Taxa de desemprego é recorde e atingiu 13,1 mi de brasileiros em julho

Foto: Gustavo Luizon/VEJA.com

Dados servem para mostrar, em números, o comportamento da sociedade em determinados períodos. No caso dos dados da economia, eles vem apresentando, desde maio, melhoras contínuas no cenário após a fase mais aguda da pandemia do novo coronavírus na área. Com a retomada das atividades, após a flexibilização vinda de estados e municípios, os números passaram a melhorar. Entretanto, isso não se reflete nos dados de emprego. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil foi de 13,8%, a maior da série histórica, iniciada em 2012. O índice corresponde a um aumento de 1,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (fevereiro a abril, de 12,6%). Com isso, a população desocupada chegou a 13,1 milhões de pessoas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira, 30.

Por causa da metodologia usada pelo IBGE, nem todas as pessoas que perderam o emprego entram nos índices de desemprego. Nas pesquisas anteriores, a taxa de desemprego ficava estável, enquanto o nível de ocupação. Só é considerado desempregado quem não está trabalhando mas busca uma nova ocupação. A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explica que as quedas no período da pandemia de Covid-19 foram determinantes para os recordes negativos deste trimestre encerrado em julho. “Os resultados das últimas cinco divulgações mostram uma retração muito grande na população ocupada. É um acúmulo de perdas que leva a esses patamares negativos”. O nível de ocupação, pessoas que estavam efetivamente trabalhando, também foi o mais baixo da série, atingindo 47,1% da população. O dado representa queda de 4,5 pontos frente ao trimestre anterior e 7,6 pontos contra o mesmo trimestre de 2019.

Além da questão da metodologia, o mercado de trabalho brasileiro tem uma característica própria: por haver muita burocracia e custos para contratar, a reação sempre é mais lenta: seja para desliga quanto para contratar. No caso do mercado informal, o desligamento é mais rápido e normalmente a recontratação também, mas isso não está ocorrendo no momento. A taxa de informalidade chegou a 37,4% da população ocupada (o equivalente a 30,7 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, a taxa fora de 38,8% e, no mesmo trimestre de 2019, de 41,3%.

A piora nos dados do desemprego já era esperada pelo governo, tanto que a equipe econômica se preocupa em construir alternativas para reativar o mercado de trabalho. Com o fim dos auxílios devido a pandemia, ter políticas para criação de empregos é fundamental para a recuperação sustentável da economia, já que a demanda do mercado consumidor vem da renda das famílias brasileiras.

No centro da questão da empregabilidade, está a desoneração da folha de pagamento, que voltou aos holofotes com a retomada das discussões sobre reforma tributária e os planos para o Renda Cidadã, programa de transferência de renda que deve ampliar o Bolsa Família. A equipe econômica banca que é preciso uma desoneração ampla de setores e, para bancar isso, um tributo sobre operações financeiras, apelidado de nova CPMF, seria criado. A ideia é que, com menos custos na contratação, o mercado de trabalho se movimente de forma mais sólida. Sem consenso com o Congresso pela proposta, essa parte da tributárias ficou em suspenso e as discussões se voltam para o programa de transferência de renda. Enquanto o plano da desoneração ampla não anda, o benefício deve ser mantido para alguns setores já que o Congresso deve derrubar o veto presidencial da desoneração a 17 setores. Os benefícios, em vigor desde o governo Dilma, foram vetados por Bolsonaro já que o governo defende a desoneração mais ampla. A questão, na avaliação de José Pastore, professor de relações do trabalho da USP, precisa sem enfrentada. Segundo ele, se o país virar o ano sem nenhuma política clara de emprego e o fim de benefícios para outros setores, trará um grande problema ao país.

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