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A arquitetura jurídica (II)

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

Como já disse aqui, os edifícios do Poder Judiciário são cheios de significados para a nossa compreensão do direito e da justiça. A própria ideia de edificar é um ato de poder. Significa o poder estatal e a relevância específica da atividade judicante. Ela visa tanto relembrar, rememorar, evocar e enaltecer como também instruir e inspirar. Ela busca conferir solenidade, dignidade, respeito e prestígio aos atos e às decisões ali proferidas. É um lugar sagrado onde se faz justiça, na medida em que o seu oposto, o espaço externo, seria, nas palavras de Eduardo C. B. Bittar, em “Semiótica, Direito & Arte: entre teoria de justiça e teoria do direito” (Almedina, 2020), “o reino da violência, da barbárie e da desordem”.

Mas essa é uma arquitetura – a dos palácios ou fóruns de justiça – que também constrange. Muitos dos edifícios são grandiosos, às vezes suntuosos, feitos especialmente para impressionar, admoestar, intimidar e até mesmo amedrontar. A grandiosidade e simbologia da arquitetura jurídica atua para além do nível racional. Afeta inconscientemente os nossos sentidos: o tato, a audição e, sobretudo, a visão.

Como anota Eduardo C. B. Bittar, “ao ser mergulhado na experiência de uma Court House, mensagens explícitas e mensagens subliminares são constituídas no universo dos destinatários das mensagens. E as reações são várias: admiração; reverência; espanto; medo; constrangimento; pequenez; temor; respeito; imposição”. E essa enorme carga simbólica atinge tanto seu frequentador recorrente (juízes, promotores, advogados, serventuários, policiais etc.), como o seu frequentador ocasional, o cidadão ou jurisdicionado.

Tomemos como exemplo dessa grandiosidade opressiva o Palais de Justice de Paris, o maior “templo jurídico” da França, onde, como anota François Christian Semur, em “Palais de justice de France: des anciens parlements aux cités judiciaries moderndes” (L’àpart éditions, 2012), “centenas de profissionais do direito e litigantes vão todos os dias e são circundados por prestigiosos vestígios de mais de 1000 anos de história”.

Sobre o Palais de Justice, para deixar a coisa mais lúdica, leiamos o “depoimento” do Comissário Maigret, o detetive imaginado por Georges Simenon (1903-1989). Em “Maigret no tribunal” (L&PM, 2013), ele nos confessa que a sala de audiência do Palais, embora fisicamente próxima do seu ambiente de trabalho, é outro mundo, no qual as palavras não têm o mesmo sentido que nas ruas, “um universo abstrato, alegórico, ao mesmo tempo solene e impertinente”. Acredito que aqueles que “fazem” a Justiça (juízes, promotores, advogados) já devem ter sentido essa asfixia anacrônica poeticamente descrita por Maigret/Simenon. Eu já senti. Imaginem a sensação daqueles que vão aos “palácios de justiça” ocasionalmente (partes, vítimas e testemunhas), não acostumados àquele ambiente opressor. Para eles, quanto mais rápido aquela “tortura” acabar, melhor.

E vou mais longe nessa mistura da “arquitetura jurídica” com a literatura aludindo a Kafka (1883-1924) e ao seu célebre romance “O processo”, de 1925. Na conhecida narrativa “Diante da Lei”, tem-se um camponês que pede admissão ao porteiro que está na entrada à “lei”. O porteiro recusa e responde evasivamente que o camponês poderá entrar mais tarde. Quando o humilde homem, do portão, olha para o interior da “lei”, o porteiro adverte-o de que é inútil tentar entrar sem permissão. Anos se passam. O humilde camponês envelhece. Esquece até que existem outras entradas e porteiros. Próximo de morrer, ele indaga por que, em todos aqueles anos, nenhuma outra pessoa solicitou entrada na “lei”. O porteiro responde que aquela porta havia estado aberta só para ele e que, agora que ele está morrendo, vai cerrá-la.

“Diante da Lei” é uma parábola. Ela tem um fim moral ou ensinamento de vida. Mas qual seria essa “moral da história”? Kafka deixa a resposta ao leitor. Há mil interpretações. Eu tenho as minhas. Numa delas relaciono a parábola aos “palácios da justiça”, que, na sua grandiosidade, já na “porta” do aparelho judicial, impedem o acesso dos vulneráveis à “lei”. Não enfrentamos devidamente os porteiros. Os palácios. Os nossos moinhos de vento.

