
Prestes a assumir a Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (sem partido), o senador Ciro Nogueira é defendido na esfera criminal por Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay — franco opositor do capitão — em um desses encontros que o microcosmo de Brasília é pródigo em promover.
“Advogado não deve entrar nessas questões político-partidárias”, afirma Kakay, que defendeu quatro ex-presidentes da República, dezenas de governadores e já chegou a ter, só no Congresso, mais clientes do que as bancadas de alguns partidos.
Bolsonaro, porém, teria dificuldade em contar com os serviços do advogado: além de ter apontado a prática de crimes de responsabilidade, Kakay é signatário do “superpedido” de impeachment, protocolado na Câmara e que aponta lista 23 crimes que teriam sido cometidos pelo presidente.
“Defender o Ciro não diminui em nada a minha completa oposição ao governo Bolsonaro. Um governo que faz ode à morte, que é contra os direitos das mulheres e das minorias. É algo inacreditável um homem [Bolsonaro] que elogia a tortura”, diz Kakay. “Embora a gente não possa banalizar o instituto do impeachment, Bolsonaro tornou-se um serial killer”, acrescenta.
Com as portas abertas para assumir a Casa Civil, Ciro Nogueira é alvo de três inquéritos no Supremo Tribunal Federal por supostas irregularidades apuradas na operação Lava-Jato — Kakay argumenta pela improcedência de todos. Da mesma forma, ele não se diz preocupado com eventual ataque de apoiadores de Bolsonaro para comprometer seu trabalho junto ao futuro ministro. “Por mais que as redes bolsonaristas tenham força junto ao Ciro, a minha advocacia técnica tem mais. Não haverá força nenhuma que possa abalar porque a minha defesa é 100% técnica.”
Fonte: Veja