Para onde vão os hominhos?

Quando da guerra na Ucrânia , houve momentos de desespero e indignação por parte de muitos de nós. Os milhares de ucranianos, andando sem rumo e sem esperançanuma fuga sem sentido, misturavam-se com relatos de estupros e de mortos. As crianças, com seus olhares incrédulos de medo e de pavor, enchiam-nos de vergonha da nossa incapacidade de intervir e de fazer algo que pudesse minorar tanta dor. Havia sempre uma promessa de que o conflito seria curto. E o longo tempo fez com que, como um recurso interior de sobrevivência, nós fôssemos nos afastando e deixando de acompanhar o noticiário. Sem informações, era como se a guerra tivesse acabado.

Há muitos anos, quando eu era menino no interior de Minas Gerais , fui ver, pela primeira vez, um programa de televisão. O aparelho tinha acabado de chegar e a expectativa era enorme. Sentamo-nos, eu e um amigo, filho do vaqueiro que morava na roça, meio que sem entender direito o que iria acontecer. A transmissão era sofrível: cheia de chuviscos, em preto e branco e com uma imagem trôpega. Depois de 30 minutos, o filme saiu do ar e eu desliguei a TV. Meu amigo, que estava completamente maravilhado, fez uma pergunta engraçada: “Para onde vão os hominhos?”, preocupado com os personagens do vídeo que havíamos visto. Lembrei-me dessa ingenuidade infantil quando passei a desligar os programas sobre a guerra ou a mudar de canal para acompanhar um filme ou futebol. Claro que eu estava fugindo e querendo não perguntar para mim mesmo: “Para onde vão os hominhos?”. Era como se, ao apagar o aparelho, as pessoas parassem de morrer naquela batalha estúpida.

Agora, outra  guerra abala o mundo. E essa é como se estivesse, de alguma maneira, ocorrendo dentro do nosso país. O conflito entre Israel e Palestina , de tão antigo, parece que, de certa forma, é conhecido e cada um o acompanha à sua maneira. A diferença é que nessa tragédia, mesmo sem sermos judeus ou palestinos, estamos de alguma forma dentro do conflito. Inúmeras pessoas ligadas a nós, pelos mais diferentes laços, estão diretamente participando e perdendo familiares, amigos e companheiros. Por uma definição particular do ser humano, é natural que as crianças jogadas em valas comuns, os inúmeros reféns, os estupros, os ferimentos e as mortes tenham um impacto ainda maior nessa guerra. E, com o acirramento do combate, as tensões só aumentam. Por sorte, tudo ocorre no mundo virtual. São nos grupos que nós vivemos os desentendimentos que resultam em agressões verbais e em saídas do WhatsApp. Se as discussões se dessem ao vivo, fatalmente seria muito pior. Há uma intransigência palpável rondando o assunto.

Essa  guerra é um conflito no qual, mesmo quem defende a paz, pode ser criticado pela maneira com que a defendeu. Não existe lugar para neutralidade. E, dessa vez, não teremos como desligar o noticiário. Os “ hominhos” estão aqui ao nosso lado e, de certa forma, cada um de nós está também em guerra. Daí a importância de nós nos posicionarmos para uma solução dessa tragédia sem fim.

Os organismos internacionais falharam. É claro que, se nem mesmo esses órgãos conseguem fazer algo, as nossas ações individuais certamente não terão nenhum efeito. Mas existem momentos na vida em que valem os gestos. Talvez seja necessário acreditar que é possível um movimento pela cessação imediata dos bombardeios, pelo estabelecimento de regras mínimas humanitárias, pela libertação dos reféns , pelo cuidado com as crianças, pelo direito básico de acesso à água e à energia elétrica, enfim, por um sentimento do mundo que consiga resgatar um pouco do humano que ainda existe em cada um. Pode não ser nada, mas é melhor do que desligar o noticiário. E, afinal, é o que nos resta.

Remeto-me a Clarice Lispector:

“O que tem me perturbado intimamente é que as coisas do mundo chegaram para mim a um certo ponto em que eu tenho que saber como encará-las, quero dizer, a situação da guerra, a situação das pessoas, essas tragédias. Sempre encarei com revolta. Mas ao mesmo tempo sinto necessidade de fazer alguma coisa, sinto que não tenho meios.”

