Moraes manda PF identificar participantes de grupo anti-STF


O ministro Alexandre de Moraes, do STF(Supremo Tribunal Federal), determinou que a PF (Polícia Federal) identifique os participantes do grupo no Telegram “Caçadores de Ratos do STF”. A corporação também deverá analisar o teor das mensagens trocadas. O prazo é de 15 dias.

“Diante do exposto, acolho a manifestação da Procuradoria Geral da República e DETERMINO sejam os autos encaminhados ao Delegado de Polícia Federal Fábio Alvarez Shor para que, no prazo de 15 (quinze) dias, realize a análise do teor de mensagens trocadas e identifique todos os integrantes do grupo no Telegram ‘Caçadores de ratos do STF’”, escreveu o ministro. Leia a íntegra da decisão (152 kB).

O pedido para identificação dos integrantes do grupo e análise das mensagens é da PGR (Procuradoria Geral da República). A PF apontou a existência de 159 participantes do grupo.

Segundo a PF, um dos integrantes do grupo é Ivan Rejane Fonte Boa Pinto. Ele foi preso em 22 de julho por ordem de Moraes por divulgar ameaças nas redes sociais contra ministros da Corte e políticos de esquerda.

No final de julho, Moraes decretou a prisão preventiva de Ivan. O pedido havia sido feito pela PF. A corporação vê supostos crimes de associação criminosa e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Em manifestação enviada a Moraes em 19 de agosto, a vice-procuradora-geral da República Lindôra Maria Araujo disse que não é possível, neste momento, confirmar a existência de uma associação criminosa. Leia a íntegra do documento (222 KB).

“No caso concreto, a investigação não apontou quais seriam os integrantes dessa associação criminosa, tampouco a sua organização e divisão de tarefas, além de outros elementos do elo associativo”. 

“Com o aprofundamento das diligências investigativas, especialmente com a identificação dos 159 participantes do grupo de Telegram “Caçadores de ratos do STF” e respectiva análise de mensagens trocadas, tal hipótese criminal se afigura factível de ser revelada”, escreveu Lindôra.

O CASO

A PF prendeu Ivan Pinto em 22 de julho, em Belo Horizonte, por ordem de Moraes. Também determinou busca e apreensão de armas, munições, computadores e dispositivos eletrônicos e o bloqueio de suas páginas no Facebook, Twitter e YouTube.

Conforme o ministro, a Constituição não permite a utilização da “liberdade de expressão” como “escudo protetivo para a prática de discursos de ódio, antidemocráticos, ameaças, agressões, infrações penais e toda a sorte de atividades ilícitas”.

Nas redes sociais, Ivan se intitula “Terapeuta Papo Reto”. Em publicações, ele ameaça políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a deputada Gleisi Hoffmann(PR), presidente do PT.

Eu vou dar um recado para a esquerda brasileira, principalmente pro Lula: o desgraçado põe o pé na rua, que nós vamos te mostrar o que nós vamos fazer com você, seu vagabundo do caralho, picareta, filho da puta. Anda com segurança até o talo, que nós da direita vamos começar a caçar você, essa Gleisi Hoffmann, esse Freixo frouxo do caralho”.

Ivan também xingou ministros do STF e disse que vai “pendurar” os magistrados de “cabeça para baixo”.

Mas principalmente esses vagabundos do STF. Se eu fosse você, Barroso, Fux, Fachin, Moraes, Lewandowski, Mendes, eu ficava nos Estados Unidos, em Portugal, na Europa, na puta que te pariu. Até vocês duas, vadias, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Sumam do Brasil. Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo. Vocês são vendidos. Essa agenda mundial gay, escrota, de ideologia de gênero, não vai ser aplicada no Brasil. Nós brasileiros, cidadãos de bem, não toleramos gente escrota como vocês.

O vídeo com os trechos foi publicado em 8 de julho no YouTube. É o mais visto do canal de Ivan na plataforma, o TV Papo Reto”.

Outro vídeo no seu canal tem a seguinte descrição: “Está aberta a TEMPORADA DE CAÇA aos ministros do STF. Seja um caçador!”.

“Tá na hora do cidadão de bem, não só entrar pra dentro do STF, mas de botar pra fora desse país, pra fora, expulsar do Brasil, esses juízes corruptos e essa esquerda nefasta”, disse Ivan em outro vídeo.

 

CORREÇÃO

22.ago.2022 (15h52) – Diferentemente do que foi publicado neste post, Gleisi Hoffmann não é deputada federal pelo Rio Grande do Sul, mas pelo Paraná. O texto acima foi corrigido e atualizado.

Fonte: Poder 360.