A edição especial do Câmara Cultural – Abril Laranja já se consolidou como o maior evento pet do Rio Grande do Norte, dedicado à causa animal. O evento, promovido pela Câmara Municipal de Parnamirim, teve um início brilhante ontem (26), e a programação segue hoje com muitas atrações imperdíveis.
O primeiro dia foi marcado por uma ampla variedade de atividades, incluindo stands de expositores, vacinação antirrábica, adoção de pets, espaço para artesãs, desfile de pets e apresentações da Patrulha Canina. Além disso, o público se divertiu com as demonstrações do BPChoque e da Equoterapia. Os concursos “Nome Mais Diferente” e “Melhor Fantasia Pet” também encantaram os visitantes.
O presidente da Câmara Municipal expressou seu entusiasmo: “Estamos muito felizes em proporcionar à população de Parnamirim um evento dessa grandeza, que une conscientização, diversão e amor pelos animais. Nosso objetivo é fortalecer cada vez mais o combate aos maus-tratos”, afirmou.
O vereador Michael Borges, reconhecido defensor da causa animal, ressaltou a importância do evento: “É uma alegria imensa ver um evento desse porte, totalmente voltado para a proteção animal, sendo realizado pela Câmara Municipal. Parnamirim merece ações como essa.”
A programação do Abril Laranja continua hoje (27), com destaque para a Maratona Pet a partir das 16h, reunindo pets e seus tutores em uma grande celebração. O encerramento contará com novas apresentações da Patrulha Canina e um show especial do artista Alan Persa, prometendo muita música e diversão para toda a família.
Conheci José Adalberto Targino Araújo, há muitos anos, nas fronteiras do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Procurador do Estado no RN, Secretário de Estado da Justiça na PB, afetuoso amigo e sempre um “gentleman”, Adalberto circulava – e ainda circula – com imensa e igual fidalguia por essas duas províncias. Sou testemunha do seu trabalho ético como profissional/prático do direito e da política.
Membro das academias norte-rio-grandense e paraibana de letras jurídicas, Adalberto agora nos presenteia, a partir da sua vocação acadêmica/filosófica, com um livro deveras singular: “A ética aplicada à política e às relações sociais”. É um livro que merece ser lido. Aliás, degustado com carinho.
É um trabalho sobre a ética – na concepção aristotélica, a ciência que estuda o comportamento humano com o objetivo de alcançar o equilíbrio/virtude (“areté”) e a felicidade (“eudaimonia”) –, um saber intimamente relacionado ao direito, à política, às relações sociais, à filosofia e, por que não, à literatura. O autor, que já laborou ou ainda labora como governante, promotor, procurador, acadêmico e muitas coisas mais, dela, porque também a segue fielmente, entende muito bem. Entretanto, o livro de Adalberto vai muito além do estudo tradicional da ética.
É primeiramente um delicioso passeio pela história universal. Como o autor explica, ele tem como “objetivo geral identificar as convergências e discrepâncias filosóficas e teológicas entre os filósofos desde o período pré-socrático até os filósofos considerados modernos no que concerne à ética aplicada à política e relações sociais”. Para atingi-lo, busca “compreender a ética, a política e o bem comum em Platão e Aristóteles; compreender a moral no universo cristão medieval; analisar a filosofia moral no período do Iluminismo; expor pensamentos sobre a real dimensão da ética de ordem objetiva; e analisar a crise ética da modernidade na abordagem de pensadores pós-modernos”. Ao finalizar a sua jornada, o texto bem apresenta a síntese das divergências e das convergências entre os pensamentos e os pensadores que construíram a nossa história ética.