 

Fonte: ig último segundo

Para refletir no Dia de Finados

Padre João Medeiros Filho

Inexiste nos textos bíblicos neotestamentáriosqualquer palavra de Jesus se auto definindo como morte. Ao contrário, Ele proclama: “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6, 48); “Vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10), ou ainda, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). Santo Agostinho pregava: O cristão não conhece a morte, mas a vida que começa com a morte. Esta é a porta da Eternidade, o sono que conduz ao Infinito. Certa feita, o Filho de Deus, diante de uma família sofrida pela perda da filha, exclamou: “A menina não morreu, ela dorme” (Mt 9, 24). Com a notícia do falecimento de seu amigo Lázaro, Jesus afirmara: “Ele está dormindo, irei acordá-lo” (Jo 11, 12). Sono é o termo empregado pelos primeiros teólogos da Igreja, quando cessa nosso existir. Daí surge a expressão da liturgia de réquiem: “Requiescat in pace” (durma, descanse em paz).

Para Mário Quintana: “Morrer não é o último atobiológico. Acontece também nas perdas cotidianas enaquilo que nos traz saudades, quando acabam planos,esperanças, amizades. Integra imprescindivelmente a natureza do ser humano.Morrer é um ato natural, como beber, comer e dormir, escreveu o cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Anormal é aquilo que muitas vezes o precede: aparelhos conectados e tubos introduzidos no corpo sem o paciente poder fazer nada, pois não é mais dono de si mesmo. Mister se faz atenuar a solidão e a ansiedade que precedem à morte. Poucos têm palavras para falar tranquilamente sobre a realidade inevitável. Contudo, é um dever para os que creem, um ato de misericórdia, análogo ao preconizado no capítulo 25 do Evangelho de Mateus. A ciência e as religiões não refletemsuficientemente sobre esse aspecto. Há carência deserviços e movimentos espirituais para proporcionar serenidade, aceitação e desprendimento naqueles que partem. Falta quem saiba cuidar da inexorável separação. É graça – quando pressentido ou anunciado – nosso fimacontecer, de forma mansa e sem dores, em meio às pessoas amadas e num clima de paz e quietude.

Para o cristianismo, a morte é apenas o umbral do Céu. A sabedoria da fé leva a viver com toda responsabilidade e despedir-se da existência com plenodespojamento. A morte é a devolução de algo que não pertence ao homem. Consiste no verdadeiro nascimento do ser humano – “mors vere dies natalis hominis”pregou o Bispo de Hipona. A vivência da fé proporciona oequilíbrio humano. Se de um lado, pensarmos somente no término dos dias, colocaremos o sentido de tudo no final da existência terrena. Há algumas pessoas que tendem para essa posição e acabam desprezando o viver, diminuindo o sabor da vida, dom divino. Entretanto, a tentação mais comum é a abordagem contrária: priorizar oexistir efêmero. O enfoque no provisório pode gerar desespero, quando as limitações começam a aparecer. “Somos migrantes, moradores temporários neste mundo” (1Cr 29, 15). O apóstolo Paulo arremataperemptoriamente: “Somos cidadãos do céu (Fl 3, 20).

“Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer” (Ecl 3, 2), diz a Sagrada Escritura. Viver e morrer não são antagônicos, mas irmãos. São Francisco de Assis percebeu tal verdade, ao falar da “Irmã Morte”. Isto exige que sejamos sábios para nos preparar quando a vida irá se plenificar. Poderia a Medicina desenvolver uma nova especialidade (tanatoatria) para assistir aos que terminam sua caminhada terrena. Sua missão seria preparar para o definitivo que leva à plenitude. Deverá fazer tudo para que o desenlace seja tranquilo e cercado de carinho. Poder-se-ia designar como padroeira de tal ramo da ciência médica Nossa Senhora da Piedade, simbolizada na ternura de “La Pietà”, de Michelangelo. Naquela escultura, Maria está representada com o seu Filho Amado, morto em seus braços. No colo de uma mãe o morrer não causará medo. A Igreja deve ser essa Mãe, expressão de afeto, que sabe nos envolver nos momentos do desabrochar da vida plena, onde de acordo com o Apocalipse “não haverá mais luto, nem choro, nemdor, pois as coisas de antes passaram” (Ap 21, 4).

O pau cantou nas redes sociais em Patú. Ex-prefeita ataca o atual prefeito para defender seu filho médico

 

A ex-prefeita de Patú Evilásia Gildênia foi para o ataque e usou as suas redes sociais para defender o seu filho Ednardo Júnior e também o médico Dr. Vinícios que vem sendo vítimas de uma campanha difamatória promovida por pessoas ligadas a um político da cidade de Patú no oeste potiguar.

