Detetives alemães querem resolver caso Madeleine McCann em 2021

O caso mais famoso de desaparecimento de criança no mundo pode ter seu ponto final em 2021. Os detetives alemães que trabalham no caso da britânica Madeleine McCann pretendem finalizar as investigações no próximo ano. Segundo o site The Sun, a polícia irá interrogar o principal suspeito pelo desaparecimento no dia 31 de dezembro. Acusado de estupro e pedofilia, Cristian B. teria relatado a um colega de prisão que foi o responsável pelo sequestro e pela morte da garota de três anos em 2007. Essa será a primeira vez que ele será interrogado pelos investigadores.

“Os oficiais alemães esperavam que, a essa altura, eles já tivessem encontrado as peças que faltavam no quebra-cabeça que precisam para vincular (Christian B) ao desaparecimento de Madeleine. Mas eles continuam tão determinados como sempre e não haverá absolutamente nenhuma pausa no Ano Novo. A polícia alemã não vai tirar o pé do acelerador”, disse uma fonte próxima do caso ao jornal. O caso voltou à tona neste ano quando novas pistas levaram a Cristian e a um terreno baldio no interior da Alemanha, mas nenhum resto mortal foi encontrado. Porém, a polícia afirma ter “evidências concretas” de que Madeleine está morta.

“As relações entre a Alemanha e Portugal continuam muito ruins. Os policiais na Alemanha sabem que suas suspeitas só serão percebidas por meio de trabalho árduo e policiamento à moda antiga”, emendou a fonte. Os investigadores devem retornar ao resort na Praia da Luz, em Portugal, onde o desaparecimento aconteceu.

Jovem Pan

Gasto de Bolsonaro com cartão corporativo supera Temer e fica perto de Dilma

A média de gastos da Presidência da República com cartão corporativo segue alta no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) mesmo diante da atual pandemia do coronavírus, que afetou a atividade econômica e estabeleceu o isolamento social.

Até novembro deste ano, fatura mais recente divulgada pelo Portal da Transparência, o atual governo teve uma média mensal de desembolso superior à de Michel Temer (MDB) e próxima à de Dilma Rousseff (PT).

Na gestão atual, foi gasto em média até agora R$ 672,1 mil por mês, o que representa uma alta de 51,7% em relação ao governo do emedebista. A despesa em relação à administração da petista foi 2,6% menor.

Por mês, Dilma teve uma média de gastos de R$ 690,2 mil, enquanto Temer despendeu R$ 442,9 mil. Os dados são do Portal da Transparência do governo federal, que reúne informações de 2013 a 2020. Os valores foram corrigidos pela inflação do período.

Dilma, Temer e Bolsonaro tiveram as mesmas regras para uso dos cartões. Não houve mudança nos critérios desde 2008, segundo o Palácio do Planalto.

Naquele ano, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou restrições, como limitação de saques, diante de compras abusivas realizadas com esse recurso.

Antes de assumir o governo, a equipe de Bolsonaro chegou a avaliar o fim desses cartões, que desencadearam um escândalo político com auxiliares do ex-presidente Lula. Os cartões corporativos, porém, ainda continuam funcionando —e sem o detalhamento dos desembolsos.

Neste ano, até o mês de novembro, o presidente desembolsou mais no cartão corporativo do que no ano passado. Ele gastou R$ 7,86 milhões, contra R$ 7,6 milhões em 2019, seu primeiro ano de mandato.

No início deste ano, Bolsonaro justificou que teve um gasto alto em fevereiro, de R$ 1,9 milhão, porque, segundo ele, saiu do cartão corporativo um desembolso de R$ 739 mil para financiar o resgate de brasileiros que estavam em Wuhan, na China, onde foram registrados os primeiros casos do coronavírus.

Sem a despesa com a operação de resgate, o presidente gastou, ainda assim, uma média de R$ 640 mil por mês com o cartão —44,5% a mais que Temer e 7,3% abaixo de Dilma.

Procurado, o Palácio do Planalto afirmou que a maior parte dos gastos no cartão de Bolsonaro se refere a custos por causa de viagens pelo país e internacionais.

Também há a cobertura de desembolsos para eventos e manutenção da residência oficial, o Palácio da Alvorada, cujo dispêndio, segundo o governo, tem sido menor que o dos antecessores (Dilma e Temer).

Os cartões corporativos costumam ser usados, entre outras despesas, para financiamento de operações de segurança durante deslocamentos presidenciais.

