repletos de tesouros. De geração a geração, esses viajantes das rotas da seda construíram uma ponte para a paz e cooperação entre o Ocidente e o Oriente”.

Segundo Júlia Rosa, a menção do presidente chinês não foi trivial: em um contexto de disputa geopolítica e de reafirmação no cenário global, com a construção de portos e estradas em países da África, da Ásia e da América Latina, o navegador do século 15 coloca uma das dinastias mais gloriosas da história da China em diálogo com as pretensões atuais do Partido Comunista — que governa o país desde a metade do século 20.

“Como na dinastia Ming havia uma participação intensa da China para além do seu território, não necessariamente em conflitos bélicos, mas em trocas comerciais com seus vizinhos. Zheng He é alçado como a figura que ilustra as pretensões da China de hoje: se engajar com outras populações por meio de trocas positivas, de ganhos mútuos, de comércio pacífico”, explica.

“Assim, Zheng He é um exemplo usado para dizer que a China já realiza esse tipo de contato com outros povos há muito tempo”, completa Rosa.

Vitor Ido, do South Centre, conta que a retomada de símbolos nacionais, como Zheng He, também faz parte de outra ambição chinesa. “O país tem feito isso também com Confúcio, por meio do Instituto Confúcio, para expandir o chamamos de soft power, mesmo que o governo tenha uma interpretação muito específica do confucionismo, assim como da história do Zheng He. Esse processo todo, de qualquer forma, me parece muito importante na China contemporânea”.

Para Rita Feodrippe, o navegador chinês é o símbolo perfeito de um país que, nas geopolítica atual, enxerga no mar o principal caminho para seu desenvolvimento econômico.

“Desde a entrada da China na OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001, houve uma ressignificação do mar. Eles não queriam depender de empresas de navegação ou usar rotas marítimas que são controladas financeiramente por potências ocidentais e, para isso, desenvolvem toda uma indústria naval e seu entorno para garantir o principal: importar e exportar muito e da forma mais barata possível. A associação com Zheng He está aí: era um chefe naval que liderava embarcações com capacidade para levar grandes mercadorias, mas não exércitos, para outros lugares do mundo”, analisa.

Fonte: www.correiobraziliense.com.br

 

Por que tantos brasileiros estão se mudando para o Paraguai

Arquivo pessoal – Felipe Monteiro, de Mazagão (AP), está cursando o quinto ano da faculdade de medicina no Paraguai

Quando tinha 17 anos, Felipe Monteiro soube na sua terra natal, a cidade de Mazagão, no Amapá, que um conterrâneo havia estudado Medicina no Paraguai e, hoje, exerce a profissão no Brasil. Agora, aos 24 anos, Monteiro cursa o quinto ano da faculdade de Medicina no país vizinho. Ele é um dos milhares de brasileiros que hoje se preparam para essa carreira no Paraguai. Os brasileiros são quase a totalidade entre os universitários de Medicina, de acordo com estimativas oficiais. “Na minha sala, somos 80 alunos e só 2 são paraguaios. Tem aluno de Santa Catarina, do Rio de Janeiro, de Rondônia, do Acre, do Amazonas”, conta Monteiro à reportagem.

A carreira universitária é um dos vários exemplos da forte presença brasileira no Paraguai, onde os principais motores da economia – do agronegócio ao setor têxtil e de autopeças, entre outros – têm participação decisiva de investidores brasileiros, de acordo com autoridades do governo, empresários e analistas ouvidos pela BBC News Brasil.

E o que tem motivado essas mudanças? Estudantes relatam custos de estudo mais interessantes no Paraguai e empresários e investidores são atraídos pelo sistema de impostos, facilidades para exportação ao Brasil, oferta de energia elétrica e de mão de obra (leia mais relatos abaixo).

A ampla presença brasileira hoje no Paraguai já não está restrita aos chamados “brasiguaios”, termo usado para se referir a brasileiros que se estabeleceram no país, principalmente, no setor da soja, explica o economista Fernando Masi, diretor do Centro de Análise e Difusão da Economia Paraguaia.

Em 2021, segundo os dados mais recentes do Itamaraty, o Paraguai é o primeiro destino dos imigrantes brasileiros na América Latina, com cerca de 246 mil pessoas. O número representa quase 30 mil brasileiros a mais vivendo no país vizinho do que em 2016. Mas estimativas locais apontam que o número pode ser na realidade muito maior que o oficial, já que nem todos se registram nos consulados, que são a base para o levantamento do Itamaraty.

A presença brasileira no Paraguai representa quase a metade do total de 596 mil brasileiros que moram em outros países da América do Sul. Com uma população de 6,7 milhões de habitantes, o Paraguai tem, por exemplo, praticamente o triplo de cidadãos do Brasil do que a Argentina, que tem quase 46 milhões de habitantes e, oficialmente, 90 mil brasileiros.