Evilásia Gildênia, chegou a afirmar que um político, deixando a entender que tratava-se do prefeito Rivelino Câmara que seria um dos responsáveis pelos ataques e também por ela está respondendo a inúmeros processos judiciais, já que em seus dois mandatos Rivelino Câmara era o secretário de finança da prefeitura e o manda chuva da administração da cidade.

A ex-prefeita em tom de revolta não poupou palavras para defender o seu filho e o filho e o filho da Dra. Fátima e pediu a Deus justiça para aqueles que andam em rodas de conversa da cidade denegrindo a imagem dos dois médicos que foram praticamente impedidos de atuar na cidade de Patú. Veja o vídeo AQUI.

A HABITAÇÃO CONTINUA TRAZENDO GRANDES RESULTADOS PARA A GESTÃO DE ROSANO TAVEIRA

Ontem (26), foi finalizado a oficina de pré-ocupação do Residencial Ilhas do Caribe. O evento aconteceu na Escola Municipal Prof. Ivanira Paisinho, com duração de 3 dias, onde contou com a presença do Secretário Rogério Santiago, o chefe de gabinete Homero Grec, representantes da Caixa Econômica e os sorteados do Resildencial. As reuniões teve como principal objetivo orientar e instruir os novos moradores do empreendimento Minha Casa, Minha Vida.

A Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, vem se destacando cada vez mais na gestão do atual Prefeito.
Com isso, trazendo também grandes resultados para a população de Parnamirim.

“Sou grato a Deus por ter sido escolhido para essa pasta. Podendo assim, participar da realização de sonhos dos parnamirinenses”, disse Rogério.

 

Vereadores do PSDB e dirigentes do Cidadania se reúnem pela primeira vez para traçar estratégias da Eleição em Natal

Federação PSDB e Cidadania reúne interlocutores e dirigentes dos dois partidos e mostram sintonia política

Na tarde desta quinta-feira (26), os dirigentes do PSDB em Natal e do Cidadania se reuniram para definir metas e estratégias visando as Eleições 2024 na capital potiguar. Foi o primeiro encontro dos dois partidos, depois da Convenção Municipal do PSDB, onde foi dada em setembro, “carta branca” do presidente estadual da sigla, deputado Ezequiel Ferreira. Participaram do encontro, o presidente do PSDB de Natal, vereador Klaus Araújo, o dirigente estadual do Cidadania, Wober Júnior e Carlos Eduardo (Dadau), que dirige o Cidadania da capital.

Além deles, os vereadores Herbert Sena, Anderson Lopes, Hermes Câmara e Aldo Clemente, tucanos que integram a executiva do PSDB em Natal. Também o tesoureiro do Cidadania, Fábio Souto (Binho).

“Sabemos da importância de ouvir todos os integrantes da Federação PSDB e Cidadania. Foi dada carta branca pelo Diretório Estadual ao PSDB da capital, mas mesmo assim vamos ouvir o presidente estadual, deputado Ezequiel Ferreira nas futuras decisões. Estamos focados na construção dos 30 nomes que vão compor a chapa proporcional. Mas, estamos iniciando os passos para também ouvir os nomes que pretendem concorrer a prefeito e vice. Vamos respeitar a preferência individual, mas construindo a posição coletiva”, frisou Klaus Araújo, do PSDB.

“Essa será uma eleição vital para acabar a polarização. Natal tem que ser pensado para frente. A eleição municipal é um assunto local. Então quero parabenizar os vereadores e dirigentes do PSDB pela iniciativa e dizer que a Federação está juridicamente e politicamente unida, respeitando as preferências de cada um, seja do PSDB, ou do Cidadania”, comentou Wober Júnior, do Cidadania.

Em setembro passado, A Direção Estadual do PSDB anunciou que os tucanos em Natal têm a liberdade para construir o melhor caminho. “Partido se faz com democracia. Estou aqui para avalizar essa carta branca e para agradecer a cada um pela confiança de desembarcar no PSDB, que cresce em qualidade”, disse Ezequiel Ferreira em discurso durante a Convenção Municipal.

 

Governo Fátima vai copiar regra do arcabouço fiscal de Lula para conter crescimento da folha; PL será enviado à Assembleia

Tiago Rebolo
Da Redação da 98 FM

O Governo do Rio Grande do Norte vai criar uma nova regra para conter o avanço da despesa com pessoal. De acordo com o secretário estadual de Administração, Pedro Lopes, o modelo será inspirado no arcabouço fiscal implementado pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Pela regra que está sendo desenhada pelo governo junto com o Ministério Público junto ao Ministério Público de Contas (MPjTCE), a partir de 2024 o crescimento anual da despesa com pessoal não vai poder ultrapassar 80% do crescimento da receita. Por exemplo: se em um ano a receita crescer 10%, a despesa só vai poder avançar no máximo 8%. No arcabouço do Governo Lula, o limite básico para crescimento da despesa é 70% do avanço da receita.

