Assassinato de reputações

 o advogado criminalista antonio carlos de almeida castro, o kakay
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o advogado criminalista antonio carlos de almeida castro, o kakay

Depois de seis longos anos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal arquivou definitivamente uma investigação irresponsável, com viés político e sem nenhum fundamento, envolvendo seis Senadores da República. O caso ficou conhecido como o Quadrilhão do PMDB no Senado. Nome midiático escolhido para tentar criminalizar a política, um dos objetivos da mafiosa operação Lava Jato. Tal investigação fez a espetacularização da justiça ao instrumentalizar o Judiciário e o Ministério Público. Corromperam o sistema de justiça e promoveram muitas iniquidades.

Como advogado de quatro Senadores, no mencionado inquérito, um deles ex-Presidente da República, gostaria de tecer breves considerações que passam ao largo da visão vingativa e punitivista da maioria. Em primeiro lugar, a decisão de abrir uma investigação contra os políticos mais prestigiados do país seguia uma lógica de poder. Era necessário matar a “velha política” para que seus “críticos” se apresentassem como a nova opção. Com rara hipocrisia e senso de oportunismo. Isso foi cristalizado com as eleições do Bolsonaro, do Moro e do Deltan. Por felicidade, o nível escatológico dos que foram eleitos em decorrência do desastre da operação Lava Jato não permitiu que esse esquema de corrupção da democracia se fortalecesse.

A estratégia era criminalizar a política, desmoralizar seus tradicionais integrantes e se apresentar como uma nova alternativa. Algo messiânico com os pés no fascismo. E tiveram êxito em um primeiro momento. Foi exatamente com esse movimento que elegeram Bolsonaro para Presidente e escolheram o Moro para Ministro da Justiça. Caíram – e ainda estão caindo – de podres, mas conseguiram chegar ao poder. Caso não fossem medíocres e corruptos, poderiam se perpetuar no comando com o falso discurso apolítico. Interessante notar que as operações espetaculares e midiáticas contra os Senadores fizeram com que quase todos perdessem as eleições. Dos quatro Senadores que advoguei nesse inquérito, nenhum exerce mandato hoje. Assim como o Governador Marconi Perillo, em Goiás, que estava em primeiro lugar para o Senado e, pouco antes das eleições, foi vítima de uma operação fajuta, a qual fez com que ele ficasse em quinto lugar. Um crime. Um acinte. Uma espetacularização que só servia aos interesses do grupo que dominava a Lava Jato.

Além do irreparável prejuízo político dos que foram vítimas da fúria lavajatista, não podemos nos esquecer da imensa dor pessoal de cada um. Homens que se dedicaram, por toda a vida, à política e que colocaram seus nomes, várias vezes, para o escrutínio popular. Eles foram Presidente da República, Governadores, Ministros de Estado, Senadores e foram humilhados por um arranjo criminoso, sádico e cruel da operação Lava Jato e de parte da mídia. Pude, como advogado de vários deles, acompanhar, no silêncio dos momentos mais difíceis, a perplexidade pela exposição midiática orquestrada para criminalizar a atividade política. Cada um sofreu, no fundo da sua alma, a dor da faca afiada da injustiça. E foi por uma bagagem de anos de uma vida democrática que resistiram e que enfrentaram o sistema que visava a torná-los párias na vida nacional. É em homenagem a eles que eu registro minha luta por um Estado democrático de direito no qual a Constituição seja o nosso guia, lembrando-me de Bertolt Brecht:

“Pelo que esperam?
Que os surdos se deixem convencer e que os insaciáveis lhes devolvam algo?
Os lobos os alimentarão, em vez de devorá-los!
Por amizade os tigres convidarão a lhes arrancarem os dentes!
É por isso que esperam!”

Fonte: Ig último segundo

Após anúncio de alta, presidente da Petrobras diz que política de preços continua eficiente e que ajuste é ‘justo


O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a política de preços da estatal continua eficiente e que o ajuste anunciado nesta terça-feira (15), com aumento no valor do diesel e da gasolina, é “justo”.