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

Cauã Reymond revela que quase morreu afogado na Indonésia; confira relato

O ator Cauã Reymond usou as redes sociais para compartilhar uma experiência de quase afogamento que viveu durante uma recente viagem à Indonésia. Em um vídeo publicado no Instagram, o galã descreveu o perigo que enfrentou ao ser pego por uma correnteza forte enquanto surfava.

Segundo ele, as ondas estavam particularmente intensas no dia do incidente, com alturas variando entre 6 a 8 pés. Ele relatou que seu equipamento de surf, especificamente o “strep” (corda de segurança), estourou durante a última onda do dia, deixando-o sem prancha e em uma situação crítica.

“Foi uma roubada. Levei uma hora e meia nadando, sem prancha, para sair do mar. O mar estava muito forte e as ondas estavam batendo em mim constantemente. Tentei dar a volta e tomar uma direção mais segura, mas a correnteza estava muito forte. Acabei levando uma série de ondas na cabeça.”

O ator detalhou que sua situação só começou a melhorar após encontrar um amigo, Rafael, que também estava enfrentando dificuldades semelhantes. Juntos, eles conseguiram se acalmar e encontrar uma forma de sair da correnteza. “Quero agradecer ao Rafael, que também estava no seu primeiro surf aqui. Ele estava na mesma situação que eu e foi um verdadeiro anjo da guarda. Ajudamos um ao outro a superar esse desafio,” contou.

Por Bahia.Ba

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Crescimento de Marçal em SP ameaça planos de Tarcísio

Pablo Marçal/Instagram

A maior ameaça do terremoto Pablo Marçal não é sobre o poder da família Bolsonaro sobre o seu eleitorado, mas na capacidade de o governador Tarcísio de Freitas liderar a oposição antipetista em 2026. Desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi julgado inelegível no ano passado, Tarcísio se colocou como o herdeiro de uma oposição que juntaria o radicalismo da extrema-direita sob um rosto mais moderado. O sucesso de Pablo Marçal despedaça essa ilusão.

O projeto Tarcísio seria um bolsonarismo que come com talheres. Marçal é o retrato do bolsonarismo radicalizado, que não apenas come com as mãos, como ainda derruba a mesa. Marçal é a combinação de Bolsonaro e dos presidentes da Argentina, Javier Milei, e de El Salvador, Nayib Bukele.

O sucesso da campanha do coach de autoajuda para prefeito de São Paulo mostra que o estilo contra-tudo-que-está-aí é popular, engaja o eleitor mais radical e pode engolir uma candidatura mais comportada, como a do prefeito Ricardo Nunes. É o contrário do que Tarcísio de Freitas havia sinalizado para 2026, quando preparava uma campanha na qual o bolsonarismo radicalizado entraria com os votos, porém enquadrados sob a sua liderança. Marçal mostra que a extrema-direita não será controlada facilmente.

Sem saber como parar Marçal, os adversários foram à Justiça. Neste sábado, 24, a Justiça Eleitoral suspendeu o acesso de Marçal às suas redes sociais, o reino dominado pelo coach. Na sexta-feira, 30, começa o horário eleitoral de rádio e TV, com Nunes tendo mais de 6 minutos de propaganda por dia.

Na nova pesquisa Datafolha para prefeito de São Paulo, o candidato do presidente Lula, Guilherme Boulos, tem 23%, Marçal tem 21% e Ricardo Nunes, 19%. Isso é só a ponta do iceberg. Entre os eleitores que se dizem bolsonaristas, 46% dizem que vão votar em Marçal, ante 26% de Nunes. Entre os que votaram em Tarcísio, os que preferem Marçal subiram de 25% para 41%, enquanto os que escolhem Nunes encolheram de 41% para 28% em um mês.

A reeleição de Ricardo Nunes é essencial para o projeto presidencial de Tarcísio. Só com uma vitória em São Paulo, Tarcísio deixa de ser o poste que Bolsonaro fez eleger em 2022 e passa a ter base eleitoral. Um eventual segundo turno entre Marçal e Guilherme Boulos em São Paulo é uma derrota do governador, que permaneceria refém do ex-presidente para uma candidatura em 2026. Assim como já rompeu e se reconciliou com dezenas de aliados, Bolsonaro poderia se juntar a Marçal no futuro. Tarcísio não tem essa opção.