Eles também são empregados para a compra de materiais, prestação de serviços e abastecimento de veículos oficiais, além de eventos na residência oficial.

Como a lista de despesas não é divulgada, não é possível saber o peso de cada atividade nas contas mensais.

As comparações são com base nas faturas do CPGF (Cartão de Pagamento do Governo Federal) da Secretaria de Administração da Presidência da República, que cuida das despesas de Bolsonaro, da família dele e de funcionários próximos, por exemplo, da Casa Civil.

Em maio, a Folha mostrou que Bolsonaro havia gastado, até então, mais que Dilma e Temer na comparação pela média por mês. De abril a julho, as despesas do presidente com o cartão recuaram. Na época, o Brasil adotou medidas mais duras para tentar conter a Covid-19.

Em julho, quando Bolsonaro testou positivo para Covid-19, a conta do cartão chegou ao nível mais baixo de seu governo.

As faturas, no entanto, mostram que houve um crescimento das despesas vinculadas ao gabinete do presidente e a funcionários do Palácio do Planalto a partir de agosto.

O aumento coincide com o início de estratégia do presidente de intensificar a agenda de viagens pelo país na tentativa de evitar nova queda em seus índices de popularidade. Como mostrou o Datafolha, a aprovação caiu no início da pandemia, mas se recuperou no segundo semestre.

Só em agosto, como mostra a agenda oficial, Bolsonaro fez dez viagens, o maior número de deslocamentos no ano.

Ele desembarcou em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Pará, Sergipe e Rio Grande do Norte. Nos meses seguintes, Bolsonaro fez uma média de sete viagens mensais.

O cartão corporativo foi criado em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ele é distribuído a pessoas que ocupam postos-chave da gestão pública e cobrem despesas de urgência pela compra de produtos e serviços ou pela cobertura de gastos de viagens.

A Vice-Presidência tem cartões próprios, cujos custos são separados. Segundo o governo, as faturas da Secretaria de Administração da Presidência da República só incluem os gastos do vice-presidente quando ele exerce a função do presidente —por exemplo, se Bolsonaro está em viagem internacional.

Os valores totais das despesas do cartão da Presidência da República são divulgados, mas há sigilo sobre a maioria dos gastos, como alimentação e transporte. O argumento é de que são informações sensíveis da rotina presidencial e que a exposição pode colocar o chefe do Executivo em risco.

Em agosto do ano passado, Bolsonaro prometeu mostrar aos veículos de imprensa o extrato de seu cartão corporativo pessoal, mas até hoje não o fez. “Eu vou abrir o sigilo do meu cartão. Para vocês tomarem conhecimento quanto gastei de janeiro até o final de julho. Ok, imprensa? Vamos fazer uma matéria legal?”, afirmou na época.

Na transição de governo, o atual ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, chegou a defender o fim dos cartões corporativos, só que a proposta não teve o apoio de toda equipe do presidente e o benefício foi mantido.

No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou trechos de um decreto de 1967 para dar transparência a gastos do Palácio do Planalto, inclusive com cartões corporativos. No entanto, o Palácio do Planalto afirma que a decisão não se aplica aos gastos com o cartão.

“A resistência do presidente da República em dar transparência aos gastos do cartão corporativo da Presidência é inadmissível, e a sociedade deve continuar cobrando”, avalia a ONG Transparência Internacional, reforçando que o sigilo deve existir apenas quando envolver verdadeiramente risco de segurança. “Para todo o resto, a transparência deve ser a regra”, completou.

Para a Artigo19, ONG internacional que defende o direito à liberdade de expressão e acesso à informação, a postura do Palácio do Planalto dificulta o acesso à informação, que é essencial para o exercício da cidadania.

“Esses gastos são vinculados ao orçamento estatal e devem, portanto, seguir a premissa de publicização e controle externo, especialmente no contexto de austeridade imposto à população pelos dirigentes estatais”, afirmou a entidade.

FolhaPress

Bruno Covas sanciona lei que aumenta seu próprio salário em 46%

O projeto de lei que estabeleceu o aumento foi aprovado ontem (23) em segunda votação na Câmara Municipal de São Paulo, com 34 votos a favor, 17 contra e uma abstenção. Segundo a casa legislativa, a atualização proposta no projeto está abaixo da inflação acumulada no período.

A prefeitura de São Paulo disse, em nota, que “o novo teto salarial do município, que só entrará em vigência em 2022, está defasado desde 2012, ano da última correção. Nesse período, que completa 8 anos, a inflação acumulada chegou a 63,11% pelo IPCA e 100,41% pelo IGP”.

