Desespero: o feitiço virou contra o feiticeiro

Superintendência da Polícia Federal em Curitiba

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro.

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a sua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

–Augusto dos Anjos, “Versos Íntimos”

Um grande drama, ainda não enfrentado devidamente, é o mercado bandido das delações premiadas. Perdi muitos clientes, grandes clientes, por não admitir fazer parte desse jogo sórdido e, por vezes, criminoso que se formou em torno do acordo que envolvia um juiz e alguns integrantes corruptos do Ministério Público e da Policial Federal. E, o que é grave, docemente conduzidos por advogados, no mínimo, coautores do crime. Junto com um delator desesperado. A expressão “desesperado” comporta diversas interpretações.

Fonte: poder 360

O tempo do poder judiciário

O tempo do poder judiciário

No último domingo, estava assistindo ao excelente documentário sobre o  8 de janeiroquando fui surpreendido com uma afirmação do ministro Alexandre de Moraes sobre 40 financiadores que teriam tido contra eles medidas cautelares. Na mesma hora, fiz uma mensagem para os editores do programa. Acompanho as investigações de perto, tanto quanto possível, e tenho escrito sempre cobrando ações exatamente contra os financiadores, os políticos, os militares e a família Bolsonaro. Será que tinha passado despercebido? Como já era 1h da madrugada, pensei em ligar para as jornalistas no dia seguinte. Ao acordar, às 6 horas do dia 8, deparei-me com a notícia de que tinha sido iniciada a 23ª fase da Operação Lesa Pátria e que os alvos eram exatamente os patrocinadores: 46 deles.

Ou seja, imaginei eu: como o ministro Alexandre já tinha determinado as medidas cautelares quando gravou para o documentário, ele anunciou que eles seriam o objeto antes da deflagração da operação, que demora mesmo um tempo até ser levada a cabo. Infelizmente, parece que os alvos não foram os grandes detentores do poder econômico, mas foi um avanço.

Mas essa questão me fez desenvolver um raciocínio que entendo ser absolutamente importante. Há uma inegável preocupação, um mal-estar até, pelo fato de terem sido presos, processados e condenados quase tão somente os pretendentes a “aprendizes de terrorista” , no dizer do ministro Barroso. Revendo as falas do Ministro Alexandre de Moraes, certamente quem mais conhece os detalhes de toda a Operação, ele faz questão de afirmar, com seu jeito categórico de ser, que as investigações estão se dando sobre todos os que tiveram responsabilidade nos atos golpistas.

Em seu discurso, no ato em defesa da Democracia que se deu em 8 de janeiro, no Salão Negro do Congresso – Democracia Inabalada -, ele fez questão de frisar: “Impunidade não representa paz nem união. Absolutamente todos aqueles que pactuaram, covardemente, com a quebra da Democracia e a tentativa de instalação de um Estado de exceção serão devidamente investigados, processados e responsabilizados na medida de suas culpabilidades”. E continuou, “apaziguamento também não representa paz nem união”.

Esse foi o tom de toda a cerimônia, sintomaticamente convidada e organizada pelos Três Poderes da República. Foi muito simbólico que o convite tenha sido assinado pelo Presidente da República, Lula, pelo Presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e pelo Presidente do Poder Judiciário, Luís Roberto Barroso. E que o evento tenha contado com a presença firme do atual procurador-geral da República, que fez um discurso comprometido com uma atuação republicana.

Ao encerrar a solenidade, Lula definiu por todos o sentimento dos democratas: “Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos. Não há perdão para quem atenta contra a Democracia, contra seu país e contra o seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade. E a impunidade, como salvo conduto para novos atos terroristas” . Enquanto isso, ao fundo, as pessoas entoavam um grito de: “sem anistia”.

Ou seja, é uma questão de tempo. E o tempo do Judiciário não é o mesmo das nossas angústias e ansiedades. Tem que ser feita uma investigação séria, bem fundamentada e com respeito a todos os direitos e garantias constitucionais dos golpistas acusados. Se adotarmos os métodos da barbárie, os bolsonaristas terão vencido.

É bom saber que a hora do acerto de contas com o Brasil e com a Democracia está chegando. Como bem lembrou o procurador-geral, Paulo Gonet, citando Shakespeare, na peça A Tempestade, “O que é passado é prólogo”.

