Engorda: primeira remessa de areia chega hoje em Ponta Negra

Foto: ADRIANO ABREU

A draga de sucção começa a executar a engorda da Praia de Ponta Negra nesta sexta-feira (30). A embarcação atracou no porto de Natal nessa quinta-feira (29) para ser abastecida, com previsão de partir ao amanhecer em direção à jazida de areia, localizada a cerca de 7km da linha da Praia de Areia Preta de onde vai retirar o material para o aterro. A obra é importante para garantir o lazer e as atividades turísticas na praia, mas também para conter a erosão costeira e preservar o Morro do Careca.

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, visitou a embarcação nesta quinta-feira e disse que a engorda vai proteger a área contra o avanço do mar. “Vai recuperar a praia de Ponta Negra, em toda a sua extensão, aumentando a faixa de areia em 50 metros na maré cheia e 100 metros na maré baixa. Isso vai resolver a questão do problema da derrubada do calçadão, do Morro do Careca, dos riscos para bares, hotéis e restaurantes que seriam atingidos”, disse.

Para iniciar os trabalhos, a draga precisou ser abastecida com cerca de 2 mil litros de combustível. Com um braço de sucção de 30 metros, ela vai recolher a areia do fundo do mar, filtrar e transportá-la até os tubos que foram montados na altura do Hotel Sehrs, na Via Costeira. “Iniciaremos pela primeira tubulação entre os hotéis Sehrs e Ocean.

E, a partir daí, começa a engorda. A data prevista no contrato são 94 dias, mas vamos trabalhar para antecipar e concluirmos antes do prazo”, declarou o secretário de Infraestrutura de Natal, Carlson Gomes.

Um rebocador está posicionado para acoplar essa tubulação ao equipamento da draga. Após o transporte de areia, é necessário fazer a terraplanagem com espalhamento, compactação e nivelamento do aterro por meio de tratores. “Dentro dos 4 km da obra, haverá interdição parcial a cada 200 metros por semana, na medida que o serviço for sendo feito, ou seja, não haverá bloqueio completo da praia”, enfatizou Gomes.

A obra é tocada pelo consórcio DTA/AJM. A DTA foi responsável pelas obras de engorda em Balneário Camboriú (SC) e Matinhos (PR), além de realizar a dragagem de manutenção nos portos de Paranaguá, Antonina e a dragagem de aprofundamento do canal do Porto de Santos. A catarinense AJM também é especializada em serviços de dragagem.

O secretário garantiu que o valor do contrato não foi alterado, apesar da embarcação ter sido enviada a Natal antes da liberação da licença da obra pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), tendo que retornar em seguida. A autorização para chegar antes, segundo Carlson, não foi dada pelo Município, de modo que não será responsabilizado. “Houve uma decisão da empresa em mandar a draga antes, mesmo o Município informando que a obra não estava liberada. O contrato permanece o mesmo valor”, disse.

A engorda em si vai custar cerca de R$ 67 milhões, mas está incluída a obra complementar de um calçadão, ligando a Via Costeira ao calçadão de Ponta Negra, totalizando assim R$ 73,7 milhões. O projeto é a terceira parte de uma série de obras na orla de Ponta Negra, que contou ainda com o enrocamento, ou seja, blocos de pedras colocados ao longo da praia para proteger e sustentar o calçadão, contando também com a construção de escadas e rampas de acesso à praia.

A segunda etapa é a readequação do sistema de drenagem para conter a chegada de águas da chuva ao mar e que está em andamento. O secretário Carlson Gomes explicou que esta precisa estar concluída antes que a engorda termine.

Morro do Careca preservado e monitoramento

O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Thiago Mesquita, ressaltou que a obra da engorda da praia de Ponta Negra conta com um trabalho de 40 programas de controle e monitoramento ambiental, feitos pela Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec/UFRN), contratada da Prefeitura de Natal.

“Vários desses programas permanecerão por 6 meses e alguns até por 12 meses após a obra. O monitoramento se dá nos meios físicos relacionados ao fundo do oceano, à questão de feições da linha de praia, geologia, geomorfologia, arqueologia, fauna e flora”, explica.

Entre os resultados esperados, está a preservação do Morro do Careca, que tem perdido sua característica original com a formação de uma falésia de cerca de 2 metros de altura em sua base. Mesquita diz que isso ocorre de duas formas Uma delas, através da erosão eólica. “Estamos vivendo isso agora. É perceptível a força dos ventos que faz com que essa erosão continue. Porém, é muito menor que a relacionada à dinâmica costeira”, justifica.

É nessa dinâmica costeira, provocada pelas ondas do mar, que a obra de engorda vai interferir. “Esta não terá mais nenhum tipo de capacidade de ocorrer porque vai ter a faixa de areia garantindo o obstáculo físico de chegada das ondas até a base do morro”, prevê o secretário.

Tribuna do Norte