 

A partir de quarta-feira (16), o preço da gasolina será reajustado em R$ 0,41 para as distribuidoras. Já o do diesel sofrerá um aumento de R$ 0,78.

Em entrevista ao J10, da GloboNews, Prates disse que a nova política de preços da Petrobras, adotada em maio, já ajudou a combater a volatilidade nos valores dos combustíveis.

“Tanto o brent [tipo de petróleo] quanto o diesel estão variando muito desde junho para cá, principalmente nas últimas semanas. Tem sido variações diárias de 2% a 3%”, explicou.

Prates disse que ajuste anunciado nesta terça-feira precisou ser feito por questões que vão além da volatilidade.

“Nós chegamos a um patamar diferente e tivemos que fazer um ajuste para chegar num valor marginal de novo, aquele que a gente não sai da mesa porque não vende. Então, a gente fez um ajuste justo”, afirmou.

 

O presidente da Petrobras afirmou ainda que não houve interferência do presidente Lula na definição do reajuste de preços.

“Em momento algum o presidente Lula nos instou, influenciou ou sugeriu fazer qualquer movimentação de preço. Para cima, para baixo, para manter, para dar mais tempo, para dar menos tempo. O mandato é da presidência da Petrobras”, disse Prates.

Para os próximos meses, com a chegada do inverno no hemisfério norte, Prates afirmou que há uma tendência de alta no diesel, mas de queda no preço da gasolina.

Fonte: G1

Prefeitura de Parnamirim apresenta plano de mobilidade urbana e de segurança para a Festa do Sabugo 2023

Um forte plano de segurança e mobilidade urbana. É o que a Prefeitura de Parnamirim, por meio da Secretaria Municipal de Segurança, Defesa Civil e Mobilidade Urbana (Sesdem), preparou para garantir a tranquilidade durante os 7 dias da Festa do Sabugo 2023, que neste ano traz grandes atrações locais e nacionais.

O esquema contará com forças integradas, que proporcionarão total conforto e bem-estar àqueles que forem prestigiar o evento. Na segurança, o efetivo contará com 150 policiais militares, 20 agentes do Corpo de Bombeiros, 15 policiais civis, 50 guardas municipais, 15 policiais penais, 30 agentes da Polícia Rodoviária Estadual (CPRE), 10 agentes de trânsito do município, 6 agentes da Defesa Civil, 6 agentes de transporte urbano municipal, 18 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e 150 agentes de segurança privada.

O efetivo totaliza 470 pessoas, de forma direta, envolvidas na segurança do evento, que contará ainda com o apoio do serviço de inteligência da Central de Monitoramento do município, que trabalhará com 50 câmeras de segurança com reconhecimento facial, além de uma Delegacia Móvel e uma plataforma elevada de videomonitoramento.

Na mobilidade urbana, haverá um esquema especial para o transporte público, que contará com a frota já disponível, além do reforço através de transportes por aplicativo, táxis, ônibus de turismo e moto táxi. Os moradores da região em que a festa será realizada terão acesso exclusivo para chegarem até as suas residências.

A Festa do Sabugo 2023 acontece de 20 a 27 de agosto no terreno da antiga fábrica da Coca-Cola, na Cohabinal, em um terreno de 100.000 m2, com a capacidade de receber até 70 mil pessoas por noite. A programação contempla 13 atrações nacionais e 10 locais.

*Confira a programação oficial completa:*

*Domingo (20/08) – Abertura*

Gusttavo Lima
Eric Land
Thullio Milionário
Mateus Carvalho
Lavu Lemos Sanfoneiro e Banda Lavine

*Quinta-feira (24/08)*

Simone Mendes
Nattanzinho
Na Pegada do Coyote
Jarbas do Acordeon
Gabriel de Pádua

*Sexta-feira (25/08)*

Bell Marques
Murillo Huff
Rey Vaqueiro
Heitor Dias
Núzio Medeiros

*Sábado (26/08)*

Calcinha Preta
Dorgival Dantas
Banda Magníficos
Zé Hilton
André Rangel

*Domingo (27/08) – Encerramento*

Arraiá Junino do Patati & Patatá e
Jamilly Mendonça

*Estrutura*

No local, haverá uma superestrutura com praça de alimentação, camarotes, ilhas de internet gratuita, posto médico, artesanato, parque de diversões e vacinação. O espaço contará com toda segurança adequada, inclusive com uma central de monitoramento e delegacia móvel. A Festa do Sabugo 2023 foi pensada para toda a família.