Fonte: ig último segundo

A endogamia no Seridó

Padre João Medeiros Filho

No Seridó potiguar, ouve-se frequentemente a expressão: “Aqui, quem não é parente, mora em frente.” Originalmente, a frase remetia à endogamia, ou seja, ao casamento de aparentados, consanguíneos geneticamente semelhantes. Em artigos anteriores, referi-me a determinados traços culturais flamengo-batavos nas tradições seridoenses. Por exemplo, o matrimônio entre parentes próximos, que ainda perdura. Tal tipo de união é um costume milenar, característico da civilização hebraica. Existia na península ibérica, disseminando-se com a colonização neerlandesa (predominantemente judaica) em alguns estados nordestinos. Assim, arraigou-se nos sertões do Seridó. Na Bíblia há recomendações para se contrair matrimônio no interior do clã. Dever-se-ia procurar um cônjuge entre os parentes da mesma linhagem. No Antigo Testamento, verifica-se a situação típica de Abraão, ao desposar Sara (Gn 20, 12).

A endogamia visa a preservar a identidade antropológica-cultural e impedir a dispersão dos bens familiares. O povo hebreu procurava também garantir a pureza de sua crença e o culto a Javé, rejeitando núpcias com pessoas praticantes de religiões politeístas. Aliado a esses motivos está o aspecto econômico-financeiro. Nessa direção caminha a Lei do Levirato, no Antigo Testamento. Ela determinava ao Povo da Antiga Aliança que a viúva sem filhos deveria se casar novamente com um cunhado. A este caberia dar um herdeiro masculino ao irmão falecido. Desse modo, o seu nome não desapareceria e conservaria a fortuna do casal. A importância e o objetivo desta lei (cf. Dt 25, 5-10; Gn 38, 8) residem não só na manutenção da linhagem familiar, mas também do patrimônio material.

O Seridó potiguar, tendo recebido forte influência dos Países Baixos, ficou marcado pela endogamia. Prevalecia a firme intenção de proteger o sangue, a índole, a religião, as tradições do grupo e os bens da família. Esse dado de cunho semita vige até os dias atuais. Após o fim do domínio holandês, houve certo cuidado, por parte dos tradicionais troncos seridoenses, de evitar que o sangue indígena, afro, judaico e o protestantismo pudessem atingir o DNA da aristocracia rural católica, de ascendência e cultura lusitana. Assim, evitar-se-ia a divisão das posses, mantendo-se a integridade patrimonial da família, incluindo sua religião. “Não podemos permitir que forasteiros levem nossas filhas e terras, maculando nossa religiosidade e crença”, dissera o patriarca Tomás de Araújo Pereira a seu neto sacerdote, pároco do Acari. Esta assertiva é uma apologia típica do vínculo endogâmico. Dom José Adelino Dantas, segundo bispo de Caicó, trouxe com seus escritos um substancial contributo a esse tema.

Como secretário do bispado caicoense e chanceler da cúria, acompanhei durante mais de uma década os processos matrimoniais, enviados à autoridade diocesana para obtenção da dispensa do impedimento de consanguinidade. Este ainda está previsto no cânon 1091 § 1 do Código de Direito Canônico em vigor. Nesse período de observação, verifiquei que as uniões entre consanguíneos se mantiveram num patamar de um terço dos casamentos religiosos católicos. As dispensas de impedimento matrimonial por consanguinidade ultrapassavam trezentas solicitações anuais. Monsenhor Walfredo Gurgel, doutor em Direito Eclesiástico, vigário geral do bispado, de 1941 a 1971, procurou sistematizar os argumentos para a solicitação da licença canônica ao bispado. Entretanto, na justificativa dos requerimentos apresentados, permaneciam de forma persistente as razões que expressam a marca da endogamia.