E é sobretudo um estudo interdisciplinar pelos vários saberes da humanidade (quer algo mais academicamente contemporâneo?), visando à ampla compreensão e ao aperfeiçoamento da realidade ética que nos cerca. Para além da política, do direito, da sociologia, da filosofia (da qual a ética seria um dos seus principais temas ou ramos), o livro faz excelente uso da literatura (de ficção, para ser mais claro). Por exemplo, dois de meus autores prediletos são objeto de análise. Tolstói (1828-1910), com o seu “O Diabo”, sob o ponto de vista da moral iluminista e, bem detalhadamente, sob uma leitura kantiana. E o insuperável Shakespeare (1564-1616), com os seus “Hamlet” e “Macbeth” e, sobretudo, o seu “Rei Lear”, num mundo eticamente às avessas. Na verdade, na literatura universal, há inúmeras estórias que enfrentam e resolvem os denominados “problemas éticos”. Os grandes autores, se não filósofos, relatando a casuística da vida em linguagem mais elegante e acessível do que a linguagem dos acadêmicos, são frequentemente excelentes professores de filosofia e de ética. A partir da casuística narrada, eles tornam a coisa bem menos abstrata, mais pé no chão, mais vida vívida. E essa abordagem “literária” da filosofia, sua história e sua ética, confesso, é o que mais me encanta em “A ética aplicada à política e às relações sociais”.
Por fim, sem querer mais adiantar o conteúdo, mas para fortemente recomendar a leitura, apenas asseguro: Adalberto e o seu livro são pessoal e academicamente éticos, na precisão integral deste termo.
Marcelo Alves Dias de Souza Procurador Regional da República Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL Membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL
O prefeito de Mossoró e pré-candidato ao Governo do Estado em 2026, Allyson Bezerra, cumpriu agenda neste final de semana em Parnamirim e em outras cidades da Região Metropolitana de Natal. Sua passagem foi marcada por fortes emoções, em especial pela força de sua história de vida, que se destacou em um bate-papo descontraído, mas repleto de informações relevantes, sobretudo sobre o modelo de gestão que vem implementando na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte.
Recebido calorosamente pelos correligionários do União Brasil, Allyson foi acolhido pela vice-prefeita de Parnamirim, Kátia Pires, e pela prefeita Nilda, que juntas, fortaleceram a caravana que percorreu a terceira maior cidade do Estado. A prefeita Nilda expressou, de forma enfática, sua admiração pelo gestor mossoroense, reconhecendo seu trabalho e trajetória.
Durante a entrevista, Allyson destacou os desafios enfrentados à frente da Prefeitura de Mossoró, especialmente a necessidade de conquistar a confiança da população. Segundo ele, essa missão foi possível graças a muito trabalho, escolhas técnicas acertadas e articulação política responsável, pilares que sustentaram a transformação administrativa do município de Mossoró em seu primeiro mandato.
Após uma reeleição vitoriosa, Allyson Bezerra agora espalha esperança por todo o Estado, defendendo que é possível governar com eficiência, partindo de uma base sólida composta por fé, trabalho e compromisso real com a melhoria da vida das pessoas, especialmente daqueles que mais necessitam, realidade que ele conhece de perto.
O prefeito também acenou positivamente para o diálogo com a classe política, ao participar do quadro “Caixa Preta”. Veja mais detalhes da entrevista com Allysson Bezerra, clicando no link a seguir.
Na Catedral de Natal, fiéis fizeram orações e homenagens ao longo da semana. Imagem do papa ficou em destaque no altar| Foto: Magnus Nascimento
O Papa Francisco (1936-2025), falecido no início da semana, foi reconhecido mundialmente por promover transformações significativas na Igreja Católica durante seu papado de 12 anos. Com o conclave, que começa quinze dias após a morte para escolher o novo líder da igreja, a comunidade católica no Rio Grande do Norte e em todo o mundo aguarda com expectativa o anúncio do futuro Sumo Pontífice. Fiéis e líderes religiosos esperam que sejam mantidas características de unidade, equilíbrio e continuidade do trabalho de Francisco, com foco na liturgia e na análise da sociedade. O Papa Francisco teve uma relação especial com o RN, com ações significativas para a comunidade local ao longo de sua liderança.
Nomeado pelo Papa Francisco em julho de 2023, o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom João Santos Cardoso, nutre expectativas positivas acerca do novo papa. Ele cita que o próximo representante católico precisará manter a unidade da Igreja Católica para evitar “fragmentações” e dialogar com o mundo moderno. Dom João Santos descreve o pontificado de Francisco como uma “novidade extraordinária do Espírito Santo”, uma “primavera na Igreja” que trouxe renovada esperança, embora também tenha sido alvo de críticas e incompreensões. “A grande expectativa para aquele que for escolhido para ser o Bispo de Roma, sucessor de Pedro, é a unidade. A Igreja Católica é muito diversa, com países, continentes, culturas, línguas e ritos diferentes, além de suas histórias e identidades eclesiológicas”, disse Dom João.
