Com as cobranças complementares na conta de energia e a bandeira tarifária vermelha no patamar 2, aplicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), essa despesa vem gerando uma forte preocupação nas contas de consumidores em residências e empresas. Foi por isso que o aluno Paulo Ramon Oliveira, sob orientação do professor Max Chianca, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), se reuniram para desenvolver um software capaz de auxiliar profissionais a identificar caminhos para uma melhor gestão do consumo de energia. O programa já recebeu registro de proteção industrial, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O projeto “Banco de dados relacional para a modelagem computacional do setor elétrico brasileiro em sistemas de gestão de ativos energéticos” surgiu a partir da experiência de Paulo Ramon no mercado, trazendo os conhecimentos para o Mestrado Profissional do curso de Engenharia Elétrica. A ideia foi criar uma solução automatizada para cálculos complexos envolvendo consumo de energia, a partir da orientação do professor Max Chianca.
“O software foi pensado para automatizar decisões que podem reduzir custos no consumo de energia. A ideia é oferecer uma ferramenta que analise dados complexos, como medições de tensão, energia ativa e demanda, ajudando a definir a melhor estratégia de consumo”, explica o docente e orientador do projeto, ressaltando a importância diante das mudanças de consumo e de cobrança existentes no Brasil.
No acréscimo gerado pela bandeira vermelha 2 neste mês de outubro, estão sendo cobrados R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A justificativa apresentada pela ANEEL foi norteada pelo GSF (risco hidrológico) e o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), influenciados pelas expectativas de baixa afluência nos reservatórios das hidrelétricas e pela elevação do preço do mercado de energia elétrica.
Na composição do valor a ser pago no fim do mês por uma indústria ou um estabelecimento comercial, está a tarifa de demanda. Segundo Max, essa cobrança é feita pela potência máxima consumida durante um período, o que pode variar conforme o perfil de consumo, e o software ajuda a definir as melhores estratégias de uso. “Se o valor da demanda contratada for muito baixo, a empresa paga multas e, se for muito alto, o custo será maior que o necessário. O software ajuda a calcular o valor ideal, evitando gastos desnecessários ou multas por excedente”, afirma.
Outra tarifa contemplada na elaboração da plataforma foi a excedente de reativos, voltada para grandes consumidores quando o fator de potência está fora da faixa aceitável, necessitando da implementação de bancos capacitores. No entanto, essa ação não pode ser realizada sem o devido estudo. Essa é a hora que o software entra em ação para determinar o valor e o tipo correto de potência reativa que deve ser instalado.
“É uma inovação que pode acelerar e otimizar o trabalho dessas empresas, facilitando a análise e a negociação com as concessionárias de energia”, explica Max Chianca, professor e orientador do software. Para que tudo isso tenha funcionalidade em longo prazo, a plataforma precisa continuamente ser atualizada com dados do consumo do cliente.
Apesar de a UFRN ter recebido o registro de proteção industrial concedido pelo INPI no dia 8 de outubro, o engenheiro Paulo Ramon ainda avalia quais são as melhores estratégias para lançar o produto ao mercado por meio de parcerias ou diretamente com empresas interessadas.
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