Governança, transparência, gestão de riscos, monitoramento e responsabilização ganham cada vez mais relevância nas organizações. Nos últimos 3 anos, 1/3 das empresas criou a área de compliance, de acordo com a pesquisa Maturidade do Compliance no Brasil, da KPMG, publicada em 2021. O dado mostra um caminho longo para uma cultura geral de integridade, mas que já dá alguns passos no Brasil.
Muito além da melhoria da reputação e dos controles internos e externos, o desenvolvimento de um bom programa de compliance nas empresas fortalece os negócios, posiciona as marcas, cria um ambiente empresarial mais íntegro, estimula valores de colaboradores e parceiros e atrai investimentos.
O grande desafio é tornar os programas de compliance uma realidade no dia a dia das empresas. Assunto discutido no 2º Encontro de Compliance do Grupo J&F, realizado de 6 a 9 de dezembro de 2021.
“Existem motivos muito claros do ponto de vista financeiro e de reputação para se ter um programa de compliance, mas eu gostaria de ir além. Precisamos mudar para uma cultura de integridade. Não existe a possibilidade de uma sociedade, de um país, de um grupo grande, como o J&F, ser sustentável no tempo, fazer uma contribuição de desenvolvimento efetivo, se não tivermos uma cultura de integridade”, afirmou o diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, durante o evento.
A opinião do executivo reforça a de outros no Brasil. Segundo o levantamento da KPMG, 75% dos executivos seniores acreditam que uma cultura de compliance é essencial para a estratégia do negócio.
Leia os dados no infográfico.
Os especialistas no tema são unânimes em afirmar que diferentes empresas devem ter diferentes programas de compliance, sem soluções “de prateleira”. Para isso, é preciso que as organizações comecem o trabalho fazendo uma análise de risco. Como cada negócio se depara com potenciais ameaças distintas no dia a dia, as boas práticas para mitigar problemas e irregularidades também devem ser diversas.
Uma vez inserido na empresa, o programa de compliance precisa ser parte da organização como um todo, ultrapassando as barreiras do setor de conformidade. Para atingir esse objetivo, é essencial o engajamento dos colaboradores, com sensibilização e práticas mais humanizadas.
E, muito mais do que treinamentos, a disseminação dos pilares do complianceocorre pelo exemplo e pelo diálogo da liderança, que deve ser porta-voz e referência para a transformação dentro da empresa.
“O treinamento convencional, aquele ‘eu falo, você escuta’, não engaja. Muitas vezes, o código é feito de cima para baixo, e a base, na hora que vai cumprir, vê uma série de dificuldades ou de não entendimento do porquê daquilo. Então, o melhor treinamento é o diálogo”, afirmou a CEO da LVBA Comunicação, Gisele Lorenzetti, palestrante do encontro.
Além de estimular o diálogo, as companhias de maior porte têm um papel fundamental de multiplicar os efeitos da integridade entre fornecedores e clientes por meio de processos eficazes de due diligence (estudo, análise e avaliação de informações e documentos de diversos setores de uma empresa), segundo especialistas no tema.
“Não acreditamos em um compliance de regras, mas sim de pessoas. Somos um conjunto de pessoas que tem o objetivo de promover eficiência e eficácia, fornecer uma contribuição para a sociedade e, consequentemente, ter lucro. Nosso propósito, de uma empresa com mais de 260 mil colaboradores e um número enorme de fornecedores, é multiplicar a cultura da integridade”, ressaltou o diretor global de Compliance da J&F Investimentos, Lucio Martins.
Soluções tecnológicas simples são aliadas do compliance
Uma empresa com base sólida, valores consolidados e profissionais engajados no propósito da integridade tem a possibilidade de dar um passo a mais, utilizando a tecnologia.
“Se eu integro as ferramentas tecnológicas às minhas práticas e demonstro que elas estão ali para ajudar, monitorar, informar e auxiliar a busca da eficiência, elas colaboram para que a cultura dentro da organização se robusteça”, disse o sócio do Missão Compliance, Luciano Malara.
Assim como os programas de compliance têm que diferir em cada empresa, a aplicação de soluções tecnológicas também. Ferramentas simples e baratas podem ser inseridas em companhias de pequeno e médio portes para auxiliar, por exemplo, na implementação da principal ferramenta de integridade para todos os tipos de negócios: o canal de denúncias, segundo os especialistas.
Por meio dele, com a garantia do anonimato e da segurança dos denunciantes –colaboradores, parceiros ou público em geral–, as empresas podem identificar e dar tratamento adequado para possíveis fraudes ou abusos dentro das organizações.
Se para as grandes corporações o complianceestá consolidado, empresas de menor porte, muitas delas familiares, ainda não começaram a adotar práticas de conformidade ou avançam de forma tímida na estruturação das normas.
Para o diretor global de Compliance da JBS, Marcelo Proença, a cultura da integridade e o desenvolvimento de programas de compliance, nas empresas e entre setores, vão garantir a sustentabilidade das atividades, com a promoção de concorrência leal nos segmentos e melhor relação público-privada, além de proporcionar a criação de um mundo mais ético.
“A integridade nos negócios é extremamente importante para as empresas e para a sociedade em geral. Não há outro caminho. Não há um jeito certo de fazer a coisa errada. Só há um jeito certo de fazer o certo”, afirmou Proença.
Leia no infográfico os benefícios da adoção do compliance.
A publicação deste conteúdo foi paga pela J&F. Leia todas as reportagens do 2º Encontro de Compliance do Grupo J&F.
Fonte: poder 360.