O ex-diretor ONS (Operador Nacional do Sistema) e ex-secretário executivo do MME (Ministério de Minas e Energia) Luiz Eduardo Barata afirmou, nesta 6ª feira (03.set.2021) que a possibilidade de apagões em alguns lugares do país, em outubro e novembro, é “real e bastante clara”. A declaração foi dada durante uma entrevista a um programa de rádio da TC, uma plataforma de investidores. Barata esteve à frente do ONS entre 2016 e 2020.
“A cada mês que se passa, os nossos riscos aumentam. Toda a possibilidade de oferta adicional já está considerada. E o que nós temos visto é um aumento do consumo em vez de redução do consumo. A previsão de chegarmos aos meses de outubro e novembro sem condições de atendermos a todo o consumo… é uma possibilidade real e bastante clara“, afirmou Luiz.
Para Henrique Casotti, vice-presidente de risco e regulação da consultoria Focus Energia, que também participou da entrevista, o risco do país ter apagões regionais nesses meses é grande. Mesmo com esse cenário crítico, ele diz não acreditar que o governo federal vai implementar racionamento.
“O que a gente vê nas nossas simulações é que vamos chegar ao final de novembro numa situação bastante ruim. Mesmo que comece agora a chover próximo à média [histórica], a resposta das vazões vai demorar um pouco. Provavelmente não teremos respostas significativas em outubro. Então, devemos continuar com queda de armazenamento até meados de novembro“, afirmou.
Casotti afirma também que, se a média de chuvas de verão dos últimos dez anos se repetir, a crise energética vai continuar ao longo de todo o ano de 2022. Barata tem a mesma opinião e diz que o governo deveria ter deixado mais clara a gravidade da situação para os consumidores. Ele afirma que não acredita que o programa de redução voluntária para os consumidores residenciais e o aumento da bandeira tarifária serão suficientes para reduzir a demanda por energia.
“Não podemos voltar ao passado, mas se tivéssemos tomado medidas mais rigorosas, há mais tempo, não estaríamos passando pelo que estamos passando agora. E que medidas seriam essas? Medidas restritas ao consumo residencial, que não afetariam tanto a economia, mas permitiria uma folga maior dos nossos reservatórios“, afirmou Barata.
Fonte: Poder 360