*O porquê do nome e da realização no mês de agosto*

Por todo o estado, muito se questiona o motivo da festa ser realizada em agosto. A partir do mês de junho, são iniciadas as festividades de São João em todo o nordeste e, com elas, a tradição gastronômica de consumir as comidas de milho. Criada há 40 anos com o objetivo de encerrar os festejos juninos na cidade, a Festa é um verdadeiro São João fora de época.

A Festa do Sabugo tem esse nome em alusão ao sabugo ser a última parte da espiga de milho, uma clara referência ao aproveitamento das festividades juninas “até a última gota”, sem perder absolutamente nada. De fato, Parnamirim tem essa característica. Por aqui, os festejos são iniciados em junho, com o apoio a diversas quadrilhas e arraiás comunitários, e só terminam no final de agosto, com a Festa do Sabugo. Parnamirim é a cidade com as festividades de São João e enaltecimento da tradição nordestina mais longa do país, um verdadeiro patrimônio potiguar.

 

“Valei-me, Virgem Maria”

Padre João Medeiros Filho

Hoje é dia de Nossa Senhora da Assunção, da Guia, da Glória etc., alguns de seus inúmeros oragos ou títulos. Excetuando-se Cristo, dentre as figuras do cristianismo,Maria Santíssima é a mais querida e cultuada. Refletirsobre Ela é sempre válido. Assim, presenteou-nos Padre José Freitas Campos com a publicação de seu novo livro, o qual inspirou o presente artigo. O lançamento aconteceráno próximo sábado, dia 19, a partir das 10.30 horas, na Livraria Paulus, situada à Rua Cel. Cascudo, nº 333(Natal). Escritor, musicólogo e pastor do Povo de Deusvem,quase cinquenta anos, conclamando o rebanho do Senhor a saborear o rico alimento da Palavra Divina e Mesa eucarística. Autor de várias obras literárias,destacando-se a biografia de Padre Miguelinho, brinda-nosagora com uma relevante pesquisa sobre a Mãe de Deus e nossa. Analisa setenta denominações de Maria, Rosto feminino da Igreja. O estudo enriquecerá certamente os que são tocados pela grandeza da “Senhora de tantos nomes”. O escritor transita pela espiritualidade mariana,perpassando pela história, ancorando nos títulos atribuídos à Virgem, nascidos da piedade e devoção popular. São dedicados à Corredentora hinos e orações, verdadeiros poemas expressados com profunda linguagem teológica.Padre Campos é um dos “vaqueiros de Jesus Cristo”, no aculturado dizer de Oswaldo Lamartine, para quem “Maria Santíssima é o mais belo sorriso de Deus.”

O culto mariano ainda é pouco estudado. Segundo São Bernardo de Claraval, “De Maria nunquam satis” (sobre Ela nunca é demais). A Virgem Santíssima goza daadjetivação bíblica de Bem-Aventurada. Nela reconhece-se uma dignidade especial sobre todos os santos e a capacidade de interceder por nós. Não obstante seu imenso valor, o magistério católico e a teologia sempre deixaram bem claro que a Mãe do Salvador é humana. Seu Filho responde por Ela às nossas súplicas, consagrando o axioma devocional:Per Mariam ad Jesum” (Por Maria chegaremos a Jesus). Nossa Senhora tem interessado apesquisadores, dentro e fora da Igreja. Além de citações em obras literárias clássicas e modernas, a Filha de Sant’Ana chama também a atenção de pensadores não cristãos e descrentes, como a psicanalista Julia Kristeva. Esta assevera que só por um especial toque divino (revelação sobrenatural) chega-se a compreender a realidade mística da Virgem. Ela é genitora de quem agerou, anterior a Ele em sua humanidade, mas posterior por sua divindade. Virgem e Mãe simultaneamente, afirma aquela filósofa búlgara. Isso é insólito na históriadas religiões. Uma mulher tornou-se fonte do encontro de Deus com a humanidade, da criatura com o Criador.