No mundo, Paraguai é o terceiro país, depois dos Estados Unidos (1,9 milhão) e de Portugal (275 mil), com a maior comunidade brasileira. A maior concentração fica em Ciudad del Este, onde vivem 98 mil brasileiros, mais do que os 80 mil de Buenos Aires, segundo dados oficiais.

‘Praticamente em casa’

O universitário Felipe Monteiro vive em Ciudad del Este, onde frequenta uma igreja evangélica fundada por brasileiros. Ele diz que se sente praticamente em casa. “Moro a dois quilômetros da Ponte da Amizade (que liga Ciudad del Este a Foz de Iguaçu, no Brasil), e, aqui, os paraguaios falam português”, afirma Monteiro, que pretende ser o primeiro médico da família.

O preço da universidade e o custo de vida no Paraguai foram os motivos que o levaram a viver no país. “Tenho uma prima que estuda Medicina em uma universidade particular em Belém e paga mensalidade de R$ 8 mil reais. Aqui, comecei pagando R$ 1,2 mil e, agora, são R$ 1,9 mil, porque há um aumento anual à medida que passamos de ano. Mas é acessível”, diz.

Seu colega no quinto ano de faculdade, o cearense Pedro Nogueira, de 38 anos, era formado e trabalhava como administrador de empresas quando vendeu o que tinha para estudar Medicina em outro país vizinho, a Argentina. Mas ele conta que a escalada inflacionária argentina o levou a pedir transferência para a na Universidade Integración de las Américas, no Paraguai.

Arquivo pessoal – ‘Ficou caro e pedi transferência para cá. Mesmo assim, está valendo muito a pena’, diz Pedro Nogueira sobre mudança da Argentina para o Paraguai

“Na Argentina, era inadmissível não falar espanhol na sala e nas provas orais. No Paraguai, é diferente. Todo mundo fala português. Hoje, agradeço a metodologia argentina. Mas ficou caro e pedi transferência para cá. Mesmo assim, está valendo muito a pena”, diz Nogueira.

Ele calcula que, entre a mensalidade e os gastos cotidianos, incluindo aluguel, suas despesas giram em torno de R$ 3,5 mil. “Já vi gente no Brasil não disfarçar o preconceito quando contei que estudo Medicina no Paraguai. Mas meu plano é ser um médico como os outros que estudaram no Brasil ou em qualquer lugar. Tenho parentes médicos que estudaram na Bolívia, revalidaram o diploma e, hoje, exercem a profissão no Brasil”, afirma.

O Conselho Nacional de Educação Superior (Cones), responsável pela educação universitária no Paraguai, estima que 30 mil estudantes cursem Medicina nas universidades públicas e privadas paraguaias, “dos quais 95% a 97% seriam de origem brasileira”. A maioria dos universitários brasileiros está concentrada, principalmente, nas universidades privadas, segundo a assessoria de imprensa do Cones. De acordo com o órgão paraguaio, houve um boom de novas instituições privadas de ensino superior no país entre 2006 e 2010, com a abertura de 28 universidades e 23 institutos superiores, a maioria na área da saúde.

‘Eldorado empresarial’

No âmbito empresarial e de investimentos, o Paraguai é visto como um “eldorado”, como define o diretor da Câmara de Comércio Paraguai Brasil, Junio Dantas, à BBC News Brasil. “É um país que oferece muitas oportunidades, principalmente para os Estados vizinhos, como o Paraná, Mato Grosso do Sul e também Santa Catarina. O Paraguai é um país que dá uma vantagem competitiva muito grande na parte fiscal.”

Dantas, que tem uma empresa de tecnologia no país, diz que há brasileiros em todas as áreas, principalmente no agronegócio. “A mão de obra aqui é abundante. É muito bom trabalhar com os paraguaios. A energia elétrica é muito barata, porque é abundante. A proximidade com o Brasil ajuda bastante e o sistema de impostos torna o país atraente e competitivo para investimentos”, diz.

O Paraguai compartilha a hidrelétrica de Itaipu com o Brasil e a de Yacyretá com a Argentina. O país possui leis de incentivo fiscal e de geração das chamadas maquilas, que fazem parte da cadeia produtiva entre os dois países, como explica à BBC News Brasil o vice-ministro de Indústria do Ministério da Indústria e Comércio, Francisco Ruiz Díaz.

As maquilas paraguaias foram criadas para atrair investimentos e gerar empregos, diz Ruiz Díaz. Nesse regime, as empresas importam insumos que são usados em uma fábrica no Paraguai e os exportam transformados no produto final, sem pagar impostos e pagando apenas 1% como seguro da operação realizada, explica o vice-ministro.

A inspiração para este modelo veio do sistema mexicano em sua aliança comercial com os Estados Unidos. “Setenta por cento das exportações do Paraguai para o Brasil são resultado da maquila. Um exemplo é o setor têxtil. As empresas brasileiras trazem a linha do Brasil, fabricam o tecido aqui e o enviam para as confecções no Brasil”, afirma.

