O Forte dos Reis Magos, um dos principais pontos turísticos e históricos do Rio Grande do Norte, registra boa movimentação de visitantes durante o início da alta temporada, diferentemente dos demais períodos do ano. Localizado estrategicamente na foz do Rio Potengi, a fortaleza, construída no século XVI pelos colonizadores portugueses, é um ícone histórico que ganha um respiro durante o verão. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Norte (ABIH), a média de ocupação hoteleira ficará em torno de 70% durante a alta estação.
Vindos do Rio de Janeiro, o casal Delson Luís e Rosângela Alves já conhecia a capital potiguar, mas ainda não havia visitado o Forte. “Essa é a minha quarta vez em Natal e a primeira aqui no Forte”, disse Delson. “Acho que das outras vezes que vim estava fechado. Agora deu certo vir aqui e está sendo uma experiência incrível, para onde você olha dá para ver a história. É histórico isso. A construção, as paredes, as pedras, tudo muito lindo e limpo também. Isso é muito importante, com certeza pretendo trazer mais gente para cá”, continuou.
Em novembro passado, o Forte passou por uma intervenção na pintura após atos de vandalismo. Todas as paredes do equipamento receberam uma nova camada de tinta depois que a fortaleza foi pichada com frases contra o Projeto de Lei Federal 2903/2023, que tratava do marco temporal das terras indígenas. O trabalho de pintura da parte externa do forte envolveu a participação de presos do sistema penitenciário e ocorreu mediante autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por se tratar de um prédio tombado.
Quem também se impressionou com o monumento foi o casal Facaldi, turistas da cidade de Americana, São Paulo. João e Zenaide aproveitaram para conhecer a história do Rio Grande do Norte. “É uma vista muito bonita, um lugar maravilhoso, felizmente tivemos uma estadia muito boa, questão de acessibilidade também foi boa, gostamos muito de Natal, é um local incrível e vamos voltar mais vezes. Viemos com toda a família e todo mundo gostou muito da cidade, das praias e daqui do Forte dos Reis Magos. Foi incrível aprender um pouco da história”, contou João.
Turistas de Maceió, Bruno e Kethy Oliveira encerraram o roteiro turístico pelo Rio Grande do Norte com a visita ao Forte. “Visitamos as praias, fizemos passeio de buggy e aproveitamos que vamos embora hoje [ontem] para conhecer aqui a fortaleza, saber um pouco da história da cidade. Nós gostamos muito de Natal. Toda vez que viemos aqui nós fazemos questão de trazer algum amigo novo”, destaca Kethy Oliveira.
Desde que foi reaberto para visitação pública em 2021, a fortaleza vem sendo subutilizada, conforme análise de representantes do trade turístico, que chegaram a sugerir uma parceria público-privada (PPP) para gerir o equipamento. No mês passado, o Governo do RN regulamentou a lei das PPPs no Estado. A reportagem tentou contato com a Fundação José Augusto (FJA) para questionar a possibilidade de uma PPP para uma maior aproveitamento da estrutura, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
O Forte
O Forte dos Reis Magos começou a ser construído em janeiro de 1598, antes das primeiras casas da cidade de Natal surgirem num ponto mais alto, a dois quilômetros da costa. Sua finalidade era proteger o território brasileiro das investidas dos franceses. Construído em pedra, sobre pedras de um arrecife que vira ilha na maré cheia, sua planta reproduz a forma de uma estrela. Monumento importante, está fortemente ligado à história da cidade de Natal. Foi tombado em 1949 pelo Iphan.
Em 2005, com recursos do Iphan, a construção foi restaurada. Administrado pela Fundação José Augusto desde 1965, em dezembro de 2013 passou a ser gerenciado pelo Iphan, que o administrou até março de 2018. A partir desta data, a fortaleza voltou à gerência da Fundação José Augusto. Entre as peças do acervo estão alguns canhões e o Marco de Touros, importante documento que assinala a posse portuguesa da Terra de Santa Cruz. Trata-se de uma coluna de pedra, com as armas de Portugal e a Cruz da Ordem de Cristo esculpidas, fixada em 1501 na costa de Rio Grande do Norte pela expedição de Gaspar de Lemos.
Tribuna do Norte