Em Maria, a Eternidade volta a ser acessível. Gerando Cristo, restabeleceu o contato com o Eterno. Entretanto, não deixa de ser humana, protetora nossa e advogada. No Brasil, a devoção à “Mãe Amável” continua muito presente na liturgia, nas festas e nos santuários marianos. Aparecida (SP) e Belém (PA) do Círio de Nazaré são lugares expressivamente procurados pordevotos que ali manifestam com amor e sem temor o cultoà “Rainha dos Santos”. Sua importância no catolicismo continua forte, malgrado o avanço da secularização. No RN, santuários e locais de peregrinação lhe são dedicados, evidenciando-se Patu, Florânia e Carnaúba dos Dantas.

Maria é a sempre amada de seus fiéis, os quais sedirigem com confiança filial à “Consoladora dos Aflitos”nos reveses da vida. Nela, tem início a reconciliação doDivino com o homem, criado pelo Pai celestial, na integridade da inocência e plenitude da bondade. Entretanto, a ambição e o orgulho desfiguraram-no. Napessoa da Jovem de Nazaré, Ele retomou a criatura humana plasmada com tanto carinho nos primórdios da história. Por esse motivo, o apóstolo Paulo e a teologia chamam a esposa de José de “Nova Eva, isto é, portadora da Vida. Na Virgem, a humanidade foi repensada e Deus se fez terreno, nos aproximando da Eternidade. Ao conceber o Verbo Divino, Ela reatou o contato com o Infinito. Além de sua excelsitude, é também a Compadecida, na expressão de Ariano Suassuna.Repitamos com fervor as palavras do hino à Nossa Senhora da Piedade: “Mãe, coloca teu povo, agora, na palma da mão de Deus.”

Se essa rua fosse minha

Nos acostumamos a conviver com as milhares de pessoas que vivem nas ruas e fingimos não ver, escreve Kakay
Mulher em situação de rua na Catedral de Brasília durante a visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil, no final de janeiro

CopyrightSérgio Lima/Poder360 – 31.jan.2023

É preciso que haja algum respeito, ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a machadadas.”

–Torquato Neto, Poema do Aviso Final

Neste mundo cada vez mais desigual, há um processo brutal de desumanização que atinge praticamente a todos.

Nos acostumamos a conviver com as milhares de pessoas que vivem nas ruas. São crianças, homens e mulheres, e nós introjetamos uma frequente ação de desviar os olhos como que a pedir desculpas pela nossa imobilidade. É como se fosse um ato de defesa da nossa inexistente solidariedade: fingimos não ver para continuar a vida.

Esse “não ver” é uma opção de proteção da nossa sanidade interior e, evidentemente, de profunda covardia pela omissão. O fenômeno da aporofobia, que define o medo e certa rejeição aos pobres, reforça a invisibilidade dos que têm nas ruas seu único destino de acolhimento.

Como no Brasil do Bolsonaro não se fez o Censo, na realidade nós não sabemos exatamente o tamanho desse drama. Não temos a exata dimensão da população em situação de rua no país. Impossível, sem ter esses dados, desenvolver uma política pública eficaz. Mas a verdade bate às nossas portas diariamente. Basta dar uma volta de carro pelas ruas das grandes cidades brasileiras.

Na realidade, nem mesmo temos uma metodologia para definir o que deveremos efetivamente pesquisar. Em um levantamento de 2020, no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, foi constatado um aumento de 140% dos moradores de rua com um registro de 221.869 pessoas. Um escândalo! Importante registrar que, segundo o Ipea, de 2012 a 2022 a população do Brasil aumentou 11%, enquanto as pessoas em situação de rua tiveram um crescimento de 211%.

Uma decisão recente do ministro Alexandre de Moraes chamou a atenção para o tamanho do desastre. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, o Partido Socialismo e Liberdade e a Rede Sustentabilidade ajuizaram uma arguição de descumprimento de preceito fundamental no STF. É evidente que a resolução dessa tragédia social não se dará via decisão do Judiciário. Mas foi importante levantar a discussão.