Neste sentido, ele avalia que garantir essa unidade será o grande desafio do novo papa. “Essa unidade é da igreja não se fragmentar, não se dividir, por mais que tenhamos sensibilidades pastorais distintas, realidades locais e até visões eclesiológicas. É preciso uma grande ajuda do Espírito Santo para cumprir essa missão”, afirma o sacerdote.
Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal de 2011 a 2023 e atualmente arcebispo emérito, também reconhece o legado do Papa Francisco, chamando seu papado de “extraordinário”. Ele destaca a importância de o novo papa dar continuidade ao trabalho de Francisco, que se destacou pela humildade e sensibilidade, tornando-o uma referência mundial neste sentido. “O caminhar da Igreja com o Papa Francisco, diante dos desafios do mundo atual, foi visivelmente feliz, eloquente e corajoso. A missão da Igreja, liderada por Francisco, não terá retrocessos”, ressalta.
Para ele, qualquer pontífice eleito pelo conclave “com a inspiração do Espírito Santo” continuará essa missão e os testemunhos da Igreja no tempo presente. “Não acredito que tudo será começado do zero. Tenho a expectativa de que o Conclave escolherá um papa que possa dar continuidade, pelo menos, às prioridades e conquistas do papado de Francisco”, afirma Dom Jaime.
O Padre Matias Soares, da paróquia de Mirassol, teve uma experiência especial com o Papa Francisco, recebendo cartas escritas pelo próprio Pontífice em 2021, enquanto se recuperava de um grave tratamento de Covid-19. Ele se diz entusiasmado com o estilo pastoral do pontífice e o impacto que ele teve na Igreja, especialmente no mundo contemporâneo.
Além disso, Padre Matias chegou a se encontrar com Francisco e também destaca o legado Francisco, especialmente no que diz respeito às reformas e ao estilo pastoral de conduzir a igreja. “O grande desafio do próximo papa será dar continuidade às reformas que Francisco vinha implementando gradualmente. Um exemplo disso é o aumento do protagonismo das mulheres em posições estratégicas dentro da Igreja”, comenta.
Ele ainda destaca o empenho de Francisco em levar a Igreja ao encontro das periferias geográficas e existenciais, promovendo uma Igreja mais missionária. “Foi ao encontro de todos, não ficando nas suas realidades e estruturas internas, mas uma igreja que é capaz de ir ao encontro das pessoas que estão nas periferias geográficas e existenciais da história”, aponta.
Padre Matias também lembra as viagens apostólicas inéditas de Francisco a países onde nenhum papa havia estado antes, além de sua preocupação com a acolhida de pessoas LGBTQIA+ e seu empenho em demonstrar sensibilidade e humanidade em relação a essas questões. Para ele, o papado de Francisco representou um avanço significativo em várias frentes, e espera-se que o novo papa dê continuidade a esses esforços.
Potiguares participam do rito de despedida
Em Roma, dois padres potiguares participaram do rito de despedida do Papa Francisco. O Monsenhor Flávio Medeiros, natural de Acari, foi nomeado pelo pontífice como Cônego da Basílica Vaticana e está envolvido em todos os atos de despedida. Juntamente com ele, o Padre Valdir Cândido, que é pároco da Catedral Metropolitana de Natal, foi nomeado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, também participa das atividades.“Acho que a expectativa para o novo papa é que corresponda às exigências do tempo presente da Igreja para guiar a marca de São Pedro. Esperamos que a igreja não tenha esse divisor de águas, com um papa desfazendo o que o outro fez”, destaca o padre Valdir.
Ele pontua que a Igreja tem seus rituais, tradições e sua história, e busca manter essas características preservadas. “O próximo papa virá com a força e luz do Espírito Santo para nos guiar nesse tempo presente que tanto necessitamos. O mundo está polarizado. É uma realidade no mundo político e até mesmo na Igreja. É preciso um Papa que tenha um discernimento profundo de que não vai guiar no que diz respeito à polarização, mas sim ao equilíbrio e união”, sugere o padre.
