Qual faceta do governo de Jair Bolsonaro vai prevalecer na agenda desta quarta-feira (30), a do médico ou a do monstro?
O dia era para ser de boas novas em Brasília, com o detalhamento de um pacote de reformas futuras pensado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que poderiam ditar a agenda econômica após a reforma da Previdência.
No pacote, deve ser apresentada a revisão da regra de ouro, de gastos obrigatórios e do pacto federativo, e também uma ampla reforma administrativa para reduzir o número de carreiras e mexer na estabilidade de servidores. Um programa de ajuda a estados com as finanças nas cordas também estava previsto.
Some-se a isso duas notícias promissoras anunciadas na quarta-feira. Uma comissão na Câmara deu encaminhamento à reforma previdenciária dos militares, mesmo sob forte pressão da corporação.
Para os mais otimistas, é uma mostra de que o o governo Bolsonaro está disposto a cortar na carne para encaminhar as reformas que o Brasil precisa. Do Oriente Médio, o presidente selou um plano de investimentos de 10 bilhões de dólares da Arábia Saudita no Brasil.
Ou seja: era uma semana de boas notícias, que poderia ser coroada, hoje, com uma nova redução da taxa básica de juros (que deve de fato ocorrer). Mas, na noite de ontem, uma reportagem divulgada no Jornal Nacional, e uma reação destemperada do presidente, voltaram a colocar os podres na mesa.
O jornal Nacional revelou detalhes da investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco que mostram que um dos suspeitos de matar a vereadora esteve, horas antes do crime, no condomínio onde viviam tanto Bolsonaro quanto Ronnie Lessa, outro suspeito pelo assassinato.
Segundo o porteiro do condomínio, o suspeito disse que iria à casa 58, onde mora o presidente, e que alguém da casa o autorizou a entrar. Jair Bolsonaro estava em Brasília na data, e a dúvida número um do país nesta quarta-feira é quem, na casa 58, autorizou a entrada do suspeito. No Twitter, Carlos negou ter atendido o interfone.
Bolsonaro reagiu numa transmissão nas redes sociais feita às 3h50 da Arábia Saudita. Acusou a “patifaria” da rede Globo e do governador do Rio, Wilson Witzel, e mais uma vez afirmou que há um conluio contra sua família. Além disso, ameaçou retirar a concessão da emissora.
Segundo a VEJA, o governador do Rio de fato soube da citação a Bolsonaro nas investigações. Ele nega.
Como o presidente foi citado, o caso pode ser enviado ao Supremo Tribunal Federal, o mesmo que está com uma fenda aberta com o governo após a divulgação do infame vídeo em que o presidente compara os ministros da corte a hienas.
(Exame)