Movimento parecido já havia sido feito outras vezes como, por exemplo, quando o Supremo Tribunal declarou o estado de coisa inconstitucional em relação ao sistema penitenciário brasileiro.

Sempre disse que, se fôssemos levar a sério a miserabilidade dos presídios no Brasil, nós não conseguiríamos dormir. É impossível imaginar que, perto das nossas casas, nas grandes cidades, existem masmorras medievais onde as pessoas são amontoadas como bichos e, em regra, não conseguem ter sequer um espaço digno para dormir ou para ter sua higiene pessoal e se alimentam de comidas podres e azedas.

Remeto-me ao grande Mia Couto:

Cego é o que fecha os olhos e não vê. Pálpebras fechadas, vejo luz. Como quem olha o sol de frente. Uns chamam escuro ao crepúsculo de um sol interior. Cego é quem só abre os olhos quando a si mesma se contempla.”

Na realidade, foi um julgamento histórico, mas que não teve nenhum efeito prático. O Estado não conseguiu avançar e o sistema carcerário continua caótico com seus quase 800 mil presos, a maioria sem culpa formada.

Também no tocante aos milhares que vivem nas ruas, não será uma decisão judicial que vai abrandar a penúria e a miséria que acompanha esses brasileiros. Ao que constato, cada vez mais, ao se exporem ao relento das noites, essas pessoas ficam mais invisíveis. Mas o ato de ajuizar a ação e a decisão do ministro Alexandre servem para nos encher de indignação cívica.

O ministro fala das condições impreteríveis para uma existência digna. E explicita que “a dignidade da pessoa humana concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente às personalidades humanas”.

É disso que se trata. É necessário colocar na pauta do dia o direito fundamental, básico, à moradia e ao acolhimento institucional. Discutir e priorizar os direitos sociais à educação e ao trabalho. E, na base de uma sociedade humanista, o direito fundamental à identidade.

É fato que 3 milhões de brasileiros não possuem certidão de nascimento e algo em torno de 50 milhões não possuem CPF. É difícil exercer a cidadania em meio a tanta invisibilidade. Para muitas dessas pessoas, o direito de existir é quase uma impossibilidade. É como se uma nuvem densa e tóxica cegasse os olhos, tirasse a capacidade de respirar e matasse pouco a pouco a esperança de uma vida simplesmente digna.

Certamente, não cabe ao Judiciário resolver uma questão que passa por uma ação do Executivo e do Legislativo. E é interessante notar que existe um cipoal de leis que, se executadas, poderiam minorar esse drama. Mas sabemos que as leis, muitas vezes, são feitas para não serem cumpridas. Algumas, como a que enfrenta a temática da arquitetura hostil, são simples e o cidadão pode acompanhar.

Mas o que mais importa é trazer essa discussão para a mesa no dia a dia. A determinação de um diagnóstico pormenorizado da situação permite estabelecer rumo às políticas públicas. O resto é vontade política.

Fundamental lembrar que, em 2009, na gestão Lula, o Brasil saiu do mapa da fome da ONU. Porém, com Bolsonaro, passamos a ter 33 milhões de brasileiros novamente acometidos pelo flagelo humilhante da fome. Sem contar os quase 50 milhões em insegurança alimentar.

Esse é o caminho: derrotar o fascismo e a barbárie e trabalhar por um governo com prioridade humanista que resgate nosso sonho de viver numa sociedade humanitária, na qual a dignidade da pessoa seja a meta principal. É possível.

É andar sempre com Pessoa ao lado:

Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.”

