Monsenhor Valdir, Reitor do Pio Brasileiro

 

Padre João Medeiros Filho

Monsenhor Valdir Cândido de Morais tem contribuído com relevantes serviços à Igreja norte-rio-grandense. Quando pároco de Santo André de Soveral (Parnamirim), organizou com empenho a comunidade, na dimensão administrativa e espiritual. Além de sua dedicação ao Povo de Deus, aos movimentos, associações, serviços e grupos paroquiais, destacou-se também pela edificação de um centro pastoral, reformas na matriz (bairro de Jardim Aeroporto) e outras benfeitorias nas capelas das comunidades: Parque das Orquídeas, Parque Industrial e Emaús. Coordenou o setor arquidiocesano da família. Em âmbito nacional foi assistente do movimento católico “Segue-me”. Consagrou-se como administrador, ao dirigir a Casa do Clero, em Emaús. Digna de encômios é sua operosidade como pároco da Catedral Metropolitana de Natal (por doze anos). A par da assistência religiosa, notabilizou-se pelo esmero artístico do templo, agora dotado de belíssimo vitral e expressivos quadros da Via-Sacra, de autoria do escultor Ambrósio Córdula. Exerceu com abnegação o ofício de ecônomo do arcebispado de Natal e vigário episcopal para a administração. Pertence ao colégio de consultores arquidiocesanos.

Em 2024, celebra-se o nonagésimo ano de existência do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, situado na Via Aurélia, 527 (Roma). Coube à arquidiocese natalense a honra de ceder um de seus ilustres presbíteros para dirigir aquela respeitável casa de formação clerical. Seridoense de São João do Sabugi, Mons. Valdir aceitou o novo desafio e exigente encargo de cuidar de uma das mais importantes instituições da Igreja do Brasil. Terá a nobre missão de coordenar aquela valiosa entidade católica, que tem entre seus objetivos aprimorar a formação eclesiástica e intelectual do clero brasileiro. Não há dúvida de que desempenhará com brilhantismo sua nova função. Pastor solícito, dinâmico e habilidoso gestor, transmitirá sua rica e profícua experiência sacerdotal aos presbíteros de dezenas de bispados brasileiros.

É notória a liderança espiritual e cultural dos ex-alunos do Pio Brasileiro em nossas dioceses. Como Reitor, Mons. Valdir irá escrever um capítulo digno de louvor da História Eclesiástica do Brasil. Continuará demonstrando engajamento e dedicação ao Reino de Cristo. Nosso homenageado possui a marca da recomendação do apóstolo Paulo: “Enriqueçam-se de boas obras e estejam prontos a doar e partilhar” (1Tm 6,19). Ele conhece bem a Casa que o acolheu, quando cursou em Roma o mestrado em Teologia. Nossos augúrios e orações pelo novo Reitor. E a nosso arcebispo metropolitano, Dom João dos Santos Cardoso, os sinceros agradecimentos. Em sua ampla visão eclesial, reconheceu o valor e carisma de seu colaborador, liberando-o para exercer honrosa missão.  

Há quase um século, o Colégio continua aprimorando o nosso clero. Para lá, as dioceses enviam clérigos a fim de complementar a formação teológica e intelectual. Anteriormente, nossos compatriotas eram destinados ao Pio Latino-americano. Ali, vários sacerdotes potiguares estudaram, dentre os quais, o inolvidável Monsenhor Walfredo Gurgel, exemplo de vida sacerdotal e pública. Durante oito décadas, o Pio Brasileiro foi dirigido pelos jesuítas. Em 2014, ocorreu a substituição de sua diretoria (até então, sob os auspícios dos discípulos de Santo Inácio de Loyola) por uma equipe de padres diocesanos, designados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Com a entrega da gestão daquele Colégio, a Companhia de Jesus encerrou sua missão de orientar seminaristas e sacerdotes brasileiros, em Roma. A presidência da CNBB registrou em placa comemorativa o reconhecimento e gratidão à Ordem dos Jesuítas, que esteve à frente dos destinos daquela notável entidade formativa, desde sua fundação. Atualmente, integram a direção presbíteros oriundos de dioceses brasileiras.

Poder-se-á aquilatar a importância da instituição para a Igreja pela galeria dos ex-alunos, dentre os quais cento e cinquenta bispos, sendo sete deles investidos da púrpura cardinalícia. Alguns estão em processo de beatificação: Dom Francisco Expedito Lopes (ex-bispo de Garanhuns), mártir do dever episcopal; Padre João Bosco Penido Burnier, assassinado barbaramente, em Ribeirão Cascalheira (MT), no ano de 1976, por defender oprimidos e injustiçados; Dom Luciano Mendes de Almeida, ex-Diretor de Estudos da citada instituição (década de 1960), posteriormente arcebispo de Mariana (MG). Estes dados são uma amostra da magnitude do Pio Brasileiro e de quem o dirige. Como a prece do salmista, repetirá o novo Reitor: “Envia tua luz e tua verdade; que elas me guiem” (Sl 43/42,3).