“O resultado já é algo que eu esperava, né? Mas mesmo assim, eu ainda estou chocada com o que aconteceu, porque eram muitas provas nítidas, concretas e provadas”. A declaração é de Priscila Souza, mãe do jovem Giovanni Gabriel de Souza Gomes, 18 anos, que foi assassinado em 5 de junho de 2020. Os quatro policiais militares acusados da morte de Gabriel foram absolvidos pelos jurados, em sessão do júri popular iniciada na última terça-feira (2) e finalizada pouco após às 22h da quinta-feira (4).
Segundo Priscila Souza, durante toda a sessão do júri, a promotoria apresentava as provas e apontava a veracidade delas. Ainda de acordo com ela, os militares se contradiziam nos depoimentos apresentados. “No começo, não lembrava de hora, não lembrava de nada. No final do depoimento, lembrava da hora. São muitas contradições”, afirmou para a repórter do programa TÁ NA HORA RN, da TV Ponta Negra, Gislaine Azevedo.
Priscila conta que, no último dia de julgamento, a defesa dos PMs solicitou que um dos réus ficasse de pé em frente aos jurados, passando uma sensação de intimidação. “Um dos réus ficou na frente dos jurados por mais de duas horas sem falar nada, achei aquilo um absurdo. Como se tivesse intimidando os jurados”, afirmou.
O Ministério Público apresentou vídeos contendo os últimos momentos do jovem antes de ser morto. Testemunhas também foram apresentadas alegando que ouviram Gabriel se explicar para os policiais militares, além de registros de ligações telefônicas com conversas entre os réus comentando o caso. Áudios de WhatsApp também foram apresentados.
A mãe de Gabriel afirma também que, em nenhum momento, a defesa chegou a apresentar provas que realmente inocentasse os quatro policiais. “Bertoni sempre dizia que estava com Anderson nesse dia e que não estava com Valdemi. A promotora pegou o livro do Batalhão e provou que os três estavam escalados juntos. Tudo era contestado. Não consigo entender que votação foi essa desses jurados”, acrescenta Priscila.
O Ministério Público deverá recorrer da decisão. Priscila, porém, diz que já não “quer mais saber”. “Deixa eles trabalhando aí mesmo. Deixa eles irem para a rua. Infelizmente, matar mais jovens que nem mataram meu filho”, pontua.