Trump admite que Biden venceu, mas depois volta atrás

Após mais de uma semana, Donald Trump finalmente reconheceu, em um tuíte, a vitória de Joe Biden nas eleições de 3 de novembro. O presidente americano, porém, voltou a recorrer ao falso argumento de que a votação foi fraudada para justificar sua derrota para o democrata.

Trump admite que Biden venceu, mas repete falsas acusações de fraude Foto: Reprodução
Trump admite que Biden venceu, mas repete falsas acusações de fraude Foto: Reprodução

“Ele venceu porque a eleição foi manipulada”, Trump escreveu neste domingo cedo, em uma postagem que apagou depois que a rede social marcou a publicação como contendo informações não comprovadas. “Nenhum fiscal ou observador de voto foi permitido, voto tabulado por uma empresa privada da esquerda radical, Dominion, com uma má reputação e equipamento ruim que nem pôde se qualificar para o Texas (que ganhei por muito!).”

Duas horas depois, em outros dois tuítes, Trump tentou se emendar: “Ele só ganhou aos olhos da imprensa fake news”, disse. “Eu não reconheço nada. Temos um longo caminho pela frente. Esta foi uma eleição fraudada”, completou. As novas postagens também foram marcadas como não confiáveis pelo Twitter.

Desde que sua derrota ficou clara, há oito dias, Trump vem contestando a vitória eleitoral de Biden, com base em falsas alegações de fraude que têm sido rejeitadas pela Justiça em todo o país e mesmo por autoridades federais encarregadas de supervisionar a lisura do pleito.

A equipe de campanha de Donald Trump o aplaude durante visita à sede de campanha, no dia da eleição, em Arlington, Virgínia. "Eu moro na mesma rua da sede da campanha de Trump, mas nunca tinha percebido quem trabalhava lá. Quando inesperadamente recebemos permissão para entrar no escritório, fiquei impressionado com a multidão de jovens bem vestidos atrás da campanha de reeleição do presidente - tensa, cansada e animada. Meio-dia, mas o relógio na parede havia parado depois de contar até a meia-noite". Foto: TOM BRENNER / REUTERS
A equipe de campanha de Donald Trump o aplaude durante visita à sede de campanha, no dia da eleição, em Arlington, Virgínia. “Eu moro na mesma rua da sede da campanha de Trump, mas nunca tinha percebido quem trabalhava lá. Quando inesperadamente recebemos permissão para entrar no escritório, fiquei impressionado com a multidão de jovens bem vestidos atrás da campanha de reeleição do presidente – tensa, cansada e animada. Meio-dia, mas o relógio na parede havia parado depois de contar até a meia-noite”. Foto: TOM BRENNER / REUTERS
Joe Biden abre caminho pela multidão fora de sua casa de infância, no dia da eleição, em Scranton, Pensilvânia. "Até o dia das eleições, a ameaça do coronavírus restringiu a campanha de Joe Biden, sem multidões e pouca interação com o público em geral. Aqui, em um tour retrospectivo de sua cidade natal, Scranton, Pensilvânia, Biden se mistura mais livremente com apoiadores reunidos em sua casa de infância, ladeado por suas netas que o ajudam no meio da multidão". Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS
Joe Biden abre caminho pela multidão fora de sua casa de infância, no dia da eleição, em Scranton, Pensilvânia. “Até o dia das eleições, a ameaça do coronavírus restringiu a campanha de Joe Biden, sem multidões e pouca interação com o público em geral. Aqui, em um tour retrospectivo de sua cidade natal, Scranton, Pensilvânia, Biden se mistura mais livremente com apoiadores reunidos em sua casa de infância, ladeado por suas netas que o ajudam no meio da multidão”. Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS

Na sexta, 16 promotores federais que haviam sido designados para monitorar a eleição escreveram uma carta ao secretário de Justiça de Trump, William Barr, afirmando não haver quaisquer indícios de irregularidades que comprometam os resultados da eleição.

Na quinta, integrantes de agências federais e associações estaduais responsáveis por supervisionar a infraestrutura das eleições americanas encerradas em 3 de novembro afirmaram não ter encontrado qualquer sinal de irregularidade no processo. Eles refutaram questionamentos sobre a integridade e a segurança da votação — base dos argumentos de Trump para rejeitar sua derrota nas urnas.

“A eleição de 3 de novembro foi a mais segura da História americana. Neste momento, ao redor do país, agentes eleitorais estão revisando todo o processo antes de certificar os resultados”, afirmou o comunicado conjunto do Conselho Governamental de Coordenação de Infraestrutura Eleitoral e da Comissão Executiva de Coordenação do Setor de Infraestrutura Eleitoral.

O Conselho e a Comissão são formados por agências federais, na maioria subordinadas ao Departamento de Segurança Interna, e por associações de autoridades estaduais. Eles supervisionam diferentes níveis de organização do pleito: registro dos eleitores, modelo de votação e, principalmente, a segurança dos sistemas usados ao longo do processo.

Biden teve a vitória projetada na tarde do dia 7 de novembro, ao conquistar 279 delegados do Colégio Eleitoral, nove a mais do que o mínimo necessário. Na última sexta-feira, a imprensa americana também projetou a vitória do democrata no Arizona e na Geórgia, elevando seu total para 306 delegados, o mesmo número obtido em 2016 por Donald Trump, que neste ano teve 232.

Quase 80% dos americanos, incluindo mais da metade dos republicanos, reconhecem Biden como o vencedor da eleição presidencial, segundo apontou uma pesquisa Reuters/Ipsos na semana passada.

Na noite de sábado, depois de uma marcha em apoio a Trump que reuniu cerca de 5 mil pessoas em Washington, integrantes do grupo de extrema direita Proud Boys entraram em confronto com manifestantes pró-Biden. Nas redes sociais, apoiadores do presidente editaram as cenas de violência para fazer parecer que os membros do grupo eram alvo de agressões, e não o contrário, como de fato aconteceu. Entre os agredidos pelos Proud Boys estavam jornalistas e ativistas do Black Lives Matter.

O Globo