Além do salário do prefeito, a lei estabelece novos salários para o vice, passando de R$ 21,7 mil para R$ 31.915,80, e para os secretários municipais, de R$ 19.340,40 para R$ 30.142,70.

A vereadora eleita Erika Hilton informou em suas redes sociais que, junto à bancada do PSOL da Câmara de São Paulo, acionou a Justiça paulista nesta quarta-feira (23) contra o aumento salarial do prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB), de seu vice Ricardo Nunes (MDB) e dos secretários municipais.

O deputado estadual Gil Diniz (PSL) informou, também em rede social, que impetrou um mandado de segurança para derrubar o aumento salarial aprovado pela Câmara.

Agência Brasil

Flávio Bolsonaro renuncia a cargo na Mesa Diretora do Senado

 Foto: Sérgio Lima

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) renunciou ao cargo de terceiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, que ocupava desde 2019. Ele não informou o motivo da saída.

O filho do presidente Jair Bolsonaro enfrenta denúncia do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), referente ao caso das rachadinhas. É ainda alvo de representações no Conselho de Ética do Senado.

Flávio enviou um ofício ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) em 11 de dezembro, comunicando que deixaria o cargo em 14 de dezembro.

Uma nova mesa diretora será eleita em fevereiro de 2021, junto com a eleição para a presidência do Senado.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, autorizou em 12 de outubro a abertura de uma investigação preliminar sobre a atuação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na defesa de Flávio no caso das rachadinhas.

O senador é suspeito de comandar um esquema que desviava salários de funcionários do seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) quando era deputado estadual. Flávio nega as acusações.

A Abin teria, a partir de acesso ilegal a informações da Receita Federal, preparado 2 relatórios com orientações sobre como obter documentos para embasar um pedido de anulação do caso na Justiça.

A PGR (Procuradoria Geral da República) está investigando se o presidente Jair Bolsonaro usou órgãos do governo para a defesa do filho.

Os supostos relatórios da Abin detalhariam o funcionamento de uma organização criminosa que atua na Receita Federal em uma suposta operação contra Flávio.

O ministro Augusto Heleno (Segurança Institucional) e a Abin enviaram em 15 de dezembro uma manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal) negando que o órgão tenha produzido os relatórios. O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) já havia negado a produção do relatório.

Em 18 de dezembro, a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o prazo de 30 dias para que Aras informe à Corte  as “ações efetivamente adotadas para a elucidação dos fatos”. Também estabeleceu 15 dias para que a AGU (Advogado Geral da União) e a PGR se manifestem sobre o caso.

Eis a íntegra do despacho enviado por Flávio Bolsonaro:

“Brasília, 11 de dezembro de 2020.

A Sua Excelência o Senhor Senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal

Assunto: Informo que renuncio ao cargo de terceiro-secretário

Senhor Presidente,

Venho à presença de Vossa Excelência, como integrante da Mesa Diretora dessa Casa, para apresentar a minha renúncia ao cargo de Terceiro-Secretário, a partir de 14 de dezembro de 2020.

Atenciosamente,

Flávio Bolsonaro”

Crivella é o 7º líder político preso ou afastado no RJ em 4 anos; leia a lista

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

prisão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) na manhã desta 3ª feira (22.dez.2020) aprofundou uma estatística negativa no Rio de Janeiro.

Nos últimos 4 anos, 7 políticos que ocuparam os cargos de governador ou prefeito da capital do Estado foram presos ou afastados do mandato.

O último foi Wilson Witzel (PSC), eleito para o governo do Estado em 2018. Em 28 de agosto, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou seu afastamento imediato por supostas irregularidades na saúde pública.

Eis a lista:

  • Wilson Witzel (governador entre 2019 e 2020): afastado em agosto de 2020, é acusado por corrupção em contratos públicos do Executivo fluminense. Ele não foi alvo de mandados de prisão. Seu vice, Cláudio Castro (PSC), assumiu o cargo.
  • Luiz Fernando Pezão (governador entre 2014 a 2018): preso em novembro de 2018, foi condenado por abuso de poder político e econômico por conceder benefícios financeiros a empresas como contrapartida a doações para a campanha eleitoral de 2014.
  • Sérgio Cabral (governador entre 2007 a 2014): preso em junho de 2017, foi condenado em 11 ações penais da Lava Jato e tem pena total de 233 anos e 11 meses de prisão. Está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
  • Anthony Garotinho (governador entre 1999 e 2002): preso 5 vezes desde que saiu do cargo, é acusado por crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. Responde aos processos em liberdade.
  • Rosinha Garotinho (governadora entre 2003 e 2006): presa em novembro de 2017 junto com o marido por crimes eleitorais. Ficou presa por 1 semana. Foi condenada em janeiro de 2020, mas recorreu e responde ao processo em liberdade.
  • Moreira Franco (governador entre 1987 a 1991): preso em março de 2019 em um desdobramento da operação Lava Jato, sob acusação de negociar o pagamento de propina, no valor de R$ 1 milhão, à Engevix em obras relativas à usina nuclear Angra 3. Permaneceu por 4 noites na cadeia e responde ao processo em liberdade.