Não é a primeira vez que um outsider assusta o establishment paulistano. Em 12 setembro de 2012, o apresentador de TV Celso Russomanno liderava as pesquisas com 32%, com o ex-governador José Serra em segundo lugar com 20% e Fernando Haddad com 17%. Depois que os adversários mostraram que uma das propostas de Russomanno era fazer com que os passageiros de ônibus pagassem por distância percorrida, prejudicando os moradores da periferia, ele terminou a campanha em terceiro lugar.

Nos últimos dias, as campanhas de Nunes e Boulos divulgaram vários casos de envolvimento de Marçal e pessoas próximas com crimes que vão de estelionato à ligação com facções criminosas. Por enquanto, assim como aconteceu com Jair Bolsonaro em 2018, nada colou. Na sexta-feira, Marçal minimizou as acusações: “tenho a ficha mais leve (entre os candidatos)”. É uma resposta tosca, mas suficiente para uma parcela gigante do eleitorado paulistano.

Fonte: Veja

Homem é preso por importunação sexual em frente a salão de beleza em Parnamirim

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Foto: Reprodução

Homem olhava as vítimas que estavam no interior do imóvel e realizava atos impróprios repetidas vezes com órgão à mostra.

Policiais civis da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) de Parnamirim prenderam em flagrante, nesta sexta-feira 23, um homem de 41 anos, pela prática do crime de importunação sexual. A prisão foi realizada no bairro Parque Industrial, na cidade de Parnamirim.

De acordo com as investigações, a equipe policial teria tomado conhecimento de que um homem estava na calçada de um salão de beleza, olhando as vítimas que estavam no interior do imóvel. Na ocasião, o homem visualizava elas através da porta de vidro do estabelecimento, ao tempo que realizava atos impróprios repetidas vezes com órgão à mostra.

Os policiais civis realizaram diligências e localizaram o suspeito nas proximidades. O homem foi conduzido até a delegacia para os procedimentos cabíveis e, posteriormente, foi encaminhado ao sistema prisional, onde ficará à disposição da Justiça.

Agora RN

Eleições 2024: candidatos recebem cartilha com propostas da Arquidiocese de Natal

Foto: Diassis Oliveira/TV Ponta Negra

Os candidatos a prefeito de Natal participaram de um encontro com o Arcebispo Metropolitano, Dom João Santos Cardoso. No encontro, o Arcebispo entregou a cada candidato uma cartilha com propostas da Arquidiocese para o futuro prefeito da cidade de Natal, inspiradas por uma visão católica da sociedade.

Os seis candidatos à prefeitura do Natal, Carlos Eduardo Alves (PSD), Natália Bonavides (PT), Paulinho Freire (União Brasil) e Rafael Mota (Avante), Heró Bezerra (PRTB) e Nando Poeta (PSTU), compareceram ao evento.

Dentre as preocupações apresentadas na cartilha, o Arcebispo destacou a emergência social. “Nós entendemos que é o momento de dar a nossa contribuição. A igreja tem uma grande capilaridade, está presente em vários ambientes, de trazer aquilo que percebemos no nosso dia a dia: o problema da emergência social, do morador de rua e da terceira idade”, frisou.

Ponta Negra News

Linha Pirangi do Sul/Parnamirim passa a atender o centro do município

Foto: Divulgação

Os clientes que utilizam o transporte coletivo na Região Metropolitana de Natal através da linha Pirangi do Sul/Parnamirim poderão embarcar e desembarcar diretamente no centro de Parnamirim a partir deste sábado (24).

Com a mudança, a linha vai passar a atender as principais avenidas da região central de Parnamirim.

A solicitação foi feita pela empresa Litorânea, responsável pela operação. De acordo com o diretor da empresa, Almir Buonora, a alteração de itinerário vai beneficiar diversos clientes. “Essa alteração é muito importante, pois garante benefícios aos nossos clientes que saem de Pirangi do Sul para o Centro de Parnamirim, que agora vão embarcar e desembarcar diretamente no Centro”, ressalta.

“O pedido de alteração do itinerário, para que a linha também atendesse ao Centro de Parnamirim, era algo feito constantemente por nossos clientes. E agora, estamos fazendo essa implantação, levando mais comodidade a todos que utilizam a linha”, afirma Almir.

