Alckmin disputar vice-presidência é ‘quase vingança política’ contra PSDB e Doria, diz analista político

A possível aliança entre Alckmin e Lula nas eleições presidenciais tem sido digerida com desconfiança por aliados do petista e pelas alas conservadoras. A guinada política do ex-tucano foi marcada pelo anúncio de sua filiação ao PSB na última sexta (18). Para o jornalista Fabio Zambeli, que acumula três décadas de cobertura política, os últimos anos de desgaste com o PSDB – especialmente após a aliança Bolsodoria – dão sentido às movimentações de Alckmin.

“Essa aliança é claramente uma resposta do Alckmin ao João Doria, ao grupo que assumiu o PSDB e o colocou para escanteio”, avalia o analista-chefe do Jota em São Paulo em entrevista à Renata Lo Prete, retomando o episódio em que Doria ofereceu ao padrinho político uma candidatura ao senado como “prêmio de consolação”.

Lula e Alckmin se encontram em jantar em SP — Foto: Ricardo Stuckert

“Ficou claro para o Alckmin que ele tinha que sair do PSDB”, diz Zambeli. Para o analista, o caso Doria é emblemático porque a ruptura com o ex-governador teria sido muito dura. Depois das eleições presidenciais de 2018, a relação azedou de vez.

“Nesse aspecto, é quase uma vingança política para o Alckmin mostrara para quem o descartou para planos maiores ser vice-presidente em um projeto nacional e retomar o protagonismo que faz todo sentido nesse contexto de resposta política que Alckmin quer dar para seus desafetos. “

 

As motivações de Alckmin, segundo Zambeli, não se encerram na ruptura com Doria.

“Ele [Alckmin] sempre foi visto como um personagem menor diante dos grão-tucanos. O episódio da morte do Tomás, o filho caçula, foi uma tragédia pessoal muito marcante. Esse ressentimento que ele carregava com o PSDB por nunca ter sido um tucano de alta plumagem fica mais aflorado de lá pra cá.”

Ouça a entrevista completa no episódio #670 do podcast O Assunto.

Fonte: G1