Todos os governadores eleitos do Rio de Janeiro que ainda estão vivos foram presos ou afastados. Nilo Batista e Benedita da Silva, vice-governadores que ocuparam o cargo após a saída dos titulares, são os únicos que não respondem a processos judiciais.

Poder 360

Funcionários fantasmas de Flávio receberam R$ 651 mil em vale-alimentação

Denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro no caso da rachadinha, doze ex-assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa (Alerj), citados pelos promotores como funcionários fantasmas, receberam ao menos 651.410 reais (sem correção monetária) apenas em auxílio-alimentação.

Trata-se de um benefício que, atualmente, pode chegar a até 180 reais por dia útil e é pago diretamente na conta bancária do servidor, sem ser contabilizado no contracheque. Com isso, não se sabe a quem os deputados destinam a verba, o que torna o pagamento uma verdadeira “caixa-preta”. Na prática, esses recursos se somam aos salários e engordam as remunerações mensais sem que haja nenhum desconto em folha como contrapartida. Ao contabilizar as remunerações para a denúncia e cravar a existência da rachadinha — desvio de parte dos salários dos servidores -, os promotores levam em conta o vale-alimentação.

Para chegar às cifras do benefício destinadas aos ex-assessores desde 2011, ano a partir da qual a Assembleia tem os dados consolidados, VEJA cruzou informações obtidas junto à Alerj por meio de Lei de Acesso à Informação e das quebras de sigilo bancário que constam na denúncia da rachadinha, apresentada em outubro à Justiça do Rio. Os totais são ainda maiores porque não há, no documento do MP, dados bancários relativos a todo o período de nomeação de todos os assessores. Em comum, os doze assessores tidos como fantasmas foram indicados por Fabrício Queiroz, denunciado como operador do esquema.

O auxílio-alimentação é gerenciado por meio de cotas, que eram de 40 reais e passaram para 60 reais em 2018. Cada deputado tem 28 delas por dia e destina aos assessores à sua escolha. Há um limite de duas cotas por pessoa, por dia útil. Motoristas podem receber até três. A Alerj tem aumentado exponencialmente seus gastos com auxílio-alimentação. Houve um crescimento de 91% entre 2014 e 2019 (49,1 milhões de reais contra 93,9 milhões no ano passado, em valores corrigidos).

A ex-funcionária que mais recebeu foi Flávia Regina Thompson da Silva, parente de um bombeiro amigo de Queiroz. Nomeada no gabinete de Flávio entre abril de 2007 e janeiro de 2019, ela ganhou quase 100 mil reais como benefício. Na casa dela, foram apreendidos seis comprovantes de depósitos, num total de 32,7 mil reais, realizados na conta do ex-assessor e uma anotação manuscrita, em extrato bancário datado de agosto de 2018, no qual ela “comemora” o fato de que, a partir daquela data, passaria a reter o valor mensal de 1.400 reais – 300 reais a mais do que antes. Ao lado, havia um emoji “\o/”, sinal de celebração. O MP estima que Flávia disponibilizou 690.682 reais para a organização criminosa. Na reta final de sua passagem pela Alerj, ela estava recebendo quase 2.000 reais somente com o benefício.

Pelo levantamento, a segunda funcionária denunciada que mais recebeu foi Danielle Mendonça, ex-mulher de Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro na Bahia e apontado como chefe do grupo miliciano Escritório do Crime. A Alerj repassou a ela 94.601 reais. A mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, recebeu 10 mil reais. Raimunda foi nomeada para o gabinete de Flávio na Assembleia em abril de 2016 e Danielle, em setembro de 2007. As duas ficaram até novembro de 2018. Em mensagens obtidas pelo MP, do final do ano de 2017, Queiroz já demonstrava preocupação com a possibilidade de a imprensa descobrir, em meio às eleições de 2018, a nomeação de Danielle no gabinete do Zero Um.