Fiéis querem papa “humilde e acolhedor”
Assim como os sacerdotes, os fieis católicos também têm demonstrado suas expectativas com a escolha do novo papa. O motoboy Maurício Júnior, por exemplo, espera que haja continuidade do trabalho do Papa Francisco. “Esperamos que se dê continuidade ao que o Papa Francisco vinha fazendo, que é a questão da humildade, o acolhimento aos fiéis e aos pobres, daquilo que a igreja estava um pouco carente”, enfatizou.
Durante toda a semana, a Igreja Católica em todo o Rio Grande do Norte, assim como em outras partes do país e do mundo, homenageou o Papa Francisco. Na capital, a Catedral Metropolitana permaneceu com uma imagem do Sumo Pontífice no altar central. A aposentada Antônia Alves, 70 anos, disse que a torce para que o novo chefe da Igreja Católica seja como o Papa Francisco: humilde e que ajude a melhorar a religião, aproximando principalmente os jovens. “A humildade do Papa Francisco, a convivência dele com pobres e humildes era o que eu mais gostava”, conta.
O Papa Francisco teve uma relação especial com o Rio Grande do Norte, marcando momentos históricos para a Igreja local. Durante seu papado, canonizou os Mártires de Cunhaú e Uruaçu em 2017, reconhecendo sua importância para a fé nordestina. Em 2020, concedeu à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, em Acari, o título de Basílica Menor, a primeira do estado. Também nomeou o padre Flávio José de Medeiros Filho como cônego da Basílica de São Pedro, no Vaticano, e promoveu três bispos potiguares.
Durante a pandemia, enviou uma carta comovente ao padre Matias Soares, internado com Covid-19, demonstrando seu afeto e preocupação pela comunidade local.
O Conclave
Quinze dias após a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica dará início ao Conclave, tradicional e simbólico processo de escolha do seu novo líder. É um encontro de cardeais que foram nomeados pelo papa com menos de 80 anos. Eles se isolam no Vaticano sem acesso a telefone, internet ou qualquer contato externo, comprometendo-se com um juramento de confidencialidade.
Nesse encontro eles escolhem o novo dirigente maior da Igreja Católica. As votações ocorrem duas vezes por dia. A cada votação, as cédulas com os votos são queimadas em um forno especial. Ela será vista saindo da chaminé do telhado da Capela Sistina, onde ocorre o Conclave. Se sair preta, é sinal de que os cardeais não chegaram ao consenso de, pelo menos, dois terços necessários para o nome do novo pontífice. É quando a fumaça sai branca que o Vaticano avisa ao mundo que a igreja tem um novo papa.
Quando um cardeal é eleito, ele é questionado sobre a aceitação do cargo e, em caso afirmativo, escolhe o nome pelo qual será conhecido. Em seguida, veste as roupas papais na Sala das Lágrimas. Após esse momento, o novo papa é apresentado ao mundo do balcão central da Basílica de São Pedro, em Roma, com a tradicional proclamação em latim: “Habemus Papam!” — temos um papa.
Enquanto isso não acontece, a igreja entra em período de Sé Vacante, que é quando a sede papal está oficialmente vaga e a administração é temporariamente assumida pelo camerlengo, atualmente o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell. Ele é responsável por supervisionar a gestão do Vaticano, confirmar oficialmente a morte do pontífice e coordenar os preparativos para o Conclave.
O sábado (26) foi movimentado em Parnamirim com a realização do Dia D de multivacinação nas escolas públicas do Município. De acordo com o balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesad) foram aplicadas 2.845 doses de diversos imunizantes ao longo do dia. A prefeita Nilda Cruz acompanhou a ação e circulou em várias escolas.
O objetivo da campanha é atualizar a caderneta de vacinas das crianças, adolescentes e jovens adultos, bem como reforçar a importância da proteção com a aplicação de mais uma dose de vacina.
Foram oferecidas todas as vacinas disponíveis no calendário nacional, incluindo COVID-19, Influenza, HPV, Meningocócica ACWY e Febre Amarela. Ao todo, 27 unidades de ensino entre escolas municipais e estaduais abriram as portas neste sábado.
“Foi um dia muito importante e estamos muito satisfeitos com o resultado deste sábado. Foram mais de 2.800 vacinas aplicadas, ampliando a proteção das nossas crianças e jovens. É fundamental que a população se conscientize e busque atualizar as suas cadernetas vacinais. Vamos seguir estimulando e conscientizado a sociedade sobre a importância das vacinas”, disse a prefeita Nilda Cruz.
