Bordadeiras rebatem críticas nas redes ao uniforme do Brasil nas Olimpíadas: ‘Preconceito com Nordeste’

Bordado presente no traje do time Brasil para cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris
Foto: Divulgação

Bordado das jaquetas para cerimônia de abertura do evento esportivo foi feito por artesãs do Rio Grande do Norte.

Desde a última semana, intensificaram-se os comentários negativos em relação aos uniformes que a delegação brasileira vai vestir durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas 2024, nesta sexta-feira (26), em Paris. Assinado pela Riachuelo, a jaqueta jeans que faz parte do traje tem desenhos feitos por bordadeiras do Rio Grande do Norte.

Alcilene Medeiros da Conceição, 44, é bordadeira de Timbaúba dos Batistas (RN) e coordenadora do grupo Timbaúba dos Bordados, que fez parte da parceria com o Instituto Riachuelo para bordar parte do traje que os atletas vão desfilar no evento que dá o ponta pé inicial aos jogos.

Ela conta que tem acompanhado a repercussão negativa nas redes sociais sobre as roupas que ela e sua equipe ajudaram a bordar. “Eu vejo como uma forma de preconceito com o povo e a região do Nordeste”, diz em entrevista ao #Hashtag.

Alcilene explica que a ideia e a criação do design foram do Instituto Riachuelo. A partir disso, o grupo que ela coordena e outras associações da região bordaram onças, araras e tucanos nas jaquetas jeans.

“O uniforme não está feio. Foi feito com muito amor, carinho e capricho e pensado no conforto dos atletas. Eu super queria um para mim”, conta Alcilene.

Salmira Torres, 69, é artesã, presidente da Associação das Bordadeiras e também secretária de Desenvolvimento e Turismo do município. Ela afirma que a entidade de artesãs recebeu o pedido do Instituto Riachuelo no dia 15 de outubro de 2023 para bordar 1.500 peças em um prazo de 90 dias.

Em relação às críticas, ela ameniza e vê com positividade a repercussão das peças na internet.

“É uma maravilha, porque é uma grandeza para o nosso município que fica no semiárido nordestino. Estamos valorizando a nossa fauna e flora, e nada mais lindo do que a gente levar um pouco do nosso Brasil para as Olimpíadas”, diz Salmira.

Salmira Torres e Jailma Araújo, coordenadora de artesanato no município, vão representar as bordadeiras em Paris, financiadas pela Embratur, e vão levar com elas uma máquina para divulgar o trabalho da cidade na capital francesa.

Cathyelle Schroeder, CMO da Riachuelo, conta que a parceria com as bordadeiras foi algo pontual e faz parte do programa Pró-Sertão da entidade, que incentiva a geração de empregos no semiárido do Rio Grande do Norte, lançado em 2013.

Em relação às críticas das peças, Schroeder afirma que fazem parte do papel da empresa ouvir o consumidor e aprender. Segundo ela, ao contrário de todas as peças, os bordados são os mais elogiados.

No site da loja, uma jaqueta jeans unissex está saindo pelo valor de R$ 599,90.

Folha de S. Paulo