Na ciência médica, a temática suscita questionamentos no tocante a eventuais problemas de saúde, oriundos de tais matrimônios. A outros fatores genéticos, junta-se uma doença rara, presente no Seridó potiguar, denominada Síndrome de Berardinelli-Seip – LCG. Naquela região norte-rio-grandense, constata-se uma incidência dessa morbidade, quatorze vezes maior que a média mundial registrada. Os municípios mais afetados são Timbaúba dos Batistas, Carnaúba dos Dantas e Parelhas. Pesquisadores da UFRN, em alentado estudo, verificaram a existência da referida doença em dezenove municípios potiguares, inclusive na região metropolitana de Natal. Conforme achados de estudiosos, poderia concorrer para isso a endogamia de seus ancestrais. Atualmente, a Igreja dispensa o impedimento de consanguinidade com maior cautela. No entanto, conserva a tradição bíblica de abençoar casamentos endogâmicos, lembrando as palavras do apóstolo Paulo: “Que o vosso amor cresça também em discernimento” (Ef 5, 32).

A Epifania do Senhor

Padre João Medeiros Filho

A Epifania é a festa da manifestação de Cristo a todos os povos. A busca dos Magossegundo estudiosos, sábios do Oriente – representa a afirmação desse clarão divino em Jesus. Dá-se o encontro do Filho de Deus com personagens que não pertenciam ao povo eleito. Eis uma das grandes lições do Menino. Seu nascimento não veio confirmar privilégios. Nasceu para anunciar a Vida àqueles que desejam a salvação, não importando posição socioeconômica, cultural, étnica etc. Deus é de todos e não apenas de alguns. O Cristo da manjedoura ensina-nos que Ele não quer o poder temporal. Veio pobre e indefeso como uma criança para não amedrontar. Em torno dele, unem-se os povos, vindos de longe, enquanto os que estavam por perto o ignoraram. Muitos buscam Cristo, de modo diferente. Os Magos procuraram-no para reverenciá-lo, enquanto Herodes desejava encontrá-lo para o matar. Assim caminha a humanidade. Enquanto há os queproclamam Cristo “Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo” (Jo 8, 12), outros desejam aniquilá-lo. A luz revela a maldade, o erro, a injustiça, o pecado, desmascara pessoas, sendo por isso ameaçada.

Os Magos são metáfora da realidade humana. Simbolizam os sedentos da Palavra divina, enquantoHerodes o Mal sobre a face da terra. Para encontrar Cristo, às vezes, temos de caminhar nas trevas, por desertos e terras desconhecidas. Entretanto, havia para eles uma estrela que os conduziu até Belém. Assim, existe para nós a chama de nossa fé que nos guia aonde poderemos encontrar o Salvador da humanidade. Infelizmente, existem os que ficam cegos com sua minúscula luz. Estes têm medo de encontrar Jesus, de ouvi-lo ou vê-lo e o procuram destruir. É uma tentação antiga, porém sempre atual do ser humano: quer exterminar quem incomoda. Cristo sequer começara a sua pregação, mas sua presença já importunava.

Como os Magos, para proclamar o nascimento do Salvador, devemos fazer o caminho inverso dos poderosos e nos desviar da rota do orgulho. Só Deus enche de paz o nosso coração. Nem mesmo a riqueza, o poder e a realeza nos aquietam. Belchior, Baltazar e Gaspar fazem-nos compreender que os considerados excluídos do amor de Deus são os primeiros a senti-lo. Cristo nasceu para todos e mostra-nos que o Amor do Pai pelos homens não faz discriminação. “Deus enviou seu filho…, e todos recebemos a dignidade de filhos” (Gl 4, 5). As realidades divinas tornam-se acessíveis. Jesus não veio apenas ao mundo, mas se encarnou para que sentíssemos sua infinita misericórdia. Vivemos numa sociedade egoísta. Cada vez mais as pessoas se fecham, revestindo-se de insensibilidade e indiferença. Cristo, apesar de sua grandeza, fez-se pequeno e humilde para não atemorizar. Mesmo os desconhecidos foram recebidos com ternura e respeito.

Hoje, Jesus se manifesta a nós, não como aos pastores e aos Magos, mas no pobre dormindo ao relento, no idoso abandonado pela família, no doente num leito de hospital,sem atendimento adequado, nos injustiçados, perseguidos, rejeitados…  Agora, Ele ensina-nos a amá-lo, sentindo-ono próximo. Não bastam apenas ações sociais ou assistenciais, é necessário Amor. Sentir a presença de Cristo é fruto de busca e caminhada. Ele deseja se revelar a cada um. Porém, precisamos perseverar e procurá-lo inclusive nas trevas. Cristo é Irmão de todos. Nasceu tanto para os pastores como para os estrangeiros do Oriente, cuja religião era diferente da de seu povo.