O policial civil Jorge Luis de Souza e o policial militar Agostinho Moraes, ambos amigos de Queiroz, receberam, respectivamente, 67.691 reais e 78.435 reais em auxílio-alimentação. Agostinho foi o único ex-funcionário a atender à convocação do MP para prestar depoimento, no qual confirmou não comparecer à Alerj e nem se submeter a qualquer controle de ponto. Alegou que trabalharia em “uma espécie de regime de plantão”, juntamente com Queiroz e Jorge Luis.

Somente a família de Queiroz – a mulher, Márcia Aguiar, e as filhas Nathália e Evelyn – recebeu da Alerj 172.167 reais em auxílio-alimentação. Se forem contabilizados os valores obtidos pelo ex-assessor (141.152 reais), que não era funcionário fantasma e trabalhava diariamente, e de sua enteada, Evelyn Mayara (24.853 reais), que não foi denunciada, mas há evidências de que não dava expediente no gabinete de Flávio, o total recebido pela família sobe para 338.172 reais.

Ex-vizinhas de Queiroz, Sheila Vasconcellos e Luiza Paes receberam da Alerj em auxílio-alimentação 56.000 reais e 9.284 reais, respectivamente. Sheila ficou lotada no gabinete de Flávio por mais tempo – de 2009 a 2016 – enquanto Luiza, única a confirmar ao MP a existência da rachadinha, ficou nomeada entre agosto de 2011 e abril de 2012 como funcionária do Zero Um. Depois, passou por outros setores da Casa. Encerra a lista o policial militar reformado Wellington Sérvulo, que recebeu 6.276 reais. Ele foi lotado no gabinete de Flávio entre abril de 2015 a setembro de 2016, mas, em boa parte desse período, estava em Portugal com a família.

Em nota, sem citar especificamente o caso do benefício, a defesa de Flávio Bolsonaro disse que “todas as contratações feitas pela Alerj, até onde o parlamentar tem conhecimento, seguiam as regras da Assembleia Legislativa” e que “qualquer afirmação em contrário não passa de fantasia e ficção”. A defesa de Queiroz e de seus familiares afirma que os recebimentos dos valores de auxílio-alimentação estão dentro da legalidade porque faziam parte da “regular execução das atribuições dos cargos que ocuparam e para os quais foram regularmente nomeados e empossados”.

Carrefour anuncia doação de R$ 25 milhões após distribuir R$ 482 milhões a acionistas

Foto: Reprodução Folhapress

No mesmo dia em que anunciou a instituição de um fundo de R$ 25 milhões para fomentar ações de combate ao racismo no Brasil, nesta segunda-feira (23), o Carrefour pagou a segunda e última parcela dos lucros distribuídos pela empresa a seus acionistas neste ano. Eles receberam R$ 482 milhões ao todo. O grupo francês que controla a rede de supermercados teve direito a R$ 345 milhões e a Península, da família do empresário Abílio Diniz, ficou com outros R$ 37 milhões.

O Carrefour promete apresentar nesta quarta (25) os critérios que adotará na distribuição do dinheiro do novo fundo, anunciado como resposta à onda de indignação causada pela morte de Beto Freitas, espancado e asfixiado por seguranças de uma loja do supermercado em Porto Alegre, na quinta (19).

A empresa diz que doará também os resultados obtidos com suas vendas em todas as lojas do país na sexta (20). No ano passado, o Carrefour lucrou R$ 1,98 bilhão no Brasil. Neste ano, os resultados contabilizados nos primeiros nove meses indicam uma alta de 49,6% nos lucros da rede.

As maiores companhias americanas se comprometeram com doações significativas nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial em maio. Informações de 58 empresas compiladas pelo site Axios indicaram compromissos de US$ 3,3 bilhões até setembro.

O Walmart, maior rede de supermercados dos EUA, prometeu investir US$ 100 milhões em iniciativas focadas na promoção da equidade racial nos próximos cinco anos. O atacadista Costco destinou US$ 25 milhões a instituições financeiras lideradas por negros e comunidades locais. A Target anunciou doação de US$ 10 milhões.

Para Giovanni Harvey, presidente do conselho deliberativo do Fundo Baobá, que apoia projetos de promoção da equidade racial, o mais importante não é o dinheiro do Carrefour. “Eles precisam dizer o que vão fazer na operação para que isso não se repita”, diz. “Deveriam buscar medidas com impacto real no sistema de varejo do Brasil.”

Folhapress