Ao longo da semana, a população pode se dirigir a qualquer uma das 29 salas de vacinação das unidades de saúde de Parnamirim para se imunizarem. No próximo dia 10/05, a Prefeitura vai organizar um novo Dia D de Vacinação.
Jihane Paiva diz que, com indicação estabelecida, “canetas” são alternativas eficazes para pacientes com obesidade e diabetes| Foto: Adriano Abreu
Um fenômeno de saúde e comportamento tem se disseminado entre celebridades, influenciadores e pessoas comuns que desejam perder peso de forma rápida e prática: as chamadas “canetas emagrecedoras”. O nome popular mascara a complexidade desses medicamentos injetáveis, criados para tratar diabetes tipo 2 e obesidade. Produtos como Ozempic, Saxenda, Wegovy e Monjauro estão no centro de uma corrida nacional pelo emagrecimento, enquanto especialistas alertam: não se trata de soluções mágicas, mas de medicamentos que exigem responsabilidade, prescrição médica e acompanhamento rigoroso.
A farmacêutica Eli Lilly, que desenvolve o medicamento para diabetes Mounjaro, anunciou na sexta-feira (25) que o produto vai ser lançado no Brasil oficialmente na segunda quinzena de maio, com valores a partir de R$ 1400. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento para o tratamento do diabetes tipo 2 e agora espera a avaliação da indicação de controle crônico do peso, como forma auxiliar à dieta e atividade física.
Especialistas que acompanham essa tendência em consultório relatam um aumento considerável na procura. A médica endocrinologista Jihane Paiva afirma que os tratamentos são eficazes, mas vêm sendo utilizados de forma indiscriminada, muitas vezes sem qualquer prescrição. “Temos que saber separar muito bem as pessoas que buscam esses tratamentos porque realmente têm uma condição de saúde que justifica o uso do remédio, daquelas que têm o desejo social de emagrecer”, afirma.
Na prática clínica, os resultados com uso controlado são notáveis. A substância ativa desses medicamentos, como a semaglutida (presente no Ozempic e Wegovy) e a tirzepatida (no Monjauro), imita hormônios intestinais como o GLP-1 e o GIP. Essas moléculas agem no sistema nervoso central promovendo saciedade, além de retardarem o esvaziamento do estômago. Como resultado, o paciente sente menos fome, consome menos calorias e emagrece.
Apesar da eficiência comprovada, a endocrinologista Natália Nóbrega alerta que não se deve reduzir o combate à obesidade ao uso de um único medicamento. “Na prática clínica, o manejo da obesidade envolve múltiplos pilares, como a reeducação alimentar, prática regular de atividade física, manejo de saúde mental, além do tratamento medicamentoso e, em alguns casos, até a abordagem cirúrgica”, pontua.
Natália explica que os efeitos colaterais dos medicamentos existem e podem ser agravados pelo uso sem acompanhamento médico. Entre eles, náuseas, constipação, refluxo, vômitos e, em casos graves, pancreatite, desidratação e perda de massa magra. “Por se tratarem de medicamentos relativamente novos, ainda estamos acumulando evidências sobre efeitos com o uso prolongado. Por isso, o acompanhamento médico regular com um endocrinologista é essencial”, afirma.
A popularidade das “canetinhas” cresceu de forma explosiva nos últimos dois anos, impulsionada por celebridades e influenciadores que apresentam os efeitos do uso como resultado de emagrecimento, o que, na opinião de especialistas, contribui para a banalização do tratamento. “Vejo com preocupação essa banalização. Quando utilizadas de forma inadequada, sem indicação médica ou em doses incorretas, essas medicações podem oferecer riscos, aumentando a chance de efeitos colaterais e frustrando expectativas em relação aos resultados”, ressalta Natália.