É relevante o relato de Mateus a respeito da indagação sobre o lugar do nascimento do Menino. O evangelista mostra a ignorância de Herodes, ícone dos prepotentes da época. “Onde está o Rei dos Judeus, que acaba de nascer?” (Mt 2, 2). Por vezes, nossa alienação é idêntica. Cristo está próximo de nós e não o percebemos. Falta-nos sentimento de busca sincera e da descoberta dosagrado e divino. Os Magos não mediram esforços. Viajaram por terras estranhas, enfrentando adversidades e finalmente foram confortados pela alegria do encontro com o Menino Deus. Em sinal de admiração ereconhecimento, ofertaram-lhe o que tinham de melhor, de acordo com sua cultura e tradições.Ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra” (Mt 2, 11).

Feliz 2024! O Ano Novo e o Diário Oficial chegaram com todas as forças e exonerações

O Ano Novo chegou, e com ele o Diário Oficial do Município trazendo todas as exonerações dos cargos comissionados do executivo de Parnamirim. Essa tem sido uma prática que todos os prefeitos adotaram para realinhar suas gestões, tanto politicamente quanto administrativamente. Este ano, o beija mão tem um significado ainda maior, pois quem não estiver no projeto político ou melhor, rezar na cartilha do coronel Taveira, não terá de volta o seu cargo comissionado. Esse é o jogo do poder e ninguém venha dizer que não sabia como a coisa funcionava.

Agora, Taveira terá condições com a caneta cheia de tinta, ou melhor, cheio de cargos para impulsionar o nome do seu candidato que pelo andar da carruagem já foi escolhido, trata-se do seu xerife Homero Grec. E agora, José, Irani, Kátia, Carol com C, Salatiel e Wolney? Eles estão dentro do jogo, mas todos dentro das quatro linhas do prefeito Taveira, o verdadeiro dono da bola e do campo.

Sejam bem-vindos! Já estamos em 2024 e o juiz apitou o início da partida mais importante da política municipal: a eleição de prefeito e vereadores.

Nota de pesar Fernando Rezende


01.01.1958 – 30.12.2023

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte perde neste sábado (30) o servidor, amigo e Diretor Geral da Presidência da Assembleia, Fernando Dantas de Rezende Filho, aos 65 anos. Ele estava internado desde a última terça após um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Fernandinho, como era carinhosamente chamado pelos amigos era advogado, servidor público e atuava no Legislativo Estadual desde março de 2019, a convite do presidente da ALRN, Ezequiel Ferreira.

Natural de Natal, Rezende teve uma carreira pautada no exercício da advocacia e exerceu funções administrativas no Tribunal Regional Federal (TRF) da 5 região, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sempre pautando sua história e trajetória no exercício público, com retidão e correção.

O presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira, os 24 deputados estaduais que compõe a Assembleia Legislativa do RN, o conjunto de servidores da Casa e amigos se solidarizam com os familiares, a esposa Caroline Freitas de Macedo, os filhos Ana Júlia (Ju), Álvaro
Alberto (Beto), Maria Fernanda e Eduardo (Dudu) nesse momento de dor.

Descanse em paz, Fernandinho !

_Palácio José Augusto_
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte

Adeus ao amigo Fernandinho Rezende, Diretor Geral da Presidência da Assembleia Legislativa do RN


O amigo Fernando Rezende que faria 66 anos depois de amanhã, 1° de janeiro, morreu vítima de um AVC e desde a última terça-feira, estava internado no Hospital São Lucas. Neste sábado teve uma piora, não resistiu e nos deixou. Fernandinho Rezende era Diretor Geral da Presidência da Assembleia Legislativa, foi também chefe de gabinete da ex-prefeita Micarla de Sousa e em Recife, atuou como chefe de gabinete da Presidência do TRF-5, além de assessor no STJ em Brasília.

Fernando Rezende, deixa a esposa Carol Macedo e 4 filhos, todos do primeiro casamento com Tereza Josefina. O velório será amanhã, às 7h, no cemitério Morada da Paz em Emaús.