Um engenheiro naval da Marinha dos Estados Unidos e a esposa dele foram presos ao tentar vender segredos militares ao Brasil sobre tecnologia de reatores nucleares usados em submarinos. Jonathan e Diana Toebbe procuraram a inteligência militar do Brasil em abril de 2020 para propor o negócio, oferecendo milhares de páginas de documentos confidenciais de Washington, mas as autoridades brasileiras denunciaram o espião ao adido legal do FBI no país.
O caso foi revelado nesta terça-feira (15) pelo jornal The New York Times. Segundo a reportagem, o casal escolheu o Brasil por não ser um país hostil aos EUA e ter reservas financeiras suficientes para comprar os segredos. Além disso, o Brasil vem desenvolvendo a tecnologia de submarinos nucleares desde 1978.
Em 2008, o país voltou a investir no projeto do submarino nuclear e pretende lançar seu protótipo até 2029, parte de um programa de US$ 7,2 bilhões. Para Jonathan Toebbe, o Brasil seria um país capaz de construir um reator nuclear e estava pronto para investir bilhões, além de poder canalizar para ele as centenas de milhares de dólares em criptomoeda caso optasse por comprar os segredos.
Segundo o NYT, quando Jonathan Toebbe enviou uma carta oferecendo os segredos à agência de inteligência militar brasileira, os militares entraram em contato com o governo americano. A partir de dezembro de 2020, um agente disfarçado do FBI se fez passar por oficial brasileiro para conduzir uma falsa negociação com Toebbe. O homem acabou concordando em fornecer documentos e ofereceu assistência técnica ao programa de submarinos nucleares do Brasil, usando informações confidenciais que ele havia aprendido durante anos trabalhando para a Marinha dos Estados Unidos.
O casal Toebbe foi preso em outubro e se declarou culpado das acusações de espionagem no mês passado. Ele pode pegar até 17 anos e meio de prisão; a esposa dele pode cumprir até três anos.
Ainda segundo o jornal americano, embora o governo dos EUA quisesse divulgar para qual país o casal tentou vender os segredos, “as autoridades brasileiras insistiram que sua cooperação não fosse divulgada publicamente”. Um advogado do casal se recusou a discutir o caso antes da sentença, que deve sair em agosto.
De acordo com o NYT, enquanto a embaixada brasileira se recusou a comentar o episódio, um alto funcionário brasileiro disse que o país cooperou com investigadores americanos por causa da parceria das duas nações e das relações amistosas entre o serviço de inteligência do Brasil e a CIA. Se o Brasil tivesse sido pego tentando comprar segredos americanos, as relações entre os dois países, incluindo o compartilhamento de inteligência, poderiam ter sido postas em risco.
R7