Sem Israel, Brasil vende ao Oriente Médio US$ 14,2 bi em 2018, apontam dados do governo

Países do Oriente Médio, sem contar Israel (Emirados Árabes, Turquia, Egito, Arábia Saudita, Irã, Palestina, Bahrein, Catar, Chipre, Iêmen, Jordânia, Kuwait, Líbano e Omã e Síria), importaram US$ 14,223 bilhões do Brasil em 2018, segundo dados do Ministério da Economia. Esse valor representou 5,92% de todas as vendas externas do país no ano passado (US$ 239,889 bilhões). Somente para Israel, o Brasil exportou US$ 321 milhões no ano passado.

Neste fim de semana, em visita oficial a Israel, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, após se reunir com o premiê Benjamin Netanyahu, a abertura de um escritório comercial do governo brasileiro em Jerusalém, cidade considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos e que é reivindicada por Israel, mas não reconhecida internacionalmente, como a capital do país. Segundo Bolsonaro, até o fim do mandato, em 2022, ele decidirá se, a exemplo dos Estados Unidos, o Brasil transferirá a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.

O Ministério da Agricultura e produtores de carne bovina e de frango receiam que a decisão provoque retaliação comercial de países do Oriente Médio, com efeitos nas exportações brasileiras para a região. A Arábia Saudita, por exemplo, é o maior comprador de carne de frango do Brasil.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, afirmou não acreditar que a decisão terá “efeito prático” na compra de produtos brasileiros.

“Evidente que a gente tem uma preocupação com importação e exportação de todos os países. No momento devido, a gente pode estar calculando algum impacto. Mas estou otimista que esse impacto, se ocorrer, será pouco expressivo. Não acho que será um impacto expressivo não. Estamos otimistas com relação a isso”, disse a jornalistas.

A Autoridade Palestina condenou a decisão do governo brasileiro de abrir o escritório em Jerusalém e anunciou que vai chamar de volta seu embaixador no Brasil para consultas e para estudar uma resposta à medida. Também classificou a decisão brasileira de “flagrante violação de legitimidade internacional e suas resoluções e uma agressão direta ao nosso povo e seus direitos.”

Nesta segunda-feira, o presidente Bolsonaro afirmou que a decisão não buscou “ofender ninguém”. Agora, queremos que respeitem a nossa autonomia”, disse. Ele também afirmou que os países que não concordam com a decisão tem direito de reclamar.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a decisão de abrir um escritório comercial em Jerusalém pode ser considerada “um passo intermediário” diante da “ideia inicial” do presidente Jair Bolsonaro de transferir a embaixada do Brasil em Israel.

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