A política e a democracia

 


É muito bom constatar que a política volta, aos poucos, a ser o centro das nossas atenções. Entre as hipóteses de análise sobre o desastre humanitário dos últimos quatro anos, o que nos une é a certeza de que o fascismo e a extrema direita usaram, deliberadamente, o mote da necessidade da não política como opção para, contraditoriamente, fazer prevalecer sua vontade política. Uma estratégia perversa e calculada. Aproveitando o desgaste dos políticos, restou fortalecido entre os incautos um discurso da não política.

A despolitização foi um dos fatores que levou os fanáticos bolsonaristas a usarem celulares para se conectarem com os extraterrestres, a se apegarem à ideia esdrúxula de que as Forças Armadas seriam tutores da nação, a morarem em acampamentos fazendo vigília pelo fim da Democracia e a pedirem a intervenção militar como maneira de afastar os políticos. Enfim, uma verdadeira lavagem cerebral que, de maneira incoerente, pregava que eles tinham o direito de pedir a ruptura institucional, com a volta da Ditadura, pois usufruíam da liberdade de poder pedir qualquer coisa já que estavam numa Democracia! Sustentavam, bizarramente, que era possível usar a liberdade para acabar com a liberdade!

Para alimentar esse raciocínio maniqueísta e binário, era preciso ter um líder com um estilo construído cuidadosamente. E, na sistemática de dominação, estavam políticas ousadas de aniquilamento de todas as conquistas humanistas acumuladas ao longo do tempo. O trabalho feito pelos grupos durante o governo de transição demonstrou, com farta documentação, que o bolsonarismo teve como meta a destruição da ciência, da saúde, da educação, da segurança, enfim, de tudo que representava qualquer tipo de avanço humanitário.

Para consolidar essa perversa forma de governar, foi necessário investir na desinformação e na divisão da sociedade. A política leva à discussão, ao debate e à reflexão. O bolsonarismo aposta sempre na ruptura. Por isso mesmo, agora o Congresso tem no Senado figuras bizarras como Moro – o principal responsável pela eleição de Bolsonaro – e esta senadora Damares, que dispensa qualquer comentário. Mas é exatamente nesse mundo contraditório que devemos investir na volta da boa e velha política como maneira de resgatar os princípios que sustentam a Democracia.

O governo Lula completou um mês. E parece que esse mês teve 300 dias. Talvez, o retirar da venda que nos cegava, o desatar dos nós que nos manietavam e o fato de podermos respirar ares frescos e democráticos tenha feito uma verdadeira revolução entre o povo brasileiro. É a volta da esperança em dias melhores, numa normalidade que faça o país enfrentar a fome, o desemprego e a desesperança. E não tem melhor maneira de fazer esse enfrentamento do que apostar no debate livre e democrático, na discussão de ideias e no respeitar o olhar diferente.

Enfim, nada melhor do que fazer política. Aquela que coloca o interesse do povo brasileiro sempre em primeiro lugar. Para isso, precisamos afastar da sociedade o ódio e a violência que o bolsonarismo trouxe como alimento para se manter. E, forçoso reconhecer, não existe ninguém mais preparado para fazer essa mudança política do que o Presidente Lula. Vamos respirar e acreditar. O governo tem apenas 30 dias e a esperança e a alegria estão voltando. O mote é antigo, mas ainda serve: sem medo de ser feliz!

Como salientou Lula em seu discurso de posse: “Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou.

Fonte: poder 360