Segundo Pedro Lopes, todos os reajustes salariais e promoções deverão se encaixar na nova regra. Além disso, novos concursos só poderão ser realizados caso haja margem disponível para isso. A expectativa é que a despesa com pessoal caia na proporção de 10% por ano.

O arcabouço fiscal estadual está descrito em uma minuta que será levada para decisão final da governadora Fátima Bezerra (PT). Após aprovação da petista, o texto vai gerar um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG), assinado entre Governo do Estado e MPjTCE. Além disso, um projeto de lei deverá ser enviado à Assembleia Legislativa para validar o acordo.

O secretário de Administração afirma que, caso a regra seja implementada, até 2031 o Governo do Estado reduziria sua despesa com pessoal para o limite máximo previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que é de 49% da receita.

Pedro Lopes diz que a regra do arcabouço fiscal é sustentável porque é responsável com as finanças públicas sem impor aos servidores um congelamento salarial ou redução do poder de compra. Ele garante que, com a regra, concessões continuarão a ser realizadas, mas respeitando uma trava legal.

“À medida que o Estado for cumprindo a meta de redução gradual de 10% ao ano, nós faríamos as nomeações, com pé no chão, reconhecendo a situação de dificuldade financeira que o Estado está passando, mas também compreendendo a necessidade de manter o poder de compra dos trabalhadores e de recomposição do quadro. Estamos com déficit de mais de 15 mil servidores”, enfatiza.

Aumento de receita

Paralelamente a isso, o Governo do Estado planeja expandir receitas para ampliar a margem de crescimento da despesa. Para isso, o Estado tem proposto medidas para aumentar a receita, como a elevação da alíquota-modal do ICMS, de 18% para 20%, de maneira permanente; e o lançamento de um programa para negociação de dívidas, o Refis.

Além disso, já renegociou a folha de pagamentos com o Banco do Brasil por R$ 300 milhões e conseguiu junto ao Governo Federal verbas para compensar perdas com Fundo de Participação dos Estados (FPE) e com a Lei Complementar nº 194 de 2022 (que reduziu o ICMS sobre combustíveis).

A gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) tem pleiteado, também, a adesão do Governo do Estado ao Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF). Pelo programa, o governo conseguirá aval para obter empréstimos em instituições financeiras, mas em troca terá de se comprometer com redução de despesa com pessoal.

“Estamos fazendo um esforço para em 2023 incrementar as receitas, com receitas extraordinárias”. “A partir de 2024, com a adesão ao PEF, teremos que reduzir em 10% por ano esse excesso ao limite legal”, explicou o secretário estadual de Fazenda, Carlos Eduardo Xavier.

Para Carlos Eduardo Xavier, o Governo do Estado vai ter que fazer o crescimento da receita ter um comportamento acima do crescimento da despesa de pessoal. “As outras ações em 2024 passam por incremento na fiscalização e combate à sonegação”, explicou.

RN no topo do ranking nacional de gastos

Como mostrou a 98 FM nesta segunda-feira (23), o Rio Grande do Norte é o estado brasileiro com o maior índice de comprometimento da receita com folha de pessoal. Os dados estão no Relatório de Gestão Fiscal (RGF) em Foco dos Estados + DF relativo ao 2º quadrimestre de 2023, publicado pelo Tesouro Nacional.

No segundo quadrimestre de 2023 (maio a agosto), o Estado gastou 57,76% de sua receita com funcionalismo. Além do RN, outros três estados superaram o limite máximo para despesa com pessoal (49%): Roraima (51,61%), Acre (49,92%) e Minas Gerais (49,62%).

O secretário estadual de Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, atribui o aumento do comprometimento da receita com pessoal a reajustes salariais que foram concedidos a servidores. Somente para professores, o aumento foi de 33,24% no ano passado e de 14,95% neste ano. Carlos Eduardo Xavier tem defendido medidas para conter o crescimento da despesa, como a interrupção de negociações sobre novos aumentos.

