O coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, o pesquisador Oswaldo dos Santos Lucon, pediu demissão nesta 3ª feira (2.nov.2021). A decisão foi tomada 3 dias depois do início da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). O comitê orienta o governo sobre políticas climáticas do país.
“Eu decidi sair porque já estava na hora“, disse Lucon ao Poder360. O pedido de demissão foi realizado por e-mail e confirmado em ligação ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. Segundo o pesquisador, a resposta do ministro foi: “Se está decidido, está decidido“. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia nomeado Lucon para o cargo em maio de 2019.
O pesquisador está em Glasgow, na Escócia, onde a COP26 é realizada. “Estou aqui com uma credencial neutra, de cientista“, declarou. Ele é integrante do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), organização científica que assessora os países sobre tomada de decisões sobre o clima.
Lucon afirmou que a função do fórum “é colocar em contato o governo e a sociedade“. Mas disse que não era chamado pelo governo para dialogar. Segundo ele, se esse canal de comunicação não funciona, o comitê deve ser gerenciado por outra pessoa que consiga.
A interlocução do pesquisador com o Planalto era por meio do Ministério do Meio Ambiente. Procurado pelo Poder360, o órgão não quis se pronunciar sobre a demissão. O jornal digital permanece aberto para eventuais manifestações.
O Poder360 apurou que Lucon já não estava feliz no cargo por falta de apoio e de recursos financeiros do governo ao fórum. O trabalho do comitê é voluntário, mas é necessário investimento para a realização de eventos e encontros, por exemplo. Contudo, Lucon nega que a falta de recursos tenha sido o motivo para sua saída. “Suporte financeiro nunca ocorreu, se fosse por suporte financeiro eu já teria saído“, disse.
Cláudio Ângelo, do Observatório do Clima, avalia que a saída dele demorou. “Lucon sempre foi bom demais para esse governo“, afirmou. Ele disse que o pesquisador nunca foi ouvido pela gestão de Bolsonaro.
“O governo tinha desprezo total pelo fórum, deixou o Lucon sem apoio e sem recursos“, declarou Cláudio Ângelo. Segundo ele, o antecessor no cargo, Alfredo Sirkis, tinha boa relação com o ministro do Meio Ambiente do governo Temer, Sarney Filho, conseguindo apoio. “Salles [antigo ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro] nunca deu esse apoio ao Lucon“, disse. O atual ministro Joaquim Leite é associado a uma continuação da gestão de Ricardo Salles da pasta.
Fonte: Poder 360.