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Fonte:360

Agência Ratts aumenta equipe e abre vagas estratégicas

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Os desafios e perigos de viver

Padre João Medeiros Filho

Em Grande Sertão Veredas, o médico, escritor e diplomata Guimarães Rosa afirmou:Viver atualmente é perigoso.” Referia-se aos apuros e agruras existenciais, ligados ao corpo e à alma, envolvendo o cotidiano do homem. Somos compelidos a lidar com surpresas, imprevistos, riscos, atropelos e obstáculos. Na sua época, a violência era mais velada. Imperam nas cidades assaltos, assassinatos, estupros, inúmeros atos de covardia e desrespeito. Não obstante o destaque dado pela mídia a fatos urbanos, não se demonstra menoscabo pelo mundo rural, igualmente ameaçado.  , o risco campeia e surpreende nas invasões de terras, tocaias e vandalismos que aterrorizam os indefesos. Brinca-se com a vida, um dos grandes dons divinos, a qual passou a valer pouco. Outro dia, um médico amigo dissera-me: “Ela está se tornando sinônimo de banalidade.” Aludia ao amontado de pessoas doentes nos hospitais públicos. O capítulo 25 do Evangelho de Mateus narra Cristo apontando a dimensão e o sentido da solidariedade, que deve habitar o coração das pessoas de fé.

Assim é o cenário presente nos centros urbanos, de grande, médio e até pequeno porte. Convive-se com o medo e a insegurança. Casas e edifícios desabam, ocorremincêndios e alagamentos com suas consequências nefastas. Moradores ficam sem teto, passando a morar em aposentos improvisados: escolas, galpões etc.  Vive-se sem saber quem poderá ser vítima de um trem descarrilhado. Não é impensável que um inesperado tiroteio aconteça em via pública e atinja alvos não planejados. Ou ainda, se dentro de um ônibus tomado por marginais, alguém seja ferido ou assassinado. Não é insólito ver pessoas atropeladas por condutoresirresponsáveis. As ruas das cidades tornaram-se moradiade adultos e crianças relegados a passar a noite ao relentonas calçadas, experimentando a surpresa de estar vivos enão ter o mínimo para sobreviverEm muitos, o infortúnio desfez sonhos e conquistas de anos, deixando apenas a herança da tristeza, desesperança, incerteza e desilusão. Vários sentem-se duplamente espoliados, não dispondo de trabalho nem para onde ir. A cada dia, aparecem novas modalidades de golpes, como malfeitores, travestidos de carteiros, entregadores de encomendas, funcionários de empresas de televisão, internet etc., tentando penetrar nasresidências.

Frequentemente, vê-se nos meios de comunicação, a veiculação de notícias de enchentes, levando casas edificadas em locais considerados impróprios, como noalto dos morros ou em espaços ribeirinhos.  Em caso de calamidades, geralmente os ocupantes de áreas de risco são responsabilizados pelas autoridades. Será que um ser humano expõe a própria vida por livre e espontânea vontade? Onde estão as propaladas políticas públicas, decantadas às vésperas de pleitos eleitorais? Já alertava o profeta Jeremias: “Vós colocais vossa confiança em palavras mentirosas” (Jr 7, 8). Governantes e gestores, encastelados e protegidos, têm plena consciência de taisperigos? Com mais de oitenta anos de caminhada terrena, ainda não vi nem ouvi algum deles pedindo desculpas ou perdão pelos erros e omissões. Como sacerdote, há quase seis décadas, tampouco os presenciei, admitindo o mal que causaram.

Em várias cidades, os moradores ficam expostos a situações de perigo cada vez maiores.  Nem sempre é possível ir a certos lugares, que apresentam grandeprobabilidade de roubos, ataques, tiroteios etc. Onde está o direito do cidadão ir e vir em paz? Outro dia, um irmãopadre celebrou a missa de réquiem pela “finada segurança”. De início, achei bizarro. Mas, pensando bem,é a morte de um dos pilares da existência humana. Segue-se vivendo neste país.  Acredita-se que vale a pena, sendopossível melhorar, apesar dos acontecimentos de barbárie, causando medo e inquietude. uma evidência assustadora de que ser brasileiro é uma aventura sempre mais arriscada. Existem momentos em que o ser humano fica paralisado, atordoado por tantas manifestações de violência. “Mas, tende coragem, eu venci o mundo” (Jo 16, 33), assevera-nos Cristo. Lembremo-nos do conselho de Fernando Sabino: “Façamos da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança e do medo uma escada! A sociedade despreza o legado do Senhor: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não como o mundo vo-la dá.” (Jo 14, 27).