Fonte: 98 FM

Nova capela para a Casa da Criança


Padre João Medeiros Filho

Em 1947, o Cônego Eugênio Sales, assessorado peloDr. Otto Guerra e acolhendo sugestão de Dom Marcolino Dantas, denominou a Casa da Criança de Natal (RN)Escola-Ambulatório Padre João Maria. O bispo diocesano recomendava seguir o exemplo do “Anjo da Caridade”, que havia fundado uma escola para crianças pobres. Dirigida pelas Filhas de São Vicente de Paulo, a Casa da Criança integrava a pastoral social da Arquidiocese de Natal, sendo igualmente campo de estágio da Escola de Serviço Social do RN. A professora Irmã Lúcia Montenegro, religiosa daquela congregação,doutora em Sociologia, supervisionava as atividadessociais e acadêmicas. Desde o final de 1944, a entidade prestava assistência às crianças órfãs, mantendo umacreche para aquelas, cujas mães trabalhavam fora do lar.Proporcionava à comunidade atendimento médico-odontológico, cursos de alfabetização, capacitaçãoprofissional, liderança e ações não contempladas pelosprogramas governamentais da época. Inegável é o contributo de Irmã Lúcia, junto àquela entidade, quedesempenhou papel relevante no Movimento de Natal. ACasa da Criança era um centro irradiador de vivência cristã, formação de líderes e quadros para o desenvolvimento social. Transformou-se em lugar de reflexão e laboratório do Curso Superior de Serviço Social, vinculado à Igreja, hoje incorporado à UFRN.

Muitos condomínios formaram-se nas imediações da escola-ambulatório, dela recebendo influência religiosa. Com o crescimento demográfico no entorno,aproximando-se o octogésimo aniversário da instituição, Monsenhor Lucas Batista Neto, capelão daquela Casa,empenha-se por reavivar o dinamismo evangelizador daentidade. Planejou um novo templo, que servirá de espaço litúrgico e sócioeducacional em comunhão com as orientações arquidiocesanas e paroquiais. “Deseja-setornar uma comunidade viva, inspirada no Evangelho, alimentada pela Eucaristia e ícone da caridade cristã, diz o capelão. Hoje, as instalações não conseguem abrigarcentenas de fiéis participantes da liturgia dominical, sedentos da Palavra e do Pão da Vida.

O novo templo será dedicado a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, cuja devoção nasceu em Paris. No dia 27/11/1930, a noviça Catarina Labouré entrou na capela das Filhas de Caridade de São Vicente para orar e meditar. A Virgem Maria apareceu-lhe, revelando que aconteceriano mundo uma onda extraordinária de milagres e conversões. Seria a devoção à Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças, manifestação do amor do Pai pela humanidade através da Mãe Santíssima.

Terminados os trâmites legais, na Festa de Nossa Senhora Aparecida, Monsenhor Lucas informou à comunidade o início das obras de edificação da Capela e do Portal da Saudade. Este será mais uma fonte de recursos para a manutenção das futuras atividades religiosas e sociais da instituição. Trata-se da construção de um columbário (cinerário), anexado à Capela, paraguardar as cinzas dos fiéis que optaram pela cremação. Consiste num local apropriado, obedecendo às normas da Congregação para a Doutrina da Fé na Instrução “Ad ressurgendum cum Christo” (Para ressuscitar com Cristo), de 15/08/2016. A cremação de corpos dos católicos recebeu o beneplácito do Papa Paulo VI (1963), ratificadapelo cânon 1176 do Código de Direito Canônico (1983) e prevista no Catecismo da Igreja Católica (1999), nº 2301.

Realização pioneira nesse sentido teve Dom Eugênio Sales. Ao edificar a nova Catedral de São Sebastião (RJ), determinou a construção, na cripta do templo, de um ossuário, onde os fiéis pudessem inumar os restos mortais de seus familiares em local digno e seguro. À semelhança da Catedral do RJ, será o Portal da Saudade. Ali, haverá também missas semanais e atos religiosos nos dias dospais, mães e finados em sufrágio daqueles que jazem no local. Seguindo as determinações eclesiásticas, Monsenhor Lucas deseja que as cinzas dos cristãos cremados possam ter o destino previsto nas normas eclesiásticas, “devendo ser colocadas em lugar santo e digno.” O documento da Apostólica desautoriza a colocação das cinzas dos cremados nos mares, rios, lagoas, florestas, jardins e plantas. Reprova ainda o seu uso em joias. Não permiteguardá-las nas residências, devendo ser conservadas em lugares sagrados, cemitérios e espaços destinados a esse fim. Convém recordar o profeta Isaías: “Os teus mortos reviverão” (Is 26, 19).