Brasileiras confirmaram a freguesia das canadenses Melissa Humana-Paredes e Brandie Wilkerson.
O Brasil está de volta ao topo do vôlei de praia feminino após 28 anos. Ana Patrícia e Duda confirmaram a ‘freguesia’ das canadenses Melissa Humana-Paredes e Brandie Wilkerson, venceram por 2 sets a 1 e conquistaram o ouro dos Jogos Olímpicos de Paris para a alegria da torcida brasileira que lotou a icônica Arena Torre Effeil, cenário mais comentado desta edição da Olimpíada.
A última e única vez que Brasil venceu a competição no feminino foi com Jaque e Sandra Pires, em Atlanta-1996, ano de estreia da modalidade no programa.
Há 10 anos, Ana Patrícia e Duda já sentiram o gostinho de estar no topo do mundo olímpico juntas. Porém, na época, foi nos Jogos Olímpicos de Juventude. A camisa número 1 do Brasil tinha começado na modalidade fazia três meses. Já sergipana cresceu no meio do vôlei de praia e era vista como grande promessa.
No primeiro set, as brasileiras entraram desligadas e viram as canadenses abrirem 5 a 0. Aos poucos, elas foram se encontrando no jogo. Ana Patrícia foi a grande responsável por puxar a dupla, que conseguiu a virada, perdeu dois set points, mas conseguiu fechar a parcial em 26 a 24.
Após a vitória no 1ª set, a parceria brasileira entrou embalada e parecia que era só questão de tempo para confirmar o título olímpico. Porém, um apagão tomou conta de Ana Patrícia e Duda quando venciam por 10 a 8, e elas passaram a abusar do erros. Com isso, Melissa Humana-Paredes e Brandie Wilkerson aproveitaram e empataram o jogo com um 21 a 12 contundente.
Uma conversa no banco foi o suficiente para realinhar Ana Patrícia e Duda. As duas voltaram focadas, aproveitaram as oportunidades e abriram vantagem, o que irritou as candenses. Brandie não gostou dema marcação da arbitragem e chegou a encarar as brasileiras na rede. Porém, nada que tirasse o foco, o DJ colocou Imagine, de John Lennon, e a bola voltou a rolar. O Brasil confirmou o título olímpico ao fechar o tie break em 15 a 10.
Esporte contra o Bullying
Ana Patrícia nasceu em Espinosa, uma cidade de 30 mil habitantes no interior de Minas Gerais, quase na divisa com a Bahia. Com 1,94 m, ela sofria com o bullying das crianças da sua idade e convivia com o sentimento de inferioridade.
Apesar do sucesso nas quadras de areia, o vôlei não foi a primeira modalidade que ela tentou. Ela passou por futebol, handebol, natação…Tentou de tudo até conseguir encontrar o lugar para brilhar.
O esporte apareceu na minha vida e, literalmente, me salvou. Eu sofria muito bullying, me achava inferior às pessoas porque eu era alta e recebia muitos xingamentos. Quando eu descobri o esporte, eu falei: ‘Poxa, eu sou boa nisso aqui, então eu sirvo pra alguma coisa’. Acho que matou um pouquinho essa coisa na minha cabeça que o bullying fazia de me inferiorizar, de não entender como ia ser a minha vida. E a partir do momento que eu conheci o esporte, ele passou a ser o amor da minha vida. Fiz futebol, fiz handbol, fiz natação, joguei peteca…”, contou durante os Jogos de Paris.
Promessa desde cedo
Filha de ex-jogadora e técnica de vôlei, Duda começou na modalidade aos 9 anos e sempre deu mostras que seria uma jogadora talentosa. A mãe também um projeto social voltado para o esporte, o que fez com que ela se devolvesse rápido.
“Sempre entrei em quadra no intuito de me divertir, não chegava a sentir uma pressão propriamente. Acreditava que o que tinha que acontecer, aconteceria e seria fruto de muito trabalho. Aconteceu tudo tão rápido, e eu jogava na base mais solta, me divertindo. Nos mundiais que ganhei era assim, me divertia em quadra, não era um peso. As oportunidades de jogar apareciam e eu aproveitava da melhor forma”, declarou ao site do COB, em 2021.
Duda disputou o circuito adulto de Sergipe pela primeira vez aos 12 anos. Na ocasião, ela terminou na quinta colocação, a mãe fechou a competição na terceira colocação.