11 Estados recomendam testes de covid para retomada de eventos

Levantamento da FSB Comunicação, antecipado para o Poder360, mostra que apenas 11 Estados orientam que seus municípios realizem teste rápido de antígeno de covid para a entrada em eventos. Já 20 indicam a obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacinação.

Os municípios têm autonomia para decidir sobre medidas restritivas relacionadas à pandemia, segundo decisão do STF. Porém, as orientações dos governos estaduais são importantes por servirem de guia para políticas públicas locais.

Apenas o Estado de Santa Catarina orienta que os municípios exijam tanto comprovante de vacinação quanto exames negativos da covid por meio de testes rápidos de antígeno ou RT-PCR.

Com a chegada do final do ano, as festas de Natal, Ano Novo e Carnaval, em 2022, podem causar uma escalada no número de casos por causa da aglomeração. Por isso, especialistas defendem que os cuidados devem ser redobrados.

Alberto Chebabo, vice-presidente da SBI(Sociedade Brasileira de Infectologia), reforça que mesmo quem se vacinou pode contrair e transmitir o vírus.

Hoje, os grupos que mais correm risco são os de 1) crianças com comorbidades com até 12 anos –já que ainda não alcançaram a idade de vacinação mínima– 2) e de idosos que, mesmo com o ciclo vacinal completo, ainda correm o risco de pegar a versão mais grave da doença por causa do sistema imunológico mais debilitado.

A maioria (20 de 27) dos Estados brasileiros exige apenas o comprovante de vacinação. “A imunização reduz muito a janela de transmissão do vírus, mas não elimina totalmente”, alerta Chebabo.

Para o infectologista, a proteção ideal seria exigir o “passaporte” e exames negativos realizados com antecedência de, no máximo, 72 horas (RT-PCR) ou 48 horas (teste rápido).

​​“Quanto mais camadas de proteção, melhor. Porém, isso implicaria em custo para as populações de baixo poder aquisitivo –que não teriam condições de pagar pelos exames ou aumentaria o preço dos eventos, tornando-os elitizados, de difícil acesso”.

Uma das soluções, diz, seria o poder público bancar a conta. “Essa é a estratégia que muitos países estão fazendo. Oferecer testes gratuitamente e estimular a população a se testar com frequência”.

Chebabo também defende que a testagem em massa seja priorizada pelo poder público, já que contribui para reduzir a chance do surgimento de novas cepas.

Há quase 2 meses, em setembro, a AMB(Associação Médica Brasileira) reforçou a urgência da utilização de testes rápidos de antígeno em eventos de fim de ano e Carnaval. Diz que os exames rápidos são executados em dispositivos simples, compactos e de fácil operação –o que possibilita a aplicação em grande escala fora do ambiente laboratorial, como, por exemplo, eventos.

Hoje, com o rápido avanço tecnológico de exames de detecção da covid, há testes rápidos de antígeno com alto nível de precisão, como das empresas Abbott, Becton Dickinson, Roche e Siemens Healthineers, com até 97,8% de precisão.

Sobre a taxa de vacinação, Bruno Jorge Andrade Bispo, médico e especialista em Medicina do Trabalho, diz que não impede a disseminação da doença. Por isso, a realização de exames, antes de eventos, mostra-se essencial.

“A pandemia não acabou. A proliferação da covid precisa ser contida, não estimulada em festas de fim de ano. […] O isolamento antecipado dos contactantes, a vacinação em larga escala e as medidas de proteção individuais são meios que se mostraram eficientes para a retomada das atividades culturais, científicas e empresariais”, declara.

REALIZAÇÃO DE TESTES: BRASIL FICA PARA TRÁS

A plataforma Our World in Data mostra que o Brasil está em 139º lugar no ranking de testes diários realizados por 1.000 pessoas. Chipre, Áustria, Grécia, Emirados Árabes e Dinamarca lideram o top 5.

O New York Times diz que, nos EUA, a retomada de eventos e festas depois de quase 2 anos de pandemia tem esgotado testes rápidos de antígenos em farmácias e em postos de saúde. Aqui, o comportamento deve ser diferente, já que governos federal e municipais não subsidiam a testagem em massa, tampouco exigem exames prévios para entrada em eventos.
Fonte: Poder 360.