Gilson Moura
Jornalista e advogado
No pleito eleitoral de 2008, a oposição, com seu projeto de mudança, encabeçada pelo Partido Verde(PV), deixou um marco de que era possível vencer o grupo do poder, composto por Agnelo, Maurício, Taveira, Elienai e Naur Ferreira.
Na época, o PV contou com a minha participação, como deputado estadual. Eu e o grupo da oposição tivemos a coragem de enfrentar os mais de 94% de aceitação da administração de Agnelo e a maior estrutura de poder político do RN. Naquela ocasião, os verdes optaram por caminhar na direção oposta ao poder e hoje, muitos do grupo do poder estão do lado da oposição. No ar, ficam algumas questões: será que os atuais oposicionistas têm o mesmo papel do grupo de 2008, que enfrentaram os poderosos em favor do povo? Qual a importância da oposição raiz nesse ambiente de poder?
No cenário atual da política parnamirinense, o professor Gildásio Figueiredo optou por se manter fora do governo, conservando o discurso de oposição e credenciando ao grupo de Elienai a fala como se fosse oposição. Analisando a cronologia de 2008 para 2020, o que mudou? Quais lições podemos tirar daquela época? A estratégia poderosa era o discurso, pois foi com essa arma forte que se cultivou o sentimento de mudança, dividindo o eleitorado da cidade.
O discurso da época não apontava para mudança, mas sim para o avançar, uma vez que o governo gozava de uma credibilidade e aceitação gigantesca. Hoje, Elienai e Maurício não podem criticar o prefeito Taveira, pois eles foram os principais responsáveis pela vitória do coronel. Especialistas defendem que, em Parnamirim, o caminho para a vitória passa pela união da oposição. Vejamos algumas evidências: se Nilda e Gildásio tiverem condições de subir no palanque como oposicionistas, serão capazes de apontar os erros do governo de Taveira, dando tom ao discurso do grupo que pertencem. Além disso, os votos que esse grupo traz, sobretudo Gildásio e Fativan, darão a Elienai uma maior identidade juntos aos oposicionistas, principalmente, nessa fase da construção da aliança política contrária ao prefeito-coronel, antes das convenções partidárias.
Elienai tem dois desafios para chegar ao paraíso. Primeiro, trazer para o seu palanque Maurício Marques e esse, consequentemente, trará o padre Murílo, amigo/representante da governadora petista Fátima Bezerra. Maurício, nessa engrenagem política, com o maior líder religioso católico da cidade, representa a união dos evangélicos e católicos. Em segundo lugar, para finalizar a engrenagem, articular-se com a vereadora Nilda, que ainda é o maior símbolo de resistência oposicionista ao prefeito e mantém o seu projeto de ser candidata à prefeitura.
O pleito de 2008, ainda, serve de norte aos candidatos que querem caminhar na oposição. Para mais informações, basta voltar no tempo e rever alguns episódios dessa série. O lema “tem mais está faltando…” fez a população enxergar as brechas deixadas na administração do prefeito Agnelo, desconstruindo a falsa ideia da cidade dos sonhos. Isso empolgou a população, mostrando que “forte é o povo que tem nas mãos o poder de lutar…” Atualmente, o cenário é diferente… É importante unir a oposição, focar na desconstrução da narrativa do poder, em que tudo funciona perfeitamente, mas a realidade é bem distante do que se prega. Então, o sinal está verde, há muito trabalho a ser feito, só lembrando que a terra prometida ainda está bem distante.