Com a mudança, o itinerário da linha passa a ser o seguinte:

Sentido PIRANGI/PARNAMIRIM
Itinerário atual / BR-101 / Av. Brigadeiro Everaldo Breves / Av. Tem. Medeiros / Av. Piloto Pereira Tim

Sentido PARNAMIRIM/PIRANGI
Av. Piloto Pereira Tim / Av. Tem. Medeiros / Av. Brigadeiro Everaldo Breves / BR-101 / Segue itinerário

Ainda de acordo com a empresa Litorânea, os clientes da linha também podem fazer a integração temporal através do RN CARD com as linhas A, B, C, P, V (da empresa Trampolim da Vitória) e Natal/São José de Mipibu (da empresa Litorânea), obtendo diversas possibilidades de trajetos pela Grande Natal.

Tribuna do Norte

Cientistas da UFRN encontram pegadas de dinossauro de 125 milhões de anos

Foto: Laboratório de Palentologia e Paloecologia/UFRN

Um grupo de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) descobriu um conjunto único de pegadas de dinossauro na região de Sousa, na Paraíba, na bacia do Rio do Peixe. O gigante que caminhou pelo local viveu há pelo menos 125 milhões de anos, e pertencia ao grupo dos Titanosauriformes, também chamados de pescoçudos.

A descoberta começou em 2022, quando estudantes de Geologia da UFRN encontraram marcas que pareciam ser de um grande dinossauro. As pegadas estão em um local conhecido como “Vale dos dinossauros”, no oeste da Paraíba. Então, a professora de Paleontologia Aline Ghilardi passou a estudar o local, e confirmou a descoberta.

Ghilardi também entendeu que o local se tratava de um novo sítio ainda não reconhecido. Posteriormente, Zarah Gomes, mestranda e orientanda de Ghilardi, analisou as pegadas em detalhes.

As descobertas foram publicadas na revista Historical Biology e revelam que o pescoçudo viveu na região há mais de 125 milhões de anos. Foram descobertas sete pegadas de cerca de 70 centímetros de diâmetro que o animal deixou para trás. Além delas, também foram descritas outras cinco pistas de animais pré-históricos ainda não identificados.

Os estudantes que descobriram as pegadas foram Ana Paula Assis, José Italo da Silva, Júlia Nunes e Rubens Mota, sob orientação do professor Michael Souto.

O conjunto de pegadas pertencente ao pescoçudo inaugura um novo iconogênero e uma nova iconespécie, a Sousatitanosauripus robsoni. Os paleontólogos chamam de iconofósseis as marcas preservadas que não são parte do corpo do ser vivo propriamente, como as pegadas. O nome escolhido faz uma homenagem a Robson Araújo Marques, que era conhecido como “o velho do rio” ou o grande “guardião do Vale dos Dinossauros”.

E como as pegadas foram preservadas por tantos anos? Gomes explica que o processo de sedimentação dos fósseis envolveu uma sequência de eventos. “As pegadas foram preservadas em um arenito fino, que era um pouco úmido, como uma planície de inundação de um rio. Essas pegadas foram soterradas posteriormente com outros sedimentos, o que preservou durante milhões de anos. Quando o local vai sofrendo muito intemperismo, essas pegadas reaparecem nos afloramentos.”

Zarah também explica que não foi possível relacionar as pegadas a uma espécie já conhecida, mas somente a um grupo mais abrangente, o de Titanosauriformes. Esse aspecto reforça o ineditismo da descoberta, que possui características ainda não registradas antes.

De acordo com as estimativas, o animal que produziu as pegadas tinha cerca de 3,3, metros de altura até o quadril, entre 12 e 15 metros de comprimento, além de pescoço e cauda longos.

Em relação às características das pegadas, os pesquisadores descobriram que o animal não tinha garras nas “mãos”, que o espaço entre as patas de lados opostos era estreito e que há diferença de tamanho entre as pegadas das “mãos” e dos “pés”.

Com esses resultados, entende-se que o animal que produziu as pegadas provavelmente fez parte de um momento intermediário na evolução dos Titanosauriformes. Ao longo do tempo, esse grupo foi perdendo as garras e ganhando passadas mais largas, para dar sustentação ao seu corpo que ficou maior.

Tribuna do Norte