Fantástico mostra esquema de redes de postos de gasolina para enganar clientes


Fantástico mostra esquema de redes de postos de gasolina para enganar clientes

Fantástico mostra esquema de redes de postos de gasolina para enganar clientes

A cena é comum: o motorista chega ao posto de combustível para abastecer, e o atendente pede para checar o carro. Pneus, óleo, motor, água… A boa manutenção é fundamental e ajuda a evitar acidentes, mas golpistas tentam confundir os clientes e “empurrar” produtos que, muitas vezes, são desnecessários e podem danificar o veículo. Um esquema que envolve metas e pressão por resultados.

“Nós temos até sábado para fechar a meta, hein? Não se esqueça. Em último caso, no caso de não bater a meta, nós vamos trabalhar domingo. Todo mundo. A cobrança só vai aumentar. Quem não está preparado, para a cobrança pode sair. A empresa agradece”, diz o chefe em áudio para incentivar seus funcionários a baterem a meta da empresa.

No caso, a empresa é uma rede de postos de gasolina na região metropolitana de Porto Alegre, e a meta é enganar cada vez mais motoristas para vender produtos superfaturados e, muitas vezes, desnecessários.

Foi o que aconteceu com seu José ao ir a um posto de Cachoeirinha para abastecer R$ 50. Alegando uma suposta fumaça que estaria saindo do motor, um funcionário pediu para abrir o capô. Ele convenceu o aposentado de 73 anos a trocar o óleo. A conta fechou em R$ 1,3 mil, incluindo produtos que seu José sequer autorizou, e com preços bem acima do mercado. O frasco de um aditivo para óleo custou R$ 149, e a reportagem do Fantásticoencontrou o mesmo produto por R$ 44 reais. Ou seja, menos de um terço do valor.

A filha do seu José decidiu levar o pai à Delegacia do Consumidor.

“Acredito que nenhum colaborador faça isso sem autorização de um gestor, né? De um proprietário”, disse Josiane Silva.

Na delegacia, Josiane descobriu que o dono do posto, Fabrício Corrêa Barros, é reincidente: tem mais sete ocorrências registradas de outros postos que pertencem a ele. A primeira queixa contra um posto do empresário aconteceu em 2018, quando a jornalista Civa Silveira percebeu algo errado com a conta.

 

O posto chegou a ser fechado pelo Procon, mas segundo o diretor do Procon-POA, Wambert Di Lorenzo, só foi interditado “até que ele restituísse as vítimas em dobro do posto. Depois que ele restituiu todas as vítimas, nós levantamos a interdição”.

No entanto, quatro anos depois o golpe não só continuou como também foi aperfeiçoado. Os funcionários passaram a pedir que os clientes assinassem as notas fiscais para servir como mais uma garantia para o golpe.

Um ex-frentista, que trabalhou em um dos postos de Fabrício, explica que a cobrança do chefe vinha por meio de áudios compartilhados em grupos de WhatsApp. Segundo ele, no grupo on-line, os antigos colegas comemoravam os “atendimentos” realizados e compartilhavam uma planilha com informações de quem vendeu mais aditivo. Ele explica, também, como é feito o “golpe da fumacinha”.

 

O Fantástico monitorou o movimento num dos postos de Fabrício, em Porto Alegre. Nele, um carro foi colocado no setor de troca de óleo, e o atendimento durou uma hora e meia. Localizado pela reportagem, o dono do veículo, seu Wolney, mostra a nota com o total cobrado pelo posto: mais de R$ 1,4 mil.

Esse tipo de golpe se repete em outros estados. No Procon de São Paulo, por exemplo, foram dez queixas no ano passado e 14 só nos primeiros cinco meses deste ano.

Fabrício Corrêa Barros é dono de 25 postos, sendo 23 no Rio Grande do Sul e dois em Santa Catarina. O Fantástico falou com ele por telefone. Saiba mais assistindo à reportagem de Giovani Grizotti no vídeo cima – incluindo a manifestação da Ipiranga, a rede de distribuição de combustíveis que tem sua marca nos postos do empresário.

Fonte: G1