Apesar das advertências, o número de pessoas buscando os remédios ainda cresce, inclusive em contextos clínicos apropriados. Segundo a médica Jihane, muitos pacientes com obesidade ou diabetes têm finalmente encontrado uma alternativa eficaz, segura e acessível. “Lembrando que só temos uma garantia de eficácia e segurança naquelas pessoas que usam com indicação bem estabelecida”, reforça
Eficácia acontece aliada ao acompanhamento
A trajetória do empresário José Luís, de 59 anos, é um exemplo de uso responsável das canetas injetáveis. Ele estava prestes a realizar cirurgia bariátrica quando iniciou o tratamento medicamentoso com prescrição médica. “Minha endocrinologista me orientou a tentar perder 10% do peso antes da cirurgia. Comecei com a Saxenda, depois passei para o Ozempic e atualmente uso o Monjauro. Em pouco mais de dois anos, perdi quase 60 quilos”, conta.
José Luís pesava 152 kg em 2019 e se mantém com 92 kg desde 2021. A ideia era realizar a cirurgia, mas ele acabou desistindo. “O tratamento deu certo. Nunca tive efeitos colaterais, porque sempre fui acompanhado, fazia exames a cada três meses, cuidava da alimentação e da rotina. Hoje não tomo mais remédio para pressão, minha glicose está controlada. Foi uma mudança de vida”, relata.
Ele passou a usar o medicamento por necessidade, depois de ter tentado outras alternativas, como dietas. Então, aliou a medicação à pratica de exercícios físicos, como caminhadas, além do controle da alimentação, que já era relativamente equilibrada. “O medicamento tira sua fome. Você tem que estar consciente. Se tomar e comer uma feijoada, vai passar mal. Se você não comer, não vai. Não sou médico, mas acho que tomar por conta própria porque quer perder uns quilinhos não é o jeito certo”, avalia.
As endocrinologistas ouvidas nesta matéria concordam que os medicamentos são hoje um marco no tratamento da obesidade, com resultados superiores a qualquer outra abordagem medicamentosa existente até então. “Tratamento de obesidade, sobrepeso e diabetes deve ser encarado como de fato é: um tratamento médico, que necessita de acompanhamento médico regular. Precisamos sempre prezar pela saúde como um todo”, alerta Jihane.
Para Natália, é essencial que o paciente entenda que a perda de peso precisa estar ligada à manutenção da saúde e do bem-estar. “É fundamental reforçar que o tratamento da obesidade vai muito além do uso de medicamentos. A perda de peso deve ser gradual, saudável e sustentável. Sempre digo aos meus pacientes que mais importante do que a rapidez ou intensidade do emagrecimento é a manutenção do peso perdido e, principalmente, da saúde ao longo do tempo”.
No fim das contas, o tratamento com os análogos de GLP-1 e GIP é uma ferramenta efetiva — mas não é a única. Reeducação alimentar, psicoterapia, suporte nutricional, sono de qualidade e atividade física seguem sendo indispensáveis no combate à obesidade. “A mudança de estilo de vida – dieta e atividade física – é a base do tratamento de doenças como obesidade, sobrepeso e diabetes e sempre deve ser incentivada”, resume Jihane
Anvisa exige retenção de receita na compra
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu na quarta-feira (16) tornar obrigatória a retenção de receita médica na venda das chamadas canetas emagrecedoras como Monjauro, Ozempic, Saxenda e Wegovy. A partir de agora, as farmácias deverão reter o receituário no ato da compra pelo consumidor. Antes da decisão, a venda era feita somente com a apresentação da receita.
A medida foi tomada pela Anvisa durante reunião da diretoria colegiada do órgão. Por unanimidade, a agência entendeu que a retenção é necessária para aumentar o controle do uso desses medicamentos e proteger a saúde coletiva do “consumo irracional” dos emagrecedores. “É uma forma de conter a automedicação, garantir que o paciente seja avaliado por um profissional e evitar que quem realmente precisa fique sem acesso por conta da alta demanda criada artificialmente”, diz a médica Natália.
Para serem aceitas nas drogarias, as receitas deverão ter validade de 90 dias e possuírem duas vias. Os estabelecimentos deverão registrar o receituário no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). A decisão da Anvisa entrará em vigor 60 dias após a publicação da medida, que deve ocorrer nos próximos dias.
De acordo com a agência, a restrição foi aprovada após a constatação de um número elevado de eventos adversos relacionados ao uso indiscriminado dos emagrecedores. Os efeitos ocorrem principalmente em pessoas que decidiram usar as canetas apenas com finalidade estética, sem acompanhamento médico.