Getty Images – Paraguai é o terceiro país, depois de EUA e Portugal, com a maior comunidade brasileira

Os brasileiros, diz o vice-ministro, estão presentes nas áreas de bioetanol, de grãos e de carnes, por exemplo. “No caso da carne bovina, temos aqui frigoríficos brasileiros que exportam o produto para o Brasil e outros países”, afirma.

Dantas, da Câmara de Comércio Paraguai Brasil, diz que a entidade estima que cerca de 400 mil brasileiros estejam presentes no Paraguai, principalmente na região da fronteira – número bem maior do que o contabilizado pelo Itamaraty.

Mas por que esta forte presença brasileira no país vizinho? Ruiz Díaz diz que isso é resultado de um processo que se acelerou a partir de 2003-2004, com o boom das commodities. Ele lembra que, até os anos 1940, o Paraguai era um país dependente das exportações para a Argentina. Mas, nas décadas seguintes, sucessivos governos passaram a buscar maior aproximação com o Brasil, com a estratégia de aumentar a população na região de fronteira, com o estímulo da distribuição de terras.

No entanto, com as dificuldades geradas pela falta de infraestrutura, muitos desistiram desses terrenos ou os venderam por preços baixos. Com o passar dos anos, esta região passou a prosperar, e leis criadas nos anos 1990, diz o vice-ministro, como as de incentivos fiscais e de maquila, passaram a ser aproveitadas nos anos 2000 – principalmente pelos investidores brasileiros, quando começaram a precisar de máquinas para desenvolver seus empreendimentos no território paraguaio.

Ruiz Díaz acrescenta que as sucessivas crises econômicas argentinas acabaram complicando a aproximação e o intercâmbio com esse outro país vizinho. “Quando a gente olha para a história do Brasil e da Argentina, o Paraguai é, entre todos os países do Mercosul, o que mais demorou em se desenvolver”, diz.

Para ele, seu país passou a ser atraente não só pela simplificação fiscal, mas pelas oportunidades que existem no país. “Quando olhamos os números…Em 2003, na área de maquila, as exportações eram de US$ 5 milhões (anuais) e, agora, superam US$ 1 bilhão. Vinte vezes mais”, disse.

Para Ruiz Díaz, no caso das maquilas, ou maquiladoras, a guinada ocorreu a partir de 2013, com a instalação de empresas de autopeças no Paraguai que exportam o produto às montadoras no Brasil.

“O Paraguai tem energia abundante e a mais barata da região, mão de obra farta, um sistema de impostos amigável, vantajoso. Isso permitiu que o Brasil se abastecesse de matéria-prima em condições muito competitivas.” O país conta hoje com a presença de empresas de vários países além do Brasil, como Japão, Alemanha e Estados Unidos.

Além da maquila e do sistema de impostos, Ruiz Díaz aponta que as reformas econômicas, que incluíram metas inflacionárias e fiscais, foram realizadas nos anos 2000 e mantidas ao longo deste tempo, contribuindo para gerar confiança entre investidores estrangeiros.

Desafios

Fernando Masi, do Cadep, diz, porém, que o próximo governo, que será eleito no dia 30 de abril, deverá buscar alternativas para ampliar a arrecadação de impostos para os investimentos necessários em infraestrutura e na área social. “A arrecadação tributária é muito baixa no Paraguai. Mas seja quem for, o eleito manterá a mesma política de equilibro macroeconômico que vem sendo aplicada no país”, afirma.

Pesquisas indicam que a disputa para a Presidência será principalmente entre Santiago Peña, do governista Partido Colorado, e Efraín Alegre, da opositora Concertación. Segundo Masi, a expectativa é que a economia paraguaia cresça entre 4,5% e 5% em 2023, bem acima da previsão de 1,4% para o Brasil, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Um dos principais desafios do Paraguai, disse o analista, é combater a pobreza, que atinge 27% da população, e a desigualdade social.

Masi acrescenta que a presença brasileira é hoje “muito mais visível” e diversificada do que até recentemente. “Antes, eram os chamados brasiguaios, que se dedicavam ao cultivo da soja. Hoje, são investidores em frigoríficos, em maquila, que está concentrada principalmente em autopeças, têxtil e plástico e gera muitos empregos no Paraguai. E, agora, estão também os estudantes, com uma forte presença em diferentes áreas, nos últimos dez anos”, diz o analista.

Dantas, da Câmara de Comércio Paraguai Brasil, que já morou em países da África e em Portugal e se estabeleceu no país vizinho há 25 anos, observa que a presença brasileira está sendo decisiva para a industrialização do Paraguai. “São mais de 200 maquiladoras operando no país. Entre 70% e 80% são de origem brasileira, o que demonstra a força do empresariado brasileiro no Paraguai.”

Fonte: www